Mamas ao léu no cerco ao parlamento

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Mamas ao léu no cerco ao parlamento

O povo unido e o peito de fora.

Eu também achei que éramos poucos

. Que não se ia passar nada, que ia pegar na bicla, voltar para casa, comer uma torrada, beber um chá e dormir. Mas o pessoal anda cada vez mais passado e a noite de segunda-feira, no cerco ao parlamento, é a prova disso. Às vezes parece que, para alguns, isto é tudo uma espécie de divertimento ou desporto violento, mas quero acreditar que para a maioria o assunto é sério. Até porque as

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shotguns

que costumam parar à frente da Assembleia da República não se parecem nada com pistolas de brincar. Este ano, na Argentina, já provei o sabor do gás pimenta, mas felizmente essa moda ainda não chegou cá.

Já toda a gente conhece a bacana que fez a capa do

Correio da Manhã

(estes também não perdoam uma…), mas acontece que eu estava mesmo lá ao lado e tive outra perspectiva da suposta tentativa de invasão. Tenho a dizer que achei valente o acto delas (e deles: também lá estavam dois putos nus). E, pela expressão que vi nos olhos de um bófia, pareceu-me estar encontrada a arma mais eficaz para lançar o pânico por entre a testosterona policial. Fora de ordinarices, espero que o fenómeno se massifique até a Merkel aparecer por aí. Depois deste momento, o jardim da Assembleia estava tomado de assalto. Ainda houve uma mulher polícia que tentou demover pacificamente o pessoal, mas a relva era de facto bem mais confortável do que os lancis do passeio cá em baixo.

As grades do lado esquerdo da Assembleia já tinham sido todas arrancadas (com a minha bicicleta lá presa) e tudo ficou calmo por uns momentos. Começou, ainda não percebi porquê, tudo a correr para o lado direito do parlamento e depois andava-se meio que de um lado para o outro. A TVI fazia um dos seus directos, o que motivou, quase imediatamente, (mais) uma chamada da minha mãe. “Sim, mãe, não se passa nada… Estão só ali uns bófias de caçadeira na mão, a olhar para mim. Mas fica descansada.”

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A seguir voltou o caos. Dois bacanos a fugir, a levarem com cerveja na cara e um pontapé ou outro — nunca me pareceu ser uma profissão assim muito inteligente a de paisana, mas eles é que sabem. Depois de descobertos, foram esconder-se por detrás das grades que ainda sobravam. Voltou, uma vez mais, tudo à normalidade e, como a noite já começava a ficar longa, alguém decidiu fazer uma fogueira. Pareceu-me boa ideia, tirando a parte de pegar fogo aos caixotes do lixo.