FYI.

This story is over 5 years old.

Noticias

Aparentemente o "tatuador confundido com nazi" era nazi

E não teve perdão na internet com o homem que foi assassinado na sexta-feira passada.
Crédito: Divulgação/Facebook

Na madrugada do último dia 21 o tatuador Ronaldo Luiz Silton Soca foi assassinado em Osasco, na grande São Paulo, por uma gangue de sete pessoas quando estava com a esposa e a cunhada na frente de um trailer de cachorro-quente. Segundo o noticiário regional WebDiário, o grupo chegou agredindo o trio portando facas, pedaços de pau e spray de pimenta. Ronaldo chegou a entrar no seu carro para ir atrás da gangue, mas foi pego em uma emboscada quando parou o carro para revidar. Morreu após desferirem golpes de pau e facadas e as duas mulheres que o acompanhavam saíram feridas. Nas reportagens, a PM disse que pode se tratar de uma briga entre gangues de punks e skinheads neonazistas, porém família e amigos de Ronaldo afirmaram que ele foi confundido com um skinhead neonazista.

Publicidade

A maior parte dos telejornais policiais levantou a bola de que Ronaldo de fato foi confundido com um nazi, porém a inocência em decifrar símbolos típicos de adeptos da ideologia acabou virando piada entre os internautas que postaram tweets caçoando das manchetes. O próprio Datena, tão versado no mundo do crime paulistano, parecia um novato de programa policial ao apresentar a manchete.

Prontamente o perfil pessoal no Facebook de Ronaldo foi vasculhado e as fotos do tatuador começaram a brotar na velocidade da luz levantando a dúvida se houve mesmo uma confusão sobre quem ele era. "Vai tarde", afirmou um dos comentaristas que achou o perfil de Ronaldo. O tatuador fazia parte de um grupo de motociclista chamado Neurose MS no qual a maioria dos integrantes, incluindo Ronaldo, trajavam coletes com a Cruz de Malta e bandeiras do estado de São Paulo, simbologia bastante usada por simpatizantes do neofascismo brasileiro.

Além disso, Ronaldo também ostentava um capacete com o símbolo da Schuztstaffel (SS) no seu estúdio de tatuagem, mais bandeiras de São Paulo e um patch da Totenkopf aparecia em camisetas e no seu colete. As tatuagens também seguiam o esquema: o martelo Mjolnir na mão, mais um símbolo da Totenkopf no peito, o logo da SS, bandeiras de São Paulo com desenhos da Revolução Constitucionalista de 1932 na cabeça e uma tatuagem na barriga que parece de um general zumbi nazista. Se Ronaldo não era neonazista, no mínimo parecia um grande fã da indumentária ideológica a ponto de achar tranquilo exibir em público uma foto sua fazendo a saudação "Heil Hitler" (acima).

A briga entre punks e neonazistas em São Paulo é histórica, ainda que nos últimos anos tenha diminuído graças ao recrudescimento nas investigações por conta das mortes violentas entre as gangues. Com a expansão das redes sociais, muitos deixaram as ruas para expressarem ideias na internet com o intuito de pararem de se expor à polícia. No entanto, em janeiro desse ano, um grupo tradicional da capital paulista deu as caras no centro da cidade espalhando cartazes antissemitas e ameaçando um rabino que questionou a intolerância.

A certeza que ficou mesmo é que o internauta brasileiro não perdoa e nem perdoará nazistas ou simpatizantes nazistas na rede mundial de computadores.

Siga a VICE Brasil no Facebook , Twitter e Instagram .