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Estudante indígena é presa por recitar trecho do rapper Vandal

Fernanda Pataxó foi abordada por PMs no último sábado (4) na cidade de Amargosa, na Bahia, e desde então permanece na delegacia.
Foto via Facebook

A estudante da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFBR) Fernanda Pataxó, militante negra e indígena, foi presa na tarde de sábado (4) após ser acusada de injúria racial e desacato por policiais militares da cidade de Amargosa, na Bahia, segundo informações do Coletivo de Estudantes Indígenas da universidade. As acusações foram feitas por Fernanda ter recitado um trecho de uma música do rapper baiano Vandal para as PMs, “Bala e fogo nas putas!”.

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De acordo com uma nota de repúdio publicada pelo coletivo na madrugada de domingo para segunda, as policiais realizaram uma "truculenta abordagem" em Fernanda, que permanece presa na delegacia de Amargosa. "Tal acusação resulta de interpretação equivocada por parte dos PMs, pois dadas as condições étnico-raciais e de militância, ela seria incapaz de apresentar tal postura racista", fala a nota. O texto termina com uma declaração da estudante, que diz "Não sou racista, estou sendo mais uma vítima do racismo!" A VICE contatou o coletivo de estudantes, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

O rapper Vandal diz já estar sabendo do caso devido à sua "forte atuação no interior da Bahia, especialmente com a juventude", e está apurando informações para entender melhor o que aconteceu com Fernanda. "Eu não posso dizer pra você o que ela cometeu ou não cometeu, mas o importante a ressaltar é que como a gente ainda possui o perfil da verdade, do contato com o povo real, eu acho interessante aguardar pensando nela. É uma mulher indígena e militante nessa situação e precisamos ter muito cuidado", fala o músico.

A frase supostamente recitada pela estudante é da canção "Bala e Fogo", lançada por Vandal em 2015 e um grito de solidariedade ao povo periférico. "A música que a gente faz e o público que a consome são pessoas desassistidas em vários aspectos. É um circuito musical que não é agraciado pelos holofotes, só quando acontece isso que está acontecendo agora", diz o rapper.

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