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Música

Discos: Shinedoe

Martírio prolongado.

Illogical Directions

Intacto

Illogical Directions

, o terceiro longa-duração da holandesa Shinedoe, sofre de um grave problema de edição: tem muita palha espalhada ao longo de 80 minutos organizados como digressão compreensiva pela club music da Europa. Não duvidamos de que as intenções da holandesa

Chinedum Nwosu (ela mesmo Shinedoe) fossem as melhores, ao conduzir-nos pelos sons que animam as noites das principais cidades europeias, mas essa é uma utopia que morre, quando verificamos que é extremamente difícil ficar acordado durante toda a duração de Illogical Directions. Pode até o pézinho ficar a bater, qual sonâmbulo ao ritmo da techno generalista de algumas destas malhas, mas a atenção, que nos cola a um disco, corre sempre o risco de desistir a meio desta empreitada assumida pela patroa da Intacto (que logicamente tratou do lançamento deste terceiro álbum).

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É por isso também que

 Illogical Directions

funciona como uma experiência aos solavancos, talvez um pouco como ver um daqueles filmes dos carros velozes, numa tarde de domingo, com muitas horas de sono por recuperar. Quando se escuta um tiro ou o chiar das rodas a derrapar, um gajo lá abre os olhos durante 30 segundos e pensa que está a ver um grande filmaço. Lançada na posição número quatro, “Discourse My New Romance” conta com a voz de Karin Dreijer (Fever Ray, The Knife) em modo

Silent Shout

 e com tempo para fazer perninha numa faixa de house infernal, que, sem ser de todo má, parece ter sido gravada há oito anos. Por sua vez, “Get Dirty” tem um andamento

crunk

semi-interessante e pode dar jeito por volta das quatro da manhã, quando o pessoal estiver todo mamado. Mas Shinedoe não dá um passo seguro, sem cair no tédio logo no seguinte, e

Illogical Directions

 não andará longe de ser um martírio prolongado durante todo o disco.