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ceca

Eles comem tudo e a culpa é do Brás

Ou como ser chef em Guimarães.

Em 2012, os rojões à minhota são cultura. Na verdade, se calhar, são as sardinhas. É que o tema do Congresso Nacional de Profissionais de Cozinha (CNPC) deste ano é o peixe. Este evento, que decorre hoje e amanhã na Fábrica ASA, faz parte da programação oficial da Capital da Cultura, sendo, por isso, imperdível. Aberto ao público em geral, o CNPC é o espaço ideal para presenciar uma black box preenchida com o cheiro a fritos, numa das mais complexas performances olfactivas que já vi neste tipo de infra-estrutura. A fábrica ASA, que normalmente se dá a demonstrações artísticas de alta envergadura, vai servir de quartel-general para apresentações gastronómicas, com oradores e performances paliativas, nas quais o ponto alto deverá ser uma demonstração de iscas de cebolada para 300 pessoas, o que toda gente sabe que é muito agradável.  Isto é uma cena incrível para aprender coisas novas, tal como Paulo Amado — um dos responsáveis pelo CNPC — frisou, em entrevista à Antena 1. O bacalhau à Brás, por exemplo, quando passou pelas mãos do chef Fausto Airoldi, deixou de ser uma receita e passou a ser uma técnica. A ideia foi retirar o bacalhau e fazer cogumelos à Brás. Uau, admirável mundo novo! Apeteceu-me, imediatamente, recriar técnicas e não receitas. É de tentar umas vieiras à minhota ou uma avestruz à Gomes de Sá. De qualquer modo, fiquem a saber que Portugal foi o segundo país a reconhecer a gastronomia como Cultura, património imaterial. Ou seja, assim sendo, é um evento a ir, como aquelas visitas à casa de um amigo para jantar em que sabem que ele vai fornecer a comida e que vocês só têm de comprar a bebida.