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Eduardo Cunha é o primeiro réu da Operação Lava Jato no STF

Agora, o presidente da Câmara será processado pelo Supremo pelas acusações de ter cometido crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Fernando Bizerrra Jr./EPA

O presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), bem que tentou adiar o seu julgamento e também pedir mais tempo para sua defesa, mas seus protestos foram em vão. Com 10 votos a 0, a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi acolhida pelo Supremo Tribunal Federal na tarde de quarta (3), acusando Cunha de receber US$ 5 milhões em propina de um contrato de compra contratação de dois navios-sonda pela Petrobras.

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Agora, o presidente da Câmara será processado pelo crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Cunha é o primeiro a se tornar réu da Operação Lava Jato, uma das maiores investigações de corrupção no país, envolvendo mais diversos políticos e empresários.

Janot também chegou a solicitar que o deputado seja afastado do cargo aos ministros do STF, que irão julgá-lo em data ainda não definida. O próprio Cunha chegou a declarar à imprensa que continuaria exercendo o cargo mesmo após a decisão do Supremo. Ele também negou todas as acusações.

Teori Zavascki, um dos ministros do Supremo, aceitou a denúncia da procuradoria-geral dizendo que há indícios robustos de que Cunha aderiu à "engrenagem espúria".

Cunha constantemente é comparado com o personagem fictício Frank Underwood da série House of Cards, embora sua reputação política e seu gosto pela polêmica seja mais lixo tóxico do que qualquer outra coisa. Ele também deu sinal verde para a apreciação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff em dezembro.

A hipótese de Cunha ter avançado com o pedido de impeachment foi por motivações de vingança, já que o Partido dos Trabalhadores instaurou uma investigação no Conselho de Ética para apurar as acusações que o deputado mentiu em depoimento à CPI da Petrobrás ao negar a existência de contas na Suíça. Ele também está sendo acusado paralelamente pelas contas secretas no exterior, assim como outras acusações que ele aceitou subornos de R$ 52 milhões para liberar dinheiro do FI-FGTS para empresas.

Teoricamente, o julgamento do caso de Cunha desviará atenção da forte rejeição da presidente Dilma Rousseff e também do pedido de impeachment que ainda está para ser decidido para começar sua tramitação.

Porém, a prisão do publicitário de João Santana, responsável pela campanha de 2010 da presidente, o afastamento do Ministro da Justiça e forte aliado de Dilma, José Eduardo Cardozo, e também a recente delação premiada do senador da PT Delcídio do Amaral continuam fortalecer a rejeição popular e fechar o cerco político da presidente da República.

Quanto a situação de Eduardo Cunha, ele só perderá o cargo se for considerado culpado pelo Supremo Tribunal Federal ou ainda se for julgado pelo Conselho de Ética.