FYI.

This story is over 5 years old.

Outros

Perguntamos a Especialistas em Relações Públicas o que Fazer Quando Você É Acusado de Enfiar o Pinto na Boca de um Porco Morto

Supostamente David Cameron, o primeiro-ministro do Reino Unido, fez esse tipo de bizarrice quando estava na universidade. Sim, a imagem não sairá tão cedo de nossas cabeças.

(Foto por Guillaume Paumier via.)

Há poucas certezas nesta existência. Mas uma coisa eu sei quase com certeza: até anteontem, ninguém com alguma vontade de ser feliz na vida tinha imaginado o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, colocando o pênis dentro da boca de um porco morto.

Isso até domingo. Porque, naquela noite, o Daily Mail publicou a seguinte alegação sobre o primeiro-ministro britânico: enquanto estudava na Universidade de Oxford, Cameron fez parte de um evento de iniciação da notória Piers Gaveston Society que aparentemente envolvia inserir "uma parte privada da anatomia dele na boca do animal". E, assim, imagens – imagens horríveis e traumáticas – começaram a entrar nas nossas mentes: Cameron, com a cara vermelha e suando, olhando furtivamente para a sala em volta, cheia de garotos mais velhos sorrindo – sorrisos maus, iguais àqueles feitos por você quando está quase ganhando de alguém no Mario Kart, embora ainda precise disfarçá-lo para poder se concentrar –, ao mesmo tempo em que ele profanava o rosto imóvel do animal, sua bunda branca tensa enquanto Cameron ia para frente e para trás numa câmara sombria de Oxford. Não estamos dizendo que foi isso que aconteceu, claro – ou que qualquer coisa aconteceu. Mas isso é o que algumas pessoas estão imaginando desde então.

Publicidade

Downing Street divulgou um comunicado dizendo que "não reconhece" as alegações de Lord Ashcroft divulgadas numa biografia não autorizada do primeiro-ministro. Até agora, essa é a única resposta que eles deram. Assim, achamos que seria legal perguntar para alguns especialistas em relações públicas o que mais Cameron deveria fazer agora que está apanhando da imprensa. Sem surpresa, muitos deles não quiseram falar com a gente, provavelmente porque ter o nome da sua empresa associada a boquete de porco no Google não é um bom jeito de atrair clientes.

Mas alguns toparam, e aqui vai o que eles tinham a dizer. Começamos com Chris Rogers, chefe de relações públicas da The Whitehouse Consultancy:

"Sem comentários" pode cair bastante mal e ser visto como uma aceitação tácita das alegações. Dada a natureza das alegações feitas contra o primeiro-ministro, é importante que sua equipe divulgue uma negação com palavras fortes. Eles também vão precisa estabelecer outras acusações que podem ser feitas dentro do livro; assim, estarão prontos para responder a isso também. Mas qualquer declaração tem de ser cuidadosamente pensada. Se acontecer de mesmo parte das alegações ter algum fundamento, uma negação forte pode levar a acusações de mentira e prolongar ainda mais a história.

Depois, falei com Adam Powell, diretor sênior da Ogilvy PR. Ele nos mandou um e-mail detalhando um plano bastante abrangente:

Publicidade

Não houve uma negação absoluta desde o começo – em vez disso, uma descrição oblíqua de "não reconhecemos" foi usada, o que nunca é convincente.

O Partido Trabalhista e a mídia de esquerda vão usar o máximo possível de malícia para tentar minar Cameron e ganhar tempo para Jeremy Corby planejar seu jogo. Os próximos passos, que tenho certeza de que eles já tomaram, são, resumidamente: entender os riscos; preparar resposta; insistir em afirmações combinadas, e não dançar com outras possibilidades; blindar a história; e seguir em frente com a agenda da mídia.

Mais detalhadamente:

1) Alguém tem de falar com David Cameron e descobrir exatamente o que aconteceu e quanto de verdade há na história, se é que há alguma. Uma conversa desconfortável e difícil, mas necessária.

2) Criar um plano de resposta para os piores cenários possíveis, que podem incluir, se a história for verdade, [a possibilidade de] que existam fotos ou que outras pessoas as possam confirmar.

3) Enquanto isso, evitar responder perguntas a conta-gotas da mídia. Insistir em frases preparadas para designar o fechamento da história.

4) O tom é o mais importante de tudo. É preciso evitar parecer artificial, não ser arrogante ou ficar na defensiva.

5) Adotar a abordagem "negócios como sempre" e retratar Cameron sob a luz de primeiro-ministro. Encontrar tópicos, fotos cuidadosamente selecionadas e encontros para demostrar autoridade e liderança.

6) Retratar a história como algo muito abaixo na lista de prioridades. Também, se possível, questionar os motivos da "fonte anônima".

7) Pensar cuidadosamente em cada evento e nas fotos publicitárias, já que isso pode ser um tiro pela culatra e dar à mídia e às redes sociais a oportunidade de ridicularizar o primeiro-ministro ou reviver a história.

Isso vai ser jogado na cara de David Cameron pelo resto de sua carreira política, da mesma maneira que a foto do Bullingdon Club tem sido e sempre será. A chave é estar consciente dos riscos e planejar como fechar da melhor maneira o caso, e seguir em frente sem comprometer Cameron a curto ou longo prazo. Se fosse ele, eu estaria tentado seguir com a agenda para questões maiores sobre o futuro do país, não para eventos de 30 anos atrás.

Publicidade

Um plano abrangente. Finalmente, conversei com Terence Fane-Saunders, presidente da Chelgate Public Relations. Ele me disse:

Cameron não devia ter usado "não reconheço" como resposta. Está bem estabelecido que essa é uma contorção de relações públicas usada por alguém que não vai conseguir te olhar nos olhos e dizer que isso é um monte de mentiras.

A melhor estratégia seria dizer o mínimo possível. Deixar a mídia, os oponentes políticos e outros se divertirem. Isso vai passar. Talvez não em sete dias. Talvez em 70. A impressão que vai ficar é que Cameron eram bem selvagem quando estudante. Quer dizer, graças a Deus! Pensar que ele sempre foi esse tipo limpinho e perfeito seria muito deprimente. Muitos fizeram coisas selvagens, de mau gosto e estúpidas na universidade. Aí crescemos. Esperamos ser julgados pelo que somos, não pelo que éramos.

Aí está: conselhos de um grupo de especialistas sobre o que você tem de fazer se um dia estiver na mesma posição de Cameron.

@thedalstonyears

Tradução: Marina Schnoor