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Quando Dalí e Disney fizeram um filme de animação juntos

O projecto que uniu estas duas grandes mentes do século XX foi começado em 1945, mas só viu a luz do dia em 2003, 14 anos depois da morte de Dalí e 37 depois de Disney partir.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma THE CREATORS PROJECT.

Se Salvador Dalí fosse vivo, teria completado 112 anos no dia 11 de Maio. Ao longo da sua carreira, o artista movimentou-se várias vezes entre o seu meio de expressão preferido, a pintura, e outros, como o cinema, em particular o mais experimental. Exemplo clássico, a sua colaboração com o cineasta Luis Buñuel, em Un Chien Andalu. Não é difícil imaginar que, hoje em dia, estaria a criar experiências de realidade virtual, como Dreams of Dalí [ver mais abaixo], produzida recentemente pelo Museu Dalí, situado em St. Petersburg, Florida.

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A sua morte, duas décadas antes do aparecimento do Oculus Rift, significa que, lá está, só podemos mesmo imaginar o que faria com a Realidade Virtual, mas não temos de imaginar o que faria com outro meio que está sempre em processo de inovação: a animação.

Dalí tinha também uma relação profissional e pessoal com Walt Disney, que não só se manifestava através de uma vasta troca de correspondência entre ambos, como - de forma ainda mais gratificante para nós - se materializou numa espantosa curta-metragem de animação chamada Destino. Basicamente, é uma espécie de vídeo musical para a canção com o mesmo nome, da autoria do compositor mexicano Armando Dominguez e interpretada por Dora Luz, e que nos presenteia com um híbrido entre os visuais selvagens e as histórias emocionantes, que são as marcas registadas de ambos os autores.

De acordo com um artigo publicado pelo The New York Times, Dalí descreveu Destino como "uma demonstração mágica do problema da vida no labirinto do tempo". Já Walt Disney disse que era "uma história simples de uma rapariga em busca do seu verdadeiro amor". A curta, todavia, não é nada mais, nada menos, senão o resultado de dois génios a brincarem com os seus meios de eleição, no pico das suas capacidades criativas.

O projecto que uniu estas duas grandes mentes do século XX foi começado em 1945, mas só viu a luz do dia em 2003, 14 anos depois da morte de Dalí e 37 depois de Disney partir. Ainda segundo as declarações de Ron Barbagallo, director do Animation Art Conservation, a produção parou quando a Disney se viu em dificuldades financeiras durante a Segunda Guerra Mundial, mas regressou quando o sobrinho de Walt, Roy E. Disney, "desenterrou" o filme, numa altura em que trabalhava para a concretização de Fantasia 2000.

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Ao produtor Baker Bloodworth foi pedido para terminar a obra, a partir das 22 pinturas e 135 desenhos que Dalí e o storyboarder John Hench tinham feito antes do interregno. Hench, já com mais de 90 anos, foi também chamado a juntar-se ao antigo assistente de Dalí à época do arranque de Destino e, quando finalmente ficou pronta, a película foi mostrada no New York Film Festival, no Telluride Film Festival e no Chicago Film Festival.

Vê a curta-metragem aqui. Acima podes ver também um excerto de Dreams of Dalí. Encontras mais informação sobre "Destino" e a colaboração entre Disney e Dalí aqui.


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