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Tecnologia

Suécia, a terra onde as mães e as filhas nascem do mesmo útero

O novo tipo de humanidade: a avó que também é tua mãe.

Aqui há uns tempos, enquanto toda a gente andava demasiado ocupada com a sua vidinha, teve lugar, na Suécia, o primeiro transplante de útero bem-sucedido. Isso mesmo, leram bem: na Suécia, a terra do arenque, dos Ace of Base e dos móveis baratos, agora é também o país que alberga um dos mais assustadores (e futuristas) avanços na biologia reprodutiva. Dez cirurgiões recolocaram os úteros de duas mães… nas suas filhas. Ou seja, algures pelo Norte da Europa, há uma senhora que está a planear ter um filho a partir do mesmo útero em que ela própria evoluiu como feto. Percebo que isto seja um milagre médico e um grande passo para os casais que não conseguem ter filhos e tal, mas também é um bocado assustador. Aparentemente, toda esta cena de fazer bebés de forma artificial é bastante repulsiva, especialmente se as palavras “placenta” ou “líquido amniótico” vos metem nojo. E vou assumir que sim. Os cientistas já têm vindo a desenvolver úteros artificiais em laboratório ao longo da última década ou assim, de forma a permitir que os casais inférteis tenham uma hipótese de ter os seus próprios humanos minúsculos que berram e choram, mas, até agora, só conseguiram reproduzir em cabras e ratos. Com humanos têm de abortar os fetos passados 14 dias porque, aparentemente, houve um puritano qualquer que fez uma lei em que diz que não é possível “semear bebés desportivamente”, ou lá o que é. Apesar disso, não deve ser preciso assim muito mais tempo para que este futuro à Hollywood se torne realidade. Há um génio qualquer que previu que, em 2074, menos de 30 por cento das mulheres terão os seus próprios bebés porque, bem, quem é que gosta de duplicar de tamanho quando pode pôr a criança a crescer numa espécie de forno, pronta a sair apenas quando estiver pronta? Cómodo. Não me entendam mal: sou completamente a favor dos avanços médicos e consigo ter empatia para com as pessoas que não conseguem ter filhos, mas tudo isto parece estar a caminhar pela estrada mais fácil, já para não falar que são dois manguitos apontados ao Darwin (que só funcionou, tipo, para todos os seres vivo, tipo, desde sempre!). É preciso fazer mais pesquisa em que a intenção não seja separar os genes maus de duas pessoas de forma a criar uma terceira cheia de genes maus. Tudo o que isto significa é que os cientistas vão ter de gastar milhares de neurónios (e de euros) para pensar em formas de manter vivos estes bebés-tanque. Devo confessar que é essa cena de “a tua avó também é tua mãe” que realmente me assusta. Ei, suecos: já alguma vez ouviram falar em adopção? Quem é que podia imaginar que um dia, enquanto raça, iríamos inventar uma cena que faz com que os filhos do/a Brangelina pareçam uma evolução moralmente superior da humanidade?