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Música

Discos: Shadow Shadow

É tipo CHVRCHES mas em bom.

Riviera

INGRD

Da Suécia, terra que nos teima em maravilhar com o IKEA, o Ibrahimovic e as suas magníficas loiras chega-nos

Riviera

, disco de estreia dos Shadow Shadow, projecto a que pertence Mattias Friberg dos também nórdicos Logh e que aqui deixa de lado o post-rock para se dedicar a perspectivas mais eletrónicas. Convém fazer aqui um ponto de situação: havendo, apesar de tudo, bandas óptimas no género, ousaria dizer que não existe estilo de música mais saturado de momento que os trios ou quartetos de electro/synth/dream-pop. Ou, traduzindo por miúdos e mais especificamente, "sintetizadores com uma voz doce a cantar por cima deles". Foi esse, aliás, o motivo que fez com que eu não tivesse

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grande coisa a dizer do disco de CHVRCHES

, há alguns meses atrás: ali, tal como em todas outras bandas, o atmosférico rapidamente se tornava aborrecido e sem grandes motivos para, horas depois, nos lembrarmos do que acabáramos de ouvir.

Verifiquemos então a premissa deste Riviera. É dream-pop? É. Baseia-se naqueles sintetizadores sonhadores, arrastados e etéreos que nos levam para os mais profundos estados de transe enquanto vegetamos deitados na cama? Sim. Tem vozes femininas e/ou suaves? Sim, e sim.

Então, minha besta, em que isto se distingue de tudo aquilo a que chamas de entediante?

 A diferença é que, ao passo de que muitas dessas outras tentativas se limitam a um tímido "É ok…", aqui encontramos algo que é realmente bom. Fugindo de todas as desculpas a que as melodias atmosféricas têm direito, Riviera demonstra a ousadia de ser vibrante, dinâmico e diverso. Nem é preciso irmos muito longe, já que logo "Skull Drums", segunda faixa do disco, demonstra isso mesmo em memoráveis refrões e numa repetição de “stop wasting our time” que quase funciona como recadinho para toda essa gente de que falei e que nos aborrece de morte.

Ao longo dos seus quase 40 minutos encontramos ainda malhas sedutoras, reconfortantes e vibrantes que ora valem pelas melodias imersivas, ora nos ficam no ouvido pelos seus hooks viciantes. Riviera não estará a reinventar a roda (ou, neste caso, o sintetizador), e a espaços — muito, muito raros — até pode arriscar ser mais chatinho, mas assume valorosos méritos na forma como conquista um lugar ao sol num panorama cada vez mais idêntico e enfadonho de pop choninhas, renovando a esperança em novas surpresas ao virar da esquina.