Este tipo adora espiar as pessoas a andar de carro

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Fotos

Este tipo adora espiar as pessoas a andar de carro

A parte fixe é que se vê de tudo.

O

Per Englund, um fotógrafo sueco que até já colaborou connosco, tem um livro novo, acabadinho de sair. Como sou do tipo de pessoa que gosta de ajudar os amigos, achei que seria uma boa falar-vos disso. O livro chama-se Passenger Seat e é basicamente o dano colateral fotográfico do facto do Per ter morado com a namorada num pequeno apartamento com vista para um semáforo. Dei uma ligadela rápida ao Per para falar sobre essas pessoas sobre as quais não sabemos absolutamente nada. A não ser, claro, que andam de carro por Estocolmo. VICE: Então, Per. Tudo? Pelo que percebi, tu e a tua namorada ficaram um bocado enjoados um do outro. Por morarem num apartamento tão pequeno. É verdade?
Per Englund: Não, nem por isso. Foi muito especial viver ali. Só que a casa era muito pequena, por isso procurei outras maneiras de aproveitar o espaço. A minha namorada também estava a trabalhar com fotografia na altura, então passámos muito tempo em casa, a trabalhar juntos, por oposição a aproveitar o tempo da maneira mais habitual, com actividades de namorados que vivem juntos e isso. Estás a falar de que tipo de actividades?
Bem, para começar não tínhamos cozinha. Aquela coisa de cozinhar juntos enquanto casal? Não existia. Ou estávamos a trabalhar ou a ver filmes. Isto durante dois anos. Isso é muito tempo. Quantas fotos tiraste de pessoas naquele semáforo?
Acho que cerca de 500, depois escolhi 30 para publicar em livro. Originalmente tirava fotos a várias coisas que aconteciam na rua, mas, quando percebi que o número de fotos a carros estava a crescer, concentrei-me só nesse aspecto. Fotografaste alguma coisa menos publicável?
Até não. Vi muitas coisas, mas nada de muito extraordinário, o que até é meio estranho considerando que fiz isto durante dois anos. Seria de esperar que apanhasse cenas mais fora. As fotos que escolhi para o livro foram seleccionadas num esforço de tornar a coisa o mais coerente possível. Perguntava-me muito sobre quem seriam estas pessoas, para onde iriam, qual seria a relação entre elas. Espero que isso se note no livro. Sabes se alguma destas pessoas te apanhou a fotografar?
Penso muito nisso. Eu era visível, dependendo da luz. Quando passo por lá, hoje em dia, olho sempre para a minha antiga janela para perceber o que é que se vê. Nunca vejo ninguém. Também acho pouco provável que as pessoas nos carros considerassem a hipótese de estarem a ser fotografadas. Nunca sentiste que estavas a fazer uma cena um bocado assustadora, ali a olhar para estranhos?
Sim. Às vezes penso como é que teria sido ser apanhado, ou o que eu sentiria se fosse eu o fotografado. Também já pensei que podia haver uma segunda pessoa a observar-me a observar. Talvez estivesse um gajo no prédio em frente a ver-me da mesma maneira que eu via as pessoas no semáforo. Era fixe se isso fosse verdade. Depois essa pessoa podia publicar um livro também, mas com as fotos da observação à tua observação!
Isso seria mesmo interessante. Não sei, às vezes tenho a sensação de estar a ser observado. Mas nunca dá para ter a certeza.

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