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Música

Entrevista - Zhema Rodero do Vulcano

Pensei em fazer uma matéria sobre a era de ouro das bandas black/death/thrash do Brasil. O resultado foi essa conversa com o herói do metal Zhema Rodero.

Imagem: Reprodução Vulcano Metal Em março, quando estávamos pensando nas matérias para a edição Especial Brasil, pensei que fazer uma matéria sobre a era de ouro das bandas black/death/thrash do Brasil seria interessante. Contatei várias bandas lendárias dos anos 80 na esperança de conseguir algumas entrevistas. Peguei os e-mails nos sites oficiais, entrei no MySpace das bandas, e até mandei um e-mail para a universidade de Belo Horizonte, onde o Wagner Lamounier do Sarcófago dá aulas de Ciências Econômicas. Mas não deu em nada. Então depois de um tempo um herói do metal, o Zhema Rodero do Vulcano, finalmente me respondeu. Em abril mandei para ele uma lista de perguntas, mas ele sumiu de novo e nunca me respondeu. Até ontem à noite.

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VICE: Em primeiro lugar, queria saber qual é a origem do Vulcano. Como vocês se conheceram?
Zhema Rodero: Estudei na mesma escola do Paulo Magrão (guitarrista original do Vulcano) e  tocávamos guitarra juntos. Em 78, 79 formamos a banda Astharot, e uns anos depois a banda Vulcano. No começo tocávamos hard-rock, tentando fazer algo parecido com Motörhead, mas nosso vocalista e nosso equipamento não eram bons o suficiente para fazer isso. Em 84, o vocalista Angel entrou na banda, então ficamos mais pesados com nosso heavy metal.

Como vocês foram recebidos pela mídia e pelo público?
Em 83 lançamos nosso primeiro disco, éramos totalmente underground–ninguém conhecia a gente. Naquele tempo tinham grandes bandas de rock que pertenciam à grandes gravadoras. O Vulvano era uma banda pequena. No fim de 1983, um jornalista famoso escreveu uma crítica sobre a gente em um dicionário de rock, então ficamos mais conhecidos na cena.

Quando vocês lançaram o Bloody Vengeancefoi bem diferente para a época. O que influenciou vocês?
Não sei exatamente, mas me arrisco a dizer que foi uma combinação de fatores, entre o estilo de tocar do Lauder (baterista), Flavio (guitarrista) e minhas composições. Tenho meu jeito de compor, que encaixava bem no estilo deles.

Já existia uma cena importante no Brasil nos anos 80 ou era tudo mais underground? Vocês, o MX, o Mutilator, o Sarcófago e o Sepultura eram todos amigos?
Tinha uma cena forte, mesmo todos nós sendo undreground. Éramos todos amigos porque sempre estávamos tocando juntos ou assistindo outras bandas tocarem em festivais. A maioria das bandas naquela época nunca tinha feito nada fora do Brasil. Poucas bandas tinham uma certa reputação, Vulcano era uma delas.

Como você se sentiu em relação ao que aconteceu com o trash metal no fim dos anos 80 e começo dos 90?
Sei que foi um momento importante para o metal. Hoje, o metal é um estilo e vai viver para sempre na história da música do mundo. Tenho orgulho em ter participado disso.

O que fez a cena black metal norueguesa ser tão influenciada pelas bandas de metal brasileiras?
É difícil explicar porque quando a cena brasileira nasceu, as políticas sociais impostas pelo governo eram muito diferentes. No Brasil a gente se revoltou contra aquela situação. Essa era uma das razões de a gente botar mais raiva no nosso som.

Para onde você vê o som indo a partir de agora?
Acho que o som do Vulcano vai ficar ultrapassado porque eu não gosto de colocar elementos modernos na música que eu faço. Faço uma música primeiramente para me satisfazer e eu sou um cara velho, então minha música vai ser velha. Queria terminar dizendo que o Vulcano esta finalizando um disco novo que vai chamar Five Skulls And One Chalice. Estamos mixando e se tudo der certo, a Cogumelo Records vai lançar em novembro.

Obrigado pela oportunidade de responder essas perguntas interessantes. Continue fazendo barulho.