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Música

Discos: Thought Forms

Positivamente primitivo e feito de um equilíbrio raro.

Ghost Mountain
Invada
8/10 Um disco de rock inspirado pela grandeza das montanhas é um pouco como o bacalhau à lagareiro: gosto bastante, mas não é para comer todos os dias. Felizmente, Ghost Mountain bateu-me à porta numa altura em que já sentia saudades de levar uma cachaporra de guitarras das antigas. E que maravilha é render os ouvidos ao ataque dos Thought Forms, trio oriundo dos confins rurais do Reino Unido, que talvez por isso percorre o shoegaze, o pós-rock e o sludge, como se esses nunca tivessem deixado a sua idade primitiva. Sim, enquanto segundo álbum, Ghost Mountain é positivamente primitivo e mesmo assim feito de um equilíbrio raro. Se de um lado da montanha se escutam grunhidos e um feedback capaz de derrubar castelos, do outro surge o encanto de sereia da voz de Charlie Romijn. Há nos Thought Forms uma faceta amarga típica dos Swans que passa depois a ser agridoce quando o trio se aproxima mais dos My Bloody Valentine ou da calma imperturbável de uns Low (escute-se “Afon”). O melhor é que o faz com dois ou três picos de inspiração e com uma noção apurada do que deve ser a narrativa de um disco. A favor dos Thought Forms há também um single cheio de garra (“Only Hollow”) e o apadrinhamento dos Portishead — Geoff Barrow edita-os na sua Invada. Ainda que esses sejam óptimos indicativos, Ghost Mountain não precisava sequer de ambos: é um disco de guitarras seguro, como se quer, e uma das boas surpresas deste ano.