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Fãs da Sailor Moon são as melhores pessoas

As provas são esse monte de gifs de ‘moonies’ do International Sailor Moon Day, que rolou em 2015 em Nova York.

Fotos e gifs por Elizabeth Renstrom e Alex Thebez do Gifriends. Como muita gente que era criança no final dos anos 90, começo dos 2000, eu passava incontáveis horas assistindo o anime japonês Sailor Moon na TV depois da escola. Li todos os mangás, assisti todos os episódios que encontrei, colecionei bonecas e mochilas Sailor Moon, e tive OITO escovas de dentes Sailor Guardian. Infelizmente, os episódios que passavam na TV americana eram dublados e totalmente editados. Personagens queer eram retratados como hétero, e narrativas inteiras eram frequentemente reestruturadas ou reescritas. Se você queria ver o negócio de verdade — o original em japonês com legendas — não era moleza conseguir. Isso tudo rolou pra mim na época da internet discada, muito antes do Hulu ou Netflix, então conseguir esses episódios inalterados significava mandar um monte de fitas VHS para um cara chamado Glen no Canadá, que fazia cópias piratas para outros fãs ocidentais apenas pelo custo do envio. Claro, isso não era o trabalho real do cara, ele fazia isso simplesmente por amor à série. Quando o Kazaa apareceu, eu passava de quatro a oito horas (num dia bom) esperando por um trecho de dois minutos do desenho chegar à minha HD. Quando estava com o trecho no meu computador, eu o editava como um clipe do Aqua, Enya ou Kitaro, meus artistas preferidos quando eu era pré-adolescente. Esse nível de obsessão com o anime não é incomum. Ser um moonie hardcore significa uma devoção ao desenho que beira o patológico. Então, quando moonies se encontram na vida real, geralmente numa convenção de anime, a energia e a good vibe são palpáveis.

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Essas convenções foram a primeira vez em que muitos adolescentes dos anos 2000 viram pessoas queer e trans se expressando sem se preocupar com homofobia ou transfobia, tão comuns nos EUA na época. "Crossplay", a prática de se vestir com uma fantasia de outro gênero, era recebida com entusiasmo. Adolescentes queer podiam conversar livremente sobre o lendário par lésbico Sailor Urano e Sailor Netuno, o amor gay trágico dos vilões Kunzite e Zoicite, e as incríveis Sailor Starlights, que magicamente se transformavam de homens civis para heroínas mulheres. É bom lembrar que isso estava acontecendo ao mesmo tempo em que cristãos americanos boicotavam os Teletubbies porque um deles era roxo e levava uma bolsa. Então não acho coincidência que meus amigos mais loucos, criativos e artísticos tenham sido moonies e lembram com carinho dos dias passados no Reino da Lua. Ano passado, um bando de moonies se reuniu para celebrar esse amor de infância no International Sailor Moon Day em Nova York. Abaixo você vê uma série de gifs daquele dia, e pode assistir um curta sobre o festival e sua versão em LA aqui.

Alex Thebez é um fotógrafo e artista que mora em Nova York. Veja mais do trabalho dele aqui.

Tradução: Marina Schnoor

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