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Tecnologia

​Como as Camgirls Protegem sua Privacidade na Rede

Dicas de quem vive de se expor na rede.
É assim que o Shutterstock presume ser o trampo de uma camgirl. Crédito: Shutterstock

Levante a mão aí quem paga por pornografia.

Não consigo ver daqui quantos de vocês ergueram os braços, mas presumo que não sejam muitos. Todos sabemos que o número de caras e mulheres que assinam pacotes pornôs diminui a cada ano – a pirataria sempre teve puta apelo e, de um tempinho para cá, os sites de streaming (a maioria de propriedade de uma única empresa) oferecem de graça tudo o que possamos imaginar.

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O fato é que, com todo o potencial que a web oferece, a indústria adulta acabou se tornando como quase tudo na tecnologia hoje: um pouco melhor, um pouco mais rápida e um pouco mais chata.

Daí surgiu a necessidade de um novo tipo de pornografia, uma que se aproveita da explosão da internet de alta velocidade, da hospedagem barata na nuvem e das redes sociais onipresentes: os sites de modelos de webcams.

"Camming" rola ao vivo, é interativo e empoderador para suas estrelas. Além dos shows ao vivo, elas planejam, filmam e editam seus próprios vídeos, que podem ser vendidos diretamente aos fãs. O único intermediário é o site em si.

Os shows também resolvem em parte a pirataria: gravações das performances acontecem pra caramba, mas os espectadores só têm a melhor experiência quando estão conectados ao vivo – mais ou menos como assistir a um jogo gravado de futebol ou basquete não é tão legal.

E ao desenvolver relações pessoais com os clientes ao longo do tempo, as camgirls também se beneficiam de uma verdade econômica idiossincrática: as pessoas que tem o maior acervo de seu material são as que não as prejudicariam ao espalhá-lo de graça. Exceções não faltam, mas é bem mais difícil roubar de uma pessoa do que de uma empresa sem rosto.

Em suma: camming, em comparação à pornografia tradicional, é o equivalente de Bane ao Batman: um apenas adotou a internet enquanto o outro nasceu nela e foi moldado por ela.

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Claro que, com a tecnologia moderna, vem os problemas modernos: vazamentos de informações confidenciais e trotes que envolvem a polícia, sem contar o fato de que na maioria dos sites existe uma janela de chat enorme do lado da cara da camgirl em que qualquer um com cartão de crédito pode falar o que bem entender.

Conversei com a já bem conhecida camgirl NataliaGrey, do popular site MyFreeCams, sobre como ela se mantém segura na internet. O primeiro passo, ela me disse, é proteger sua localização. Mas não para por aí. Separei abaixo os melhores trechos da nossa conversa sobre como ser uma camgirl de modo seguro.

Em essência, o trabalho de uma camgirl é fazer com que estranhos na internet passem a gostar delas

"O Pandora e muitos outros sites usam anúncios com base na localização", disse. "O Pandora deixa você escolher sua localização com um CEP, então é só colocar outro CEP qualquer. Alguns sites lidam com IP, então use um VPN [rede virtual privada]."

"Por falar em VPNs, use sempre um. Se você usa Skype, tem programas aí que mostram seu IP ao fornecer o nome de usuário."

"Listas de desejo na Amazon revelam sua cidade e é por isso que as pessoas usam caixas postais. Mesmo que você more em Nova York, onde ninguém poderia lhe encontrar só com o nome da cidade, provavelmente você deveria usar uma caixa postal. (Essa vale para quem trabalha nos EUA, claro.)"

"As pessoas podem simplesmente ligar pra Amazon ou o responsável pelo frete e descobrir pra qual endereço sua compra foi enviada se fuçarem o bastante. Não sei qual a política da empresa nesses casos, mas já aconteceu."

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"Se seu endereço verdadeiro estiver disponibilizado, certifique-se de que não há nenhum item de terceiros em sua lista e que não lhes permite acesso ao seu endereço. Eis o motivo: se não for vendido pela Amazon.com há uma chance de que eles enviem um email ao comprador com seu endereço."

"Além disso, certifique-se de não ir até sua caixa postal só. Pode ter alguém lhe esperando lá, especialmente se você divulgar o endereço de sua caixa postal e ou revelar quando irá até lá."

"O Google Voice fornece números falsos para que você possa mandar mensagens ou usar qualquer site/aplicativo que exija um telefone."

Enquanto as pessoas tiverem genitais, o pornô continuará. Mas as formas que assumirá mudarão e evoluirão. Ainda que o sexo profissional na rede se popularize, teremos que lidar com os mesmos problemas que qualquer negócio na rede.

Mas as camgirls não são pornstars típicas. Em essência, o trabalho de uma camgirl é fazer com que estranhos na internet passem a gostar delas. Então se tem alguém que aguenta o peso da fama online, pode crer que é uma camgirl.

CognoscoCuro é fã de camgirls, especialista em banco de dados canadense e entusiasta de segurança da informação amador.

Tradução: Thiago "Índio" Silva