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Bruce Schneier: Há muito barulho interno quando se faz vigilância em massa. O problema é que "ligar os pontos" não é o método correto nem a metáfora certa. Num livro infantil de colorir, ligar os pontos é muito fácil porque eles são muito visíveis – todos os pontos estão na mesma página e há números em cada um deles. Tudo que você precisa fazer é mover a ponta do lápis pela página, de um ponto a outro, e pronto – o desenho está feito.Na realidade, esses "pontos" só podem ser vistos e ligados depois que coisas ocorrem – depois de cada ataque terrorista, se você preferir. Olhando depois, é fácil fazer a ligação entre, digamos, um requisito de informação vindo da Rússia, uma visita ao exterior e informação em potencial coletada em outro lugar. Assim, em retrospectiva, sabemos quem são os terroristas. Por isso podemos caçá-los, mas não impedi-los. Antes que um evento ocorra, há um número extremamente alto de "perigos humanos" em potencial, e um número ainda maior de cenários possíveis. Há variáveis demais para levar em conta e é impossível confiar num único curso potencial para os eventos.
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Vigilância em massa não é confiável por razões estatísticas, não por razões culturais ou linguísticas. Essa análise é válida para todos os países, incluindo a França.Eu estava pensando mais em termos de tamanho da população.
Isso não muda nada. Ataques podem vir de qualquer lugar. Então sim, vigilância em massa é ineficaz na França e em qualquer outro lugar.Então a criação de um satélite que possa interceptar metadados e as caixas-pretas que operadoras francesas vão receber serão inúteis?
Sim. E isso pode negar o direito à privacidade para todos.Por que a França quer adquirir esses sistemas?
Não posso falar pela França, mas tenho uma boa ideia de por que os EUA usam essas técnicas, mesmo sendo inúteis.Quando oficiais de inteligência conversam em particular, eles reconhecem que vigilância em massa é ineficaz. Mas eles veem isso como um tipo de "seguro". Eles sabem que precisam estar prontos para fazer qualquer coisa para lutar contra a ameaça terroristas, mesmo se isso implica fazer algo que, na verdade, é ineficaz.O problema é que os burocratas que tomam essas decisões não são as pessoas que vão sentir os efeitos negativos. Acho que a França está pensando o mesmo que os EUA.Você acha que essas técnicas já existem na França e que a nova lei é só uma maneira de legitimar a vigilância em massa?
Sabemos que vigilância nacional não é algo novo na França – isso vem sendo praticado há décadas. Isso só aumentou desde que começamos a usar comunicação online cada vez mais. Então sim, a França está certamente tentando legitimar algo que já existe com essa lei, com certeza, do mesmo jeito que muitos outros países estão fazendo.
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Não. Agora é um fato claro que a vigilância em massa realizada nos EUA nunca impediu um único ataque. Em muitas ocasiões, pessoas pediram que o governo justificasse seus métodos de vigilância, e ele fracassou nisso. Às vezes o governo fornece cenários e planos vagos, mas os dados não resistem a nenhum teste.Há maneiras melhores de impedir ataques terroristas, em sua opinião?
O que funciona e se provou eficaz várias vezes nos EUA é o uso de técnicas de investigação "convencionais" – seguir as pistas. No entanto, há uma ressalva importante aqui: nenhum método de vigilância ou investigação pode impedir um atirador solitário.Simplesmente não há dicas suficientes para impedir um agressor antes que ele aja em casos assim. Indivíduos como o atirador de Fort Hood, Anders Behring Breivik ou os terroristas do Charlie Hebdo na França sempre serão um problema. Intervenção precoce visando identificar e ajudar indivíduos problemáticos antes que eles se tornem assassinos é a única solução.Obrigado, Bruce.Tradução: Marina Schnoor