FYI.

This story is over 5 years old.

Noticias

Um Novo Parque Aquático no Japão Onde Você Vai Poder Brincar com Golfinhos Enquanto Come a Carne Deles

Em Taiji, golfinhos com talento são poupados para trabalhar no showbiz. Os que não têm, viram filé.

Foto via.

Masaki Wada é um oficial japonês de Taiji — a cidade feliz que adora carne de golfinho, mostrada no documentário The Cove de 2009. Semana passada, ele anunciou o plano de construir um parque aquático onde todos vão poder nadar e brincar com golfinhos “enquanto degustam vários produtos marinhos, incluindo carne de baleia e golfinho”.

Aparentemente, eles estão tentando capitalizar em cima de sua fama de cercar e apunhalar milhares de golfinhos todos os anos e não estão tentando fingir que a situação é diferente. De acordo com Wada:

Publicidade

“Já usamos golfinhos e pequenas baleias como fonte de turismo na enseada onde a caça ao golfinho acontece. No verão, os banhistas já podem assistir aos mamíferos que são soltos num espaço separado. Mas planejamos fazer isso em larga escala.”

O que parece ser um gancho de publicidade, destinado a recuperar um negócio muito necessário numa nação que perdeu o interesse em saborear carne borrachuda, gordurosa e cheia de mercúrio. Também é uma grande tentativa de trolagem, visando ordenhar a raiva de milhares de ativistas para ganhar atenção mundial.

A superimposição sensual de comer charmosos mamíferos marinhos enquanto se ri de suas travessuras sempre existiu: de acordo com The Cove e algumas fotos interessantes obtidas pelo Sea Shepherds, treinadores de parques marinhos vão anualmente a Taiji para apontar aos pescadores quais golfinhos têm talento para o showbiz e devem ser poupados.

Além servir para comer e fazer espetáculos, por que outro motivo os golfinhos existem no Japão? O país já tem outros parques temáticos com shows de golfinhos treinados, incluindo o Kamogawa Sea World. E parques dessa natureza atraem a ira do Sea Shepherds não só por comprarem os golfinhos de Taiji, mas por serem lugares em geral muito escrotos para se viver quando se é um golfinho. O Sea World norte-americano também não fica isento e, ultimamente, tem sido mais uma fábrica de publicidade ruim do que qualquer outra coisa.

Publicidade

Imagem via.

Taiji tem sido o foco do ódio do mundo pelos baleeiros há tempos desde que modernizaram a indústria e a atividade perdeu seu charme.

Em outro momento da história japonesa, o declínio dos filés de golfinho como fonte confiável de renda talvez tivesse silenciado a deliberação de Taiji sobre a questão. No entanto, o desprezo atual do país por liberais, estrangeiros e liberais estrangeiros é consistente com o ressurgimento da carreira do político nacionalista Shinzo Abe, que recuperou a cadeira de primeiro-ministro recentemente com uma plataforma de reforma fiscal, ou “Abe-nomics”, e orgulho nacionalista. A retórica contra estrangeiros está em ascensão.

Numa entrevista de 2010, o prefeito de Taiji, Kazutaka Sangen, não pareceu muito simpático à opinião de não japoneses. “Vamos passar a história de nossos ancestrais para a próxima geração, vamos preservar isso. Temos um forte sentimento de orgulho. Então, não vamos mudar nossos planos baseados na crítica de estrangeiros”, ele disse.

A lógica “isso é nossa tradição” já venceu muitas discussões. Não foi por essa mesma razão que o mundo parou de interferir na prática de costumes tradicionais como a morte por honra e a mutilação genital feminina?

O ponto de vista contrário, provavelmente aquele contra qual o prefeito Sagen reagiu, é frequentemente articulado por Ric O'Barry, um treinador e defensor dos golfinhos que aparece em The Cove:

Publicidade

“Não há outro animal, no mar ou na terra, como o golfinho. Gastamos décadas e milhões de dólares tentando nos comunicar com eles, mas eles estão sempre tentando se comunicar diretamente conosco. Ele é o único animal selvagem que conheço que salva vidas humanas — não poucas vezes, mas repetidamente através da história. Eles estão soberbamente adaptados ao oceano e fazem mesmo os melhores nadadores humanos parecerem desajeitados.”

Ric O'Barry, via.

Mas o apelo de O'Barry cai num clichê aparentemente inescapável. Quando as pessoas defendem os golfinhos, elas quase sempre fazem isso comparando os animais aos humanos (eu mesmo, por exemplo, alguns parágrafos atrás), referindo-se particularmente à sua inteligência.

Cada vez mais esse argumento parece ser falho. Um biólogo chamado Justin Gregg disse algumas semanas atrás que golfinhos são estúpidos como galinhas. Muitos dos argumentos deles se baseiam em como os golfinhos são maus. No entanto, a última vez que verifiquei, chimpanzés comem rostos e pintos no café da manhã, e eles são bem espertos. Por outro lado, os golfinhos de Taiji são encurralados por redes na superfície da água e ninguém até agora conseguiu explicar por que eles simplesmente não… hum… pulam.

Sim, porcos podem ser mais espertos do que golfinhos, mas a maioria deles ainda acaba virando bacon. Além disso, o panfleto de conservação de frutos do mar do Aquário de Monterey Bay diz que devemos evitar todas as formas de tubarão e comer muito bagre, mas não menciona nada sobre golfinhos. Deixando esses argumentos de lado, um destino turístico que exibe um animal em particular enquanto serve sua carne no restaurante é repulsivo.

@MikeLeePearl