Como Larry Clark impactou a cultura jovem

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Como Larry Clark impactou a cultura jovem

No aniversário de 74 anos do diretor de ‘Kids’, fizemos uma lista que prova por que Clark é, e sempre será, um oráculo da juventude.

Esta matéria foi originalmente publicada na iD-US .

1. Kids

Óbvio, né. Clark nos deu Kids, um filme considerado tão polêmico na época de seu lançamento, em 1995, que um crítico o chamou de "pornografia limítrofe". Mas a longevidade do filme — celebrada ano passado numa série de eventos de reunião para marcar seu 20º aniversário — ilustra como sua narrativa destruidora de tabus de sexo explícito, drogas e skate se tornou um retrato definitivo da juventude dos anos 90 em fluxo.

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2. Ele influenciou uma geração de cineastas

Muito antes do frisson com Kids, Clark era um fotógrafo celebrado cujo trabalho documentava as atividades sexuais e de drogas entre adolescentes. Ele começou em 1959, fotografando amigos injetando anfetaminas. Essas fotos se tornariam seu primeiro livro, Tulsa, lançado em 1971. Seu trabalho evoluiu depois para refletir o efeito da mídia na cultura adolescente. Não é surpresa descobrir que um diretor como Gus Van Sant foi influenciado pelas primeiras fotos de Clark — uma estética muito perceptível em seu filme de 2003 Elefante.

3. E um outro cineasta em especial

Harmony Korine era um skatista de 19 anos andando no Washington Square Park de Nova York quando notou Clark tirando fotos. Eles conversaram e Clark sugeriu que Harmony escrevesse um roteiro sobre suas experiências. Harmony levou três semanas para escrever Kids. Desde então, Harmony ganhou uma notoriedade parecida com a de Clark por filmes controversos como Vida Sem Destino, Trash Humpers e Spring Breakers.

4. Ele também apresentou Chloë Sevigny ao mundo

Harmony conheceu Chloë Sevigny no Washington Square Park em 1993, no último ano dela no colegial. Eles ficaram amigos, e por isso ela foi escalada para Kids. Sevigny estava longe de ser desconhecida na época (uma presença forte na cena de Nova York, ela inspirou uma matéria de 1994 do The New Yorker que a declarava "a garota mais legal do mundo"). Mas foi o filme de Clark que colocou Sevigny no mapa do mainstream, e o título de "garota mais legal do mundo" pegou. Ela participou de Dogville, Psicopata Americano e Garotos Não Choram, além de ser uma verdadeira musa fashion.

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5. Ele nos deu uma lição de antiestilo

Kids de Clark continua parte da apostila da moda 20 anos depois por sua aderência casual a marcas — Converse, York, Ralph Lauren — e absoluto desdém por regras de estilo.

6. Que a American Apparel seguiu

Assista ao filme, depois compre o look. As peças, estilo e propagandas igualmente explícitas da America Apparel vieram direto da cidade do Larry.

7. Ele introduziu os skatistas na festa

Você pode achar que skatistas são legais hoje, mas nem sempre eles foram considerados assim. O filme trouxe a cultura do skate para um público maior enquanto marcas como Supreme estavam tomando impulso. A Supreme tinha acabado de abrir sua primeira loja quando Kids foi lançado e a companhia contratou Gio Estevez, que recentemente disse ao Guardian: "O skate nem sempre foi legal. A gente aparecia numa festa e todo mundo fazia cara feia, tipo 'Ai, quem convidou os skatistas? Merda. Esconde a cerveja'". Trazendo a cultura do skate para o mainstream também quer dizer que Larry é responsável por "Sk8er Boi", a ode aos moleques do carrinho de Avril Lavigne de 2002. Não dá pra ter tudo na vida.

8. Ele também teve alguma responsabilidade por Skins

A garotada dos anos 2000 da série dramática transportou as drogas e sexo inconsequente de Manhattan para Bristol. Surpreendentemente, funcionou.

9. Tem também Bully

Com todo o barulho sobre Kids e Ken Park, outro filme notório de Clark que apresentava garotos fazendo asfixia autoerótica e ejaculando, o resto da obra do diretor pode passar despercebida. Bully – Juventude Violenta, baseado na história real de amigos que decidem assassinar um garoto de seu grupo depois que ele os abusa física e sexualmente, apresenta todos os tropos chocantes padrões de Clark, mas também é cru e impassível — talvez seu trabalho mais sério. O filme também mostra a principal intenção de Clark, ser real sobre o tema de um jeito que o lendário crítico de cinema Roger Ebert descreveu como "mostrando o blefe dos filmes que fingem ser sobre assassinato, mas são sobre entretenimento… Clark não é um adulto de fora objetificador, mas um artista que mergulhou em sua paisagem mental adolescente".

10. Ele é um dos maiores documentaristas da vida adolescentes

Numa entrevista para o Guardian, Clark disse que o melhor elogio que já recebeu foi de um garoto sobre Kids: "Aquilo não é um filme. Aquilo é a vida real".

Tradução: Marina Schnoor

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