Espalhados por estradas secundárias dos EUA, estão os restos do Armagedom. Ou o que poderia ter sido o Armagedom se a Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética tivesse esquentado.Os fantasmas do arsenal atômico do país, do desenvolvimento à implantação, estão acessíveis se você souber onde procurar: no Arizona e na Dakota do Sul, mísseis nucleares desativados ainda miram o céu; em Nevada e no Novo México, traços de testes nucleares ainda cicatrizam no deserto; e, no Tennessee e em Washington, as instalações que desenvolviam urânio e plutônio para as bombas nucleares norte-americanas juntam poeira.
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Nos próximos meses, o Serviço Nacional de Parques e o Departamento de Energia dos EUA vão estabelecer o Projeto Parque Nacional Histórico Manhattan para preservar locais antes secretos em Los Alamos, Oak Ridge e Hanford, onde cientistas correram a fim de desenvolver a primeira bomba atômica do mundo. Visitas turísticas a esses locais já são tremendamente populares, esgotando seus ingressos em questão de dias. O Serviço de Parques quer facilitar o acesso a esses pontos para acompanhar o interesse do público.Mas, em outras partes dos EUA, ruínas do Projeto Manhattan e da corrida armamentista que se seguiu continuam esquecidos. Na Dakota do Norte, um radar antimíssil em formato de pirâmide, construído para detectar um possível ataque nuclear da União Soviética, desponta na pradaria por trás de uma cerca aberta. No Arizona, um alvo calibrador de satélite, usado durante a Guerra Fria para ajudar os satélites norte-americanos a focarem suas lentes antes de espionar a União Soviética, está coberto de mato perto do estacionamento de um Motel 6. E, num parque suburbano de Chicago, onde os moradores correm e observam pássaros, lixo nuclear do primeiro reator do mundo – desenvolvido em 1942 pelo físico italiano Enrico Fermi para o Projeto Manhattan – está enterrado embaixo de um aviso dizendo "Atenção – Não Escavar".Coletivamente, todos esses locais são um lembrete visível da história nuclear dessa nação – uma época em que a ameaça do juízo final era parte da paisagem e da psique do país.
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Todas as fotos por Jim Lo Scalzo / European Pressphoto Agency.Tradução: Marina Schnoor