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Lutadores de Feira Caipira Canadense

Eles queriam lutar com os grandes nomes, mas por enquanto estão muito felizes competindo nas ligas alternativas.

Na minha escola tinha um cara que fazia luta-livre em um lugar chamado Delf’s Martial Arts & Health Club (30 minutos ao norte de Toronto). Nunca conheci ele direito, tirando aquela vez que ele tretou com um amigo meu no sofá dos meus pais. Hoje em dia ele é um lutador em uma festa caipira e usa o nome “RJ City.” Por muitos anos ouvi falar das suas lutas, e sempre fazia planos de ir ver ele chapando uns caras bezuntados em óleo. Aí acabei assistindo àquele filme de luta-livre sobre o qual todo mundo tava falando e pensei, “Hmm, será que eles são todos caras depressivos que tem dificuldades em encontrar o amor?” Então eu finalmente fui à academia dele, onde ele gentilmente me apresentou aos seus colegas bombados e me mostrou o ringue em uma sala de fundo, depois dos elípticos e das aulas de caratê para crianças. Esses são os lutadores de festa caipira—super confortáveis, fazendo o que eles sabem fazer entre as barraquinhas de tortas caseiras e porquinhos premiados. Eles queriam lutar com os grandes nomes, mas por enquanto estão muito felizes competindo nas ligas alternativas.

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RJ City, também conhecido como RJ Skinner

Vice: Qual é seu golpe favorito?
RJ: Eu curto dar golpes baixos. Mesmo. Gosto de meter os dedos nos olhos dos caras, puxar o cabelo e enforcar. Eu sempre ponho os pés nas cordas…

Isso parece um pouco erótico.
Eu não me importo muito com os golpes. Meu personagem só que entrar lá e ganhar.

Você pega muitas gatinhas assim?
Sim, algumas minas gostam disso. Algumas são radicais. Recebo uns presentes bizarros. Uma pessoa me fez uma plaquinha de “Não Perturbe” em crochê. Fãs mandam mensagens o tempo todo e querem saber onde você está. Outra pessoa me imprimiu uma foto da última vez que eu a tinha visto—uma foto super lustrada. Esse tipo de coisa.

Qual é a idade dessas mulhers?
Idades variadas… eu diria de 25 a 50 anos? A que me vez a plaquinha de crochê é de uma idade indeterminada, digamos assim.

Qual é o seu trabalho diurno?
Eu acabei de terminar a faculdade. Tenho um diploma em Cultura e Entretenimento com uma especialização em Marketing, e eles me disseram que poderia voltar lá pra escrever minha tese. Vou escrever sobre a função ritualistica da música na luta-livre.

Então você é um lutador filósofo?
Provavelmente… o que não quer dizer muito.

Mas qual é o seu trabalho diurno?
Eu trabalho em um bar.

Onde você consegue mais minas? No bar ou lutando?
Lutando, porque no bar não deixam eu usar minha roupa apertadinha.

Você ganha as lutas normalmente?
Se você se preocupar em ganhar ou perder, então não sacou qual é. Não é um esporte. Realmente não é esporte. É uma zoação com esportes. Luta-livre vai onde o esporte não vai.

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Asylum & Burns (Os Flatliners), também conhecidos como Nick & Matt

Vice: Qual é o golpe preferido de vocês?
Burns: A gente faz muita coisa em dupla. Algumas são muito fortes--elas não tem nomes.

Como vocês entraram na luta-livre?
Asylum: Já treinávamos juntos e percebemos que muitas pessoas que têm tipos físicos parecidos acabam se vendendo dessa maneira, e nós somos parecidos. Compramos fantasias que combinavam. Queríamos ser diferentes, e isso acabou rolando pra gente. Eu comparo a gente a bandas, porque elas normalmente são responsáveis pelos próprios shows, pelo material, os contatos… Tudo isso.

Onde vocês trabalham de dia?
Burns: Eu tô tentando ser bombeiro. No momento trabalho em um restaurante, fazendo supervisão e gerenciamento. Eu fiz treinamento policial na faculdade, mas aí decidi que não queria ser policial.
Asylum: Eu sou um professor da 3ª série.

Você já ameaçou as crianças com golpes de luta-livre?
Não.

Qual foi a coisa mais nojenta que uma criança já fez?
Uma criança estava sentada no tapetinho e eu estava lendo uma história quando ela decidiu gorfar nela mesma e em todo mundo em volta. Chamei alguém pra limpar tudo. Eu não sou o tipo de professor “limpa qualquer merda.” Não gosto dessas coisas.

Haha, falou então, durão. Vocês tem fãs danadinhas de luta-live?
Burns: Aí que tá a coisa—se existem fãs danadinhas de luta-livre, elas com certeza não são o tipo de pessoa que você quer pegar. Tá me entendendo?
Asylum: Não é o tipo que você leva pra conhecer os pais.

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Como assim?
Como assim "como assim"?

Sei lá. Nunca levei ninguém pra conhecer meus pais.
Bom, se eu levasse alguém, não seria esse tipo que curte luta-livre que você acaba conhecendo. Você tá ligado. Se você tiver sorte, elas até tem alguns dentes.
Burns: A maioria das cidades onde a gente luta são bem capiais… as mulheres atraentes dessas cidades normalmente já saíram da região, então você acaba ficando com as sobras, digamos assim. Às vezes a gente até se dá bem quando saímos com as fãs depois.

Qual é a reação quando você fala que seu outro emprego é lutador?
Ou é tipo, “Que bizarro” e saem correndo, ou ficam intrigados e perguntam, “mas é tudo real?”

É tudo real?
Mas é claro que é real!

Mommy Tsunami, conhecida como Crystal

Vice: Você pega muitos caras através da luta-livre?
M.T.: Eeeeeca. Se você já foi a um show de luta-livre e deu uma olhada no público, nem vai querer… barriga de brejas, gordos, velhos suados ou moleques realmente novinhos. Não tem muita diversidade.

Golpe favorito?
A Bomba Vader. É sempre meu último golpe.

Qual seu trabalho diurno?
Sou instrutora de natação.

Qual seu nado favorito?
Nado de peito.

Você acha que o cloro faz seu cabelo ficar um pouco verde?
Sim, mas dá pra usar um shampoo anti-cloro. É caro. Na maioria das vezes eu só pinto mesmo.

Ryan.

Vice: Por que você queria ser lutador?
Ryan: Sonho de infância. Sempre quis lutar desde quando eu era criança.

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Há quanto tempo treina com esses caras?
Faz uns dois meses.

Você é ruim pra caralho?
Eu sou o primeiro a admitir que sou meio lerdo pra pegar certas coisas. Eles estão tentando se comunicar não-verbalmente comigo e a única maneira de fazer isso é estar relaxado e confiar na outra pessoa.

Você não tem um nome de luta-livre ainda?
Eu tô pensando em pegar algo que tem a ver com fogo.

Por quê?
Eu sou bombeiro—capitão de prevenção.

Qual é o maior risco de fogo?
Cozinhar sem segurança. Uma vez tinha uma família de quatro pessoas em casa com um pote de óleo no forno que pegou fogo [em um segundo] e a cozinha inteira foi pro saco.