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Música

Discos: Ernest Gibson

Um compositor que age como o Predador.

Island Records

Skrot Up

Depois de uma vida inteira a expor-se das mais diversas maneiras, a canção pop esquivou-se do esgotamento ou enganou-nos a todos seguindo o caminho inverso: camuflou-se recorrendo ao lixo que foi encontrando à mão. Hoje, decorridos dez anos desde que Ariel Pink apontou para um novo velho caminho com The Doldrums, já ninguém estranha que um novo disco possa chegar às canções através da deformação e de uma estética sobejamente manhosa. Não é tanto e

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sse o caso de Ernest Gibson, neste

Island Records

, mas também aqui existe uma tendência para esconder a canção, no meio dos habituais enxertos de eco e

reverb

, deixando apenas o rabo de fora para que a nossa curiosidade não desista.

O retrato pode fazer crer que aqui temos um compositor que age como o

Predador

(o bicho dos filmes) e essa não será a ideia mais descabida para descrever as regras do jogo duro que é

Island Records

. Muitas vezes Ernest Gibson seduz-nos com a insinuação de que há uma canção algures na névoa de instrumentos pouco identificáveis, mas logo depois atinge-nos com uma marretada bem assumida na forma de percussão esmagadora ou de uma guitarra que perfura a cabeça de um lado ao outro. Nisto a música de Ernest Gibson lembra tanto o mistério violento dos discos de David Lynch e Dirty Beaches, como o coice primitivo de uns OM ou White Hills. Contudo é impossível colar a qualquer um desses o nome do autor de

Island Records

, que pode não ser bestial, mas é intrigante que se farta.