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Desporto

Ficha Tripla: Quem vê capas não vê corações

Algures entre as gordas e a realidade ficcionada. É este o território pisado pela Ficha Tripla.

Algures entre as gordas e a realidade ficcionada. É este o território pisado pela Ficha Tripla. Semanalmente contamos - e sobretudo inventamos - as histórias que fizeram as capas dos três diários desportivos nacionais: O Jogo, o Record e A Bola. Pelo caminho, para quem comece a ficar com a sensação de estar a apanhar gambuzinos, mostramos que quem vê capas não vê corações (seja como for, mostramos o caminho para as primeiras páginas, de 25 de Novembro a 1 de Dezembro).

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Record

A semana dos encarnados começou à moda do Orweliano "Animal Farm", onde a "Revolta" dos porcos deu, agora, lugar ao despertar da águia. Rui Costa, águia de risco ao lado e fatos de bom corte sem penas à vista, lançou o grito do Ipiranga: "Não somos passarinhos." Já Luis Filipe Vieira, como que dando um murro dizendo que isto do futebol não pode ser só boa vida, foi tratando de avisar a malta: "É um ano de mudança." O melhor é os jogadores irem exercitando os músculos, não faltarão certamente caixas de cartão e móveis para carregar estádio fora.

Depois de ter perdido a cabeça e comido como se não houvesse dia seguinte, na casa de frangos lá do bairro, Iker Casillas chegou-se à frente e "deu a cara", indo de encontro ao que Julen Lopetegui disse uns dias mais tarde, depois de uma acidentada viagem para os lados de Tondela: "Adeptos têm sempre razão." Muitos já vão sonhando em ver o técnico espanhol coberto de alcatrão e penas.

Antevendo a movimentada corrida às compras natalícias, o treinador do Sporting vai tratando de avisar: "Sou Jesus mas não faço milagres." Ainda assim, e dado o historial verde e branco no aproximar da época festiva, Jesus está mais parecido com o Pai Natal. Quanto a Bruno de Carvalho, jura a pés juntos ter descoberto a chave que estava desaparecida desde que Boloni deu de fuga em 2002: "Abrimos a porta que muitos quiseram abrir." Resta saber se não se terá enganado na morada (o futuro o dirá).

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Já de Braga chegou o momento Caras, com Paulo Fonseca a partilhar um pouco da intimidade do lar: "A minha mulher diz que sou mais bonito." Do que Rui Vitória, quis ele – e ela - dizer. Porque isto no futebol é como no provérbio: carinha laroca, no relvado levas banhoca (como acabou por se ver).

A Bola

Depois de um hiato de todo o tamanho, Octávio está de volta à ribalta futebolística. Agora, conseguindo algo que nem os jornalistas da TVI ou do Correio da Manhã conseguiram, revela que no Benfica se vive um cristianismo fundamentalista: "No Benfica deitam-se e acordam a pensar em Jesus." Também de Alvalade chega a publicação de um conto dirigido aos mais novos, que tem tudo para rivalizar com o eterno clássico Pequeno Príncipe. Fala-se aqui de "O príncipe com pés de veludo", assinado por Bryan Ruiz. Best-seller na calha?

Se no Sporting a aposta é feita na literatura, no Benfica é o cinema quem mais ordena, e logo em modo remake": "Nasceu uma estrela" aproveita o aproximar da época natalícia para voltar às salas de cinema, contando como actor principal a jovem promessa Renato Sanches. Que, veio a saber-se, está já contratado para dois novos filmes: a biografia "Bulo, uma jóia no bairro pobre" e o trepidante thriller "Pânico no ar".

Decididamente, não está fácil a vida para nuestro hermano Julen Lopetegui. Primeiro, esteve "sob fogo" em Tondela, escapando sem levar um balázio graças a um colete topo de gama; depois, foi atirado às perigosas águas do Douro junto à Ribeira e, quando tudo parecia perdido, eis que chega a intervenção divina: que nem o irreverente homem-aquático, "Casillas salva Lopetegui". Como um verdadeiro gato, o espanhol vai sobrevivendo a várias mortes, mas rumores felinos dizem que, neste momento, está já a viver a sétima e última das vidas. Quanto ao mexicano Herrera, afastado das primeiras opções do técnico, vai-se entretendo a falar do que o deixa louco nas mulheres: "O mais importante é a liga."

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O Jogo

Após a primeira derrota na Champions, o que faz com que agora tenham de ir ganhar a casa do Special One, os jogadores do Porto tiveram um mais que merecido castigo: perderam o seu lugar em condomínios de luxo e tiveram de se contentar com a dura vida de viver na "Barraca". Talvez desse jeito trocar também as refeições por uma dose suplementar de vitaminas. Já em Tondela, foi preciso ir ao circo resgatar o "Brahimi ilusionista" para dar com o autocarro de regresso ao Porto que, se não fosse Casillas, teria feito a viagem de pneus furados. Já Ruben Neves, como que um cristão de olho no Paraíso, vai repetindo o mantra: "No final vamos ser recompensados." Ámen.

Cansado de ser o eco de JJ, "Octávio volta à carga", mostrando que se for preciso também sabe levantar uns pesos. Após serem enxovalhados pelos albaneses do rebéubéu pardais ao ninho, os "Leões ressuscitaram" no país da vodka, e agora até podem passar à próxima fase da competição. Uma chatice, disse JJ na conferência, ele que só tem olhos para o campeonato. Jesus que, dias mais tarde, deixou escapar a sua insuspeita e inesperada paixão pelo surf: "Que esta onda não acabe." A julgar pela fezada com que o clube está, tudo leva a crer que Alvalade se torne numa nova Nazaré. Como ontem: quando tudo – ou pelo menos dois pontos - parecia perdido, "Tonel deu uma mão."

Há quem arrombe cofres, portas ou janelas. Já Jiménez, o imaginativo avançado dos encarnados, "arrombou os oitavos", naquele que é sem dúvida alguma o maior golpe do Benfica dos últimos anos. Quanto a Rui Vitória, tratou de fazer descansar aqueles que olham para muitas das exibições do Benfica como uma verdadeira comédia: "Não há carga dramática". Que não se acabem as pipocas.