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Drogas

Desvendando 15 mitos sobre o crack

Falamos com um especialista para conhecer de forma mais profunda os mitos mais populares que giram ao redor dessa substância.
Ilustração por @sinmuchasfotos

No México e outros países da América Latina os mitos sobre o consumo de crack se proliferam mais rapidamente que a própria droga. Criada a partir de uma combinação de bicarbonato de sódio e cloridrato de cocaína, a pedra se tornou tão popular na região que se contam muitas histórias, a maioria trágicas, a respeito de seu consumo.

Alguns dizem que é muito viciante e te faz virar uma espécie de Medusa porque você quer transformar tudo em pedra. Outros a recomendam mais pelo baixo custo do que por seus efeitos. Também está bastante relacionada à marginalidade, inclusive é considerada a cocaína das classes menos privilegiadas.

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Para entender um pouco mais da droga e seus efeitos em nosso organismo falamos com o psicólogo Óscar Ávila, especialista em vícios pela UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México), e foi isso o que ele nos contou.



É mais potente que a cocaína: Depende

Tudo depende da pureza da substância e do nível de consumo. Ainda que sejam drogas com efeitos muito similares, o crack, ao ser fumado, entra em contato com o sistema respiratório e vai diretamente ao sistema nervoso; por isso, alguns de seus efeitos podem se manifestar de maneira mais agressiva e imediata no organismo.

Moral: conheça bem a pedra se for consumi-la.

Seu efeito passa rápido: Sim

A droga entra de maneira direta na corrente sanguínea através dos pulmões e isso faz com que chegue muito rápido ao cérebro, porém por não permanecer retida no sistema circulatório, seus efeitos, ainda que potentes, duram pouco tempo.

Moral: não espere que o efeito dure o mesmo tempo que do LSD.


É a droga mais viciante: Depende

O crack é uma droga que afeta diretamente o sistema nervoso, já que seus alcalóides invadem as áreas de prazer no organismo mas não ficam retidos no sistema, o que provoca uma necessidade de consumo frequente que pode levar à dependência. Mas outras drogas como a heroína e outros opiáceos, viciam quase tanto quanto.

Moral: Não se vicie.

Provoca mudanças de humor: Sim

Seu consumo causa euforia, mas ao passar o efeito pode se manifestar uma baixa no humor porque seu corpo deseja mais da substância. É por isso que em um momento pode se sentir feliz e em outro se sentir pra baixo. É um constante ir e vir de emoções em um curto período de tempo em que se consome uma dose e outra.

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Moral: se for fumar pedra, conheça seus efeitos.


Te torna violento: Depende

Os efeitos do crack no organismo duram uns 20 minutos. Durante esse tempo, a pessoa se mantém em um momento de euforia, o que pode resultar em comportamentos incomuns e em ocasiões perigosas, mas não de agressão. O problema maior é quando passa o efeito, já que a ansiedade é muito forte e provoca surtos psicóticos nos consumidores frequentes, o que pode gerar um estado de irritabilidade e de agressão aos demais.

Moral: conheça seu organismo e não machuque ninguém.


Afeta o coração: Sim

Por ser uma droga que afeta o sistema nervoso, provoca aceleração do ritmo cardíaco. Isso já é perigoso o bastante porque além de gerar problemas ao coração, a longo prazo pode causar taquicardia e arritmia, que podem levar a um infarto e à morte.

Moral: Cuide do seu coração.


O maior número de viciados são de classes sociais menos privilegiadas: Não

O momento de auge do crack foi a partir do ano 2000. Se tornou uma droga muito popular devido a seus efeitos e seu baixo custo. E mesmo que ainda hoje continue sendo muito acessível economicamente para os usuários, seu preço depende do lugar onde é comprado e da pureza da droga.

Moral: as drogas não discriminam.

Seu uso durante a gestação prejudica o feto: Sim

Essa droga estimula as áreas de prazer que temos no cérebro e se consumida durante a gravidez é provável que o feto sinta os mesmos efeitos que a mãe. Isso afeta seu desenvolvimento e possivelmente gera quadros de ansiedade e estresse quando nascer.

Moral: cuide do seu bebê.

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Emagrece: Não

Seu consumo gera uma sensação prazerosa que te faz esquecer das necessidades básicas do organismo como comer e dormir. E não inibe apenas o apetite mas também o desejo sexual. Então o que emagrece não é a droga, é que você se esquece de comer quando fuma.

Moral: mantenha uma alimentação saudável e pratique exercícios.


As consumidoras podem amamentar: Não

Se a mãe fuma crack, é provável que o bebê tenha convulsões ou taquicardia, já que o leite materno se mistura com os alcalóides e químicos consumidos ao fumar a droga. Por isso não é recomendado amamentar, pois os efeitos são mais potentes nas crianças e duram mais tempo: uma média de 60 horas no organismo do bebê após ser amamentado.

Moral: seja responsável com seu recém-nascido.

A crise de abstinência é pior que a de outras drogas: Não

A crise de abstinência do crack se apresenta no organismo mais rápido que a de outras drogas mas é muito similar à da cocaína. A pessoa sofre de um cansaço extremo, padrões de sono bastante incomuns e muito desespero.

Moral: não abuse de nenhuma substância.


Causa ansiedade: Sim

Um dos principais efeitos do crack é a ansiedade. Acontece quase que de imediato quando passam os efeitos da euforia que gera o consumo. É comum que a pessoa sinta uma grande necessidade de consumir outra dose. É como se não existisse sensação de saciedade depois de usá-la.

Moral: não prejudique outras pessoas para conseguir pedra.

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Causa depressão: Depende

Depende do contexto e do estado emocional em que a pessoa esteja durante o uso. Se está triste, ao bater o efeito da droga é muito provável que se sinta pior. Se experimenta pela primeira vez, talvez não se sinta emocionalmente abatido. Mas se é um usuário habitual de crack, é bastante comum que apresente quadros de depressão que tentará acalmar com a droga, o que vai gerar mais ansiedade e depressão. É como uma bola de neve que não para de crescer.

Moral: procure a ajuda de um especialista.

Causa paranóia: SIm

A cocaína e seus derivados, em qualquer de suas formas, provocam o que se creem ser quadros psicóticos e isso desencadeia a paranoia, já que o usuário, que fica sóbrio depois de muito tempo de consumo, começa a desenvolver condutas de tipo delirante: se sente observado ou perseguido e pode apresentar alucinações e até tendências suicidas.

Moral: não confie em nenhuma droga.


Causa convulsões: Sim

Os alcalóides presentes no crack causam problemas neurológicos e deterioramento neural e isso leva a problemas com as sinapses – a comunicação entre os neurônios – e a habilidade motriz, o que pode provocar convulsões nos usuários, que vai piorando com o tempo ou em casos de overdose.

Moral: cuide do seu corpo.

Artigo originalmente publicado na VICE México.

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