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Viagens

Sem véu: em casa de algumas mulheres sauditas

As mulheres que o véu esconde.

As mulheres perfazem 45 por cento da população da Arábia Saudita, mas, e apesar de controlarem 9,3 mil milhões de euros, é-lhes vedado o acesso a coisas que no Ocidente tomamos como garantidas: não votam nem podem conduzir e precisam de autorização escrita de um homem (geralmente o pai ou marido) para viajar para o estrangeiro ou para abrir um negócio. Daí que não seja grande surpresa que sejam caricaturadas como sombras sem cara e sem voz, pessoas que entregam o controlo sobre o seu destino. Fui convidado para este mundo, quase sempre vedado a estranhos e considerado impenetrável, e a levantar a

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e o niqab de forma a conhecer as mulheres que o véu esconde. Fawzia Akhdar, reformada do ministério da educação. "A mulher saudita é ministra, juíza, líder e mãe. Abana o mundo com uma mão e embala o filho com a outra como disse Napoleão. A maior parte do mundo não a vê assim porque a mulher saudita se cobre com o hijab e deduzem que é oprimida. Mas o contrário também é verdade. A mulher saudita é como outra mulher qualquer, talvez até mais forte porque tem que lutar o dobro." Najat Bager, antiga directora de uma escola. Hoje escreve para vários jornais e publicações online. "Os ocidentais deviam mudar a maneira como nos tratam nos média. Têm que escrever a verdade sobre as mulheres sauditas e não se centrarem apenas nos maus exemplos. Temos mulheres a trabalhar como directoras na televisão, editoras nos jornais. Não é como antigamente." Salwa Shaker, locutora de rádio. “Quando comecei a trabalhar como locutora podia-se contar quantas éramos com os dedos de uma mão — umas três ou quatro, talvez —, agora somos mais de 20. O que importa é que o rei e o governo tenham dado prioridade ao desenvolvimento das capacidades humanas, sejam elas de homens ou mulheres.” Faima Almotawa, estagiária em medicina dentária. “O mundo devia saber que nós não vivemos num deserto e não andamos de camelo. As nossas mulheres não são escravas domésticas. Nós trabalhamos, estudamos e decidimos o nosso próprio caminho. Os nossos desafios nunca tiveram a ver com o governo, mas com a cultura saudita. As pessoas não conseguem aceitar que as mulheres estejam ao mesmo nível que os homens. Ou, pelo menos, não conseguiam até agora.” Deema Barghouthi, terapeuta da fala. “As mulheres sauditas são como qualquer outra mulher no mundo. São boas esposas, ternurentas para os filhos e ambiciosas. Queremos aprender e ter uma educação melhor para servir o nosso país.”