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Fotos

A via sacra da Cova do Vapor

Mais vale ferir a vista na Cova do Vapor do que os joelhos na Cova da Iria.

Ontem foi dia 13 de Maio, mas não te atreveste, com medo que um estagiário te roubasse o lugar, a pedir uns dias de férias ao patrão para ir a Fátima. Sofres porque tens o Senhor em ebulição dentro de ti. Não desesperes, Jesus a todos salva. Basta dares umas braçadas até à margem Sul do Tejo e percorrer a via sacra improvisada que apareceu onde o rio se transforma em mar. Não esperes pelo milagre da separação das águas, vais mesmo ter de engolir a maré em que o Marcelo Rebelo de Sousa se banhou e perceber por que é que os golfinhos deixaram de aparecer.

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Bem vindo à Cova do Vapor, um lugar tão árido que nenhuma oliveira ousa romper o solo. É a primeira praia da Costa da Caparica, cheia de vento e com casas ilegais que lembram Marrocos. É um local onde se sente a espiritualidade e a contemporaneidade urbana, como vão perceber pelas fotos. Vai até lá se quiseres ver a Luz. Isto, claro, se conseguires sequer abrir os olhos: o vento costuma levantar a areia da praia para a atirar contra a tua cara de tal maneira que se enfia na vista como petazetas afiadas. Mas o sacrifício é mesmo assim. Leva também os teus amigos e pode ser que, para o ano, a Cova da Iria abra uma filial mais a Sul. Só se tiver um GPS. Dar com isto não é fácil. Mesmo. E manifesta-se em tudo, até numa cimenteira a lixar a paisagem. Isto não é uma oliveira, mas também faz fotossíntese. E salva também todos os teus erros de gramática. Também limpa, desinfecta e deixa um agradável cheiro a limão. E vai trazer os golfinhos de volta também.