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Tecnologia

O 3nder é o app melhor conectado à mente aberta dos millenials quanto ao sexo

O aplicativo de novas experiências sexuais está crescendo rápido e acaba de ganhar um investimento de US$ 500 mil.
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Caroline e Elie, duas mulheres de 27 anos residentes do Brooklyn, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, estão em um relacionamento estável e tem considerado o sexo a três com um cara solteiro. Elas julgavam ser algo impossível – até a chegada do aplicativo 3nder.

"No nosso caso buscávamos sexo a três, então foi ótimo ter um aplicativo justamente para isso", disse Caroline, que, assim como Elie, pediu à reportagem para não ter o sobrenome revelado por causa de sua profissão. "Sexo a três com um estranho parece difícil de encontrar."

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Desde o tal encontro – na maior parte do tempo positivo – o casal expandiu seus interesses no aplicativo; agora inclui, além de homens solteiros, mulheres e casais.

"Parte do sexo a três é aventura", disse Caroline.

Enquanto aplicativos de relacionamento de nicho continuam na briga por uma fatiazinha do mercado – existe até, acredite, um app para encontros em aviões chamado Wingman –, o 3nder tem explorado a mente cada vez mais aberta da geração millenial, criando uma reputação de ferramenta discreta para quem busca novas experiências sexuais.

O 3nder parece estar em sintonia com uma nova onda de pensamento sexual positivo

O que começou como um experimento social de seu fundador, o búlgaro Dimo Trifonov, virou uma ferramenta popular para conhecer gente. O aplicativo foi lançado no Reino Unido em julho de 2014 com uma lista de espera de 60.000 usuários. Desde então, seu uso expandiu para partes dos EUA, especialmente Nova York e Califórnia, e hoje conta com mais de 700.000 usuários de acordo com a empresa. Não é nenhum Tinder – cujas estimativas chegam à casa dos 50 milhões de usuários –, mas o ritmo de crescimento é acelerado. A empresa afirma chegar aos 17.000 novos downloads semanais sem marketing (e mesmo sem uma versão Android do aplicativo, que deve chegar às lojas até dezembro).

O setor de tecnologia não deixou o crescimento do 3nder passar batido. Na segunda-feira, a empresa anunciou um investimento de 500.000 dólares por parte de dois investidores-anjo. De acordo com nota à imprensa:

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O 3nder, anteriormente conhecido como o aplicativo do sexo a três, está expandindo para servir seu propósito verdadeiro.

Nossa percepção de amor está evoluindo para além das normas sociais. O 3nder ajuda solteiros e casais a descobrirem suas sexualidades, longe das pressões da sociedade. É um lugar em que humanos não precisam seguir as regras artificiais de uma moralidade em processo e envelhecimento. Ele oferece a casais e solteiros curiosos um espaço para mostrarem seus verdadeiros eus, explorarem suas sexualidades e descobrir gente que pensa parecido.

O 3nder parece estar em sintonia com uma nova onda de pensamento sexual positivo. Uma pesquisa divulgada pela empresa de pesquisa de mercado britânica YouGov entre jovens de 18 e 24 anos no Reino Unido descobriu que 49% não se identificavam como completamente heterossexuais. Neste grupo, 43% não se dizia nem completamente gay ou hetero de acordo com a escala Kinsey, um sistema de classificação usado para medir graus de heterossexualidade e homossexualidade, com 0 sendo completamente heterossexual e 6 inteiramente homossexual. Já nos indivíduos da categoria mais velha, entre 25 e 39 anos, parcos 29% se viam como algo que não totalmente hetero ou gay. Já na população geral, 72% se identificou como 100% heterossexual.

Por mais que a metodologia do estudo tenha sofrido críticas por empregar uma métrica ultrapassada, o levantamento revela que a tendência de definir rigidamente a identidade sexual de um indivíduo tem caído entre adultos mais jovens.

Há poucas semanas, a revista New York publicou matéria de capa sobre a relativa mente aberta da geração ascendente quando se trata de identidade sexual. A revista fez pesquisa com mais de 700 estudantes universitários espalhados pelos EUA sobre suas vidas sexuais e, por mais que os resultados fossem muito variados, as autoras da pesquisa Lauren Kern e Noreen Malone ficaram com "uma impressão otimista sobre as diversas maneiras com que jovens exploram suas identidades e sexualidade para descobrir quem são e quem querem amar".

Trifonov, nascido em 1990, criou um aplicativo com uma queda pela escolha individual. "Todos podem decidir por si o que é certo e errado", disse. "Cria-se uma mentalidade mais aberta quanto ao mundo, não só em relação à sexualidade", disse, referindo-se ao nosso mundo em rede. "Graça a isso, as pessoas passam a aceitar o novo e o diferente. Diferente não tem mais uma conotação negativa."

Tradução: Thiago "Índio" Silva