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Tecnologia

Você Tem um PC Cagado? Venha Jogar Eldritch com os Meninos Grandes!

Se você é um terceiro-mundista com recursos limitados como eu, e é bem provável que você seja, você fica muito, mas muito feliz mesmo quando um jogo roda na sua carroça bichada sem necessidade de gambiarras sobre-humanas.

O universo lovecraftiano aonde a Terra e a humanidade se seguram por um fio da completa danação cosmológica causada por deuses deformados mais velhos que o tempo já serviu de base para muitos jogos, direta ou indiretamente. Um dos vovôs do gênero que depois seria conhecido como Survival Horror foi justamente fundado nesse universo amplamente conhecido pelo tipo certo de nerd como Cthulhu Mythos. Este vovô do Resident Evil que estou me referindo é o incrível Alone in The Dark, que tem algo em comum com o jogo que estou escrevendo sobre, mas não fiz nenhuma referência direta ainda, o Eldritch, o Gráfico 3D Tosco.

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Alone In The Dark de 1992 é o primeiro jogo baseado em Lovecraft e o tataravô do Resident Evil. Saca só que gráfico 3D tosco maravilhoso.

Este é seu quartel general e ponto de partida para mil e uma aventuras.

Desde sempre jogos de horror se baseiam em monstros deformados, ambientação escura e sustinhos pré-programados. Não sei se Eldritch pode ser considerado um jogo de horror na verdade, mas jogando ele você fica tenso o tempo todo achando que algum bicho vai te pegar na próxima esquina. Acontece que os monstros parecem fofos bichinhos de pelúcia e não existe nenhum evento pré-programado. Joguei até o final do que pode ser considerado a primeira “fase” do jogo, que consiste em três livros mágicos maléficos que transportam você da biblioteca, seu QG, para algum labirinto criado aleatoriamente com uns três andares até chegar à saída. O design dos níveis, apesar de ser criado aleatoriamente, é bem simples, consistindo em um mapa de 4 x 4 unidades que aparecem no mapa no canto superior direito.

Na primeira chance que tive mudei meu avatar para um negão de cavanhaque.

Primeiramente munido apenas com seus punhos, que se parecem com salsichas viena, você é jogado sem cerimônia num labirinto bizarro. Assim que você morre, e você provavelmente vai morrer muito nesse jogo, você é transportado para a biblioteca onde, além de inúmeros livros contando a história de fundo do jogo (que você provavelmente não irá ler) tem um espelho aonde você pode mudar a aparência do seu personagem, um baú para guardar a sua grana (que você perde toda ao morrer se não guardar) e três livros especiais que o transportam para as três “fases” do jogo onde rola a porrada e os sustinhos. A jogabilidade é meio padrão de jogos de tiro de primeira pessoa, mas o recomendado não é você sair dando porrada nos monstros por que assim você provavelmente vai morrer bem rápido nos níveis mais pra frente, inclusive um maldito bicho que parece um pudimzão preto me matou muitas vezes até o espertão aqui sacar que ele é indestrutível, eu joguei uma dinamite, gastei todas as minhas balas, dei 400 facadas até ele me dar duas lambadas na cachola e me mandar pro além.

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O Pudim Preto Da Morte (atravessando o cenário) segundos antes de me aniquilar inexoravelmente.

Você vai ver bastante essa janelinha (não me pergunte o que quer dizer o simbolo do Twitter).

Além da obvia comparação do jogo com o indie game mais mainstream do mercado, Minecraft, Eldritch pega referência de outros jogos alternativos como Spelunky, especialmente na mecânica das lojas e da possibilidade de você sair na mão com o dono da espelunca e sair com os bolsos carregados de suas mercadorias. Assim como em Spelunky, você provavelmente vai se dar bem mal se tentar matar o vendedor. Aliás, assim como Spelunky, Eldritch é bem no estilo roguelike onde você tenta desesperadamente chegar nos níveis mais baixos dos calabouços para no destino final. Aliás, se você não faz ideia do que é Spelunky segue esse link, baixa essa porcaria e jogue AGORA.

Olá, caras!!! Fofinhos né? Matei todos eles depois de tirar esse printscreen.

Uma coisa que joga muito a favor de Eldritch é algo que parece ter sido ignorado por muitos jogos recentes, até esses indie games mais descolados com visual retrô que geralmente precisam de um computador mais decente para rodar. E o Eldritch? Meu amigo, ele tá rodando no meu Positivo cagado de cinco anos de idade sem problema algum. Esses detalhes que a galera esquece de avisar nos jogos atrapalha muito a galera aqui do Terceiro Mundo. A primeira coisa que eu sempre fiz ao saber de um jogo novo foi procurar no Google os “system requirements”, e se você é um terceiro-mundista com recursos limitados como eu, e é bem provável que você seja, você fica muito, mas muito feliz mesmo quando um jogo roda na sua carroça bichada sem necessidade de gambiarras sobre-humanas.

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No finalzinho da primeira fase eu estava me sentindo um deus dourado.

Sabe aquele sentimento de quando você com seu primo jogaram Silent Hill de PlayStation pela primeira vez? Lembra do medo, dos sustos, do terror, dos gráficos que eram espetaculares na época? Da história estranha e assustadora? Bom, Eldritch não tem nada a ver com isso, mas é curioso como um jogo destituído da maior parte dos recursos de um jogo de terror consegue deixar você tenso o tempo todo. Vale notar o trabalho de som do jogo que é muito sutil e bem feito, uma pancada na trilha sonora bem ao fundo faz você ficar mais tenso numa hora que não tá rolando nada. Eldritch no final das contas é um jogo despretensioso que pode te dar litros de entretenimento divertido. Se você, assim como eu, tem um computador cagado, estou colocando ele no topo dos jogos recentes que podem aliviar a sua ansiedade e fazer você esquecer um pouco desse mundo horrível que vivemos.

Siga o Pedro Moreira no Twitter: @pedrograca

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