Alguns meses atrás, o dedão do meu amigo quase caiu. Tava nojento, parecia uma hemorróida. Uma das minhas colegas de trabalho quase vomitou no meu computador quando eu mostrei as fotos pra ela. Aí há alguns dias esse mesmo amigo entrou na redação e me deu um desses potinhos que médicos coletam urina com um rótulo escrito “para o Jon. Lasca de dedão que apodreceu. Com amor, Ben.”Normalmente eu não faço a mocinha, mas quando abri o potinho, senti vontade de gorfar na hora. Um pedaço de pele grande, torto e sem cor estava em cima de um algodão. Antes de conseguir colocar a tampa de volta, um cheiro de defunto ensanguentado junto misturado com o cheiro de queijo cottage invadiu minhas narinas. “Tem mais no fundo”, o Ben me disse.Tentei fazer levar o pote de volta, mas ele não levou. Me disse que era um “presentinho”. Eu fiquei enojado só por ter encostado no pote, então ele ficou lá na minha mesa até ontem a noite, quando abri o pote de novo, de estômago vazio, uma máscara médica e umas luvas amarelas de limpeza. Foi isso que eu achei.O mais importante pra lembrar quando se olha essas fotos é o cheiro terrível que emanava da carne podre de quase três meses. Aparentemente, a parte que sobrou do dedão do Ben cresceu certinha, e ele até voltou a andar de skate. Por razões que eu ainda não entendo, ele disse que não está puto com o médico por talhar seu dedão a um centímetro de cortá-lo de vez, e ele vai continuar se consultando com ele sempre que rolar algum problema podiátrico.
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