O Juninho Sangiorgio, que você deve conhecer como baixista do Ratos de Porão e guitarrista d’O Inimigo, tem um envolvimento antigo com a organização de eventos e ações de cunho libertário. Seu novo projeto é o festival Hardcore nas Ruas, em parceria com a central de cooperativas Unisol, cuja primeira edição acontece neste sábado (15), em São Paulo, na Praça Ouvidor Pacheco e Silva. Fica em frente à Faculdade de Direito do Largo São Francisco, endereço próximo às estações Sé e Anhangabaú do metrô. Além de música, com shows das bandas Futuro, Escuro, Days of Sunday e Guast!, a ideia é promover o uso do espaço público como ambiente de troca de informação.Então, a cada evento, que se pretendem bimestrais, sempre vai rolar palestras, debates, exibição de vídeos e oficinas gratuitas. O objetivo é tratar de questões sociais enfrentadas no dia a dia pela população, na voz de grupos representantes dessas lutas. Para este primeiro ato, o debate gira em torno da desmilitarização da polícia e do direito à ocupação, com palestras dos grupos Mães de Maio e do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).Troquei uma ideia com o Juninho no intuito de sacar melhor o resultado esperado com essa iniciativa e o que eles estão planejando para as próximas edições. Se liga aí:Noisey: Quem está por trás da organização do evento? Existe um movimento ou coletivo específico trabalhando nessa ideia?
Juninho: Eu estou na organização do evento. A Veronica, minha namorada, está me ajudando com os contatos das palestras e fez a arte do cartaz. A ideia é regularizar esse nome para eventos futuros, mas por enquanto é apenas um nome para esse primeiro evento, bem simples. A organização Unisol está dando uma força. Por intermédio do Leo Pinho, que trabalha lá, conseguimos uma verba pros custos básicos do evento. A Unisol é uma instituição da sociedade civil, não tem nenhum apoio privado e não é filiada a nenhum partido. É um grupo que faz trabalhos com cooperativas e está nesse projeto para aumentar a realização de eventos em locais públicos da cidade. Como surgiu a proposta de levar shows de hardcore e palestras/debates para espaços públicos? Vocês se basearam em outras experiências parecidas?
Como eu sempre ajudei na organização da Verdurada, o Leo veio falar comigo para organizarmos algo nas ruas, de graça e sempre com uma visão política. Então esse projeto é baseado nas Verduradas, pois foi um evento que levou uma geração ao contato direto com inúmeros grupos políticos, e pretendemos voltar com essa força.Vocês têm o apoio ou a permissão da prefeitura para a realização do evento? A escolha deste local tem alguma razão especial?
A Unisol conseguiu a liberação para utilização da praça diretamente com a Subprefeitura da Sé. A escolha foi tem a ver com as condições oferecidas para a estrutura do palco, tem ponto de energia elétrica, é de fácil acesso e ela foi reformada há pouco tempo.Desmilitarização das polícias não é um tema perigoso de se levar às ruas nos dias que correm? Vocês não temem que haja conflitos por conta disso durante a realização do evento?
Esse tema está sendo bastante discutido no momento, em especial pela brutalidade das polícias desde o ano passado nas manifestações que ocorreram em todo país, em que centenas de pessoas ficaram gravemente feridas. A mesma violência também atingiu as ocupações do centro da cidade, como na famosa reintegração de posse na São João, deixando claro que as periferias da cidade sempre sofreram esse tipo de repressão. Então essa violência não é novidade, mas chegou às partes mais ricas da cidade e tiveram mais destaque. Não acredito que seja perigoso, ainda mais porque o evento não é uma manifestação, não haverá conflito, e sim apenas um debate com microfone. Existem várias pesquisas feitas nos últimos meses afirmando que a desmilitarização também é do interesse de muitos policiais, portanto esperamos que seja positiva e esclarecedora.A ideia é promover vários eventos do tipo? Vocês já pensaram em novas locações e temas para discutir? O Hardcore nas Ruas terá uma periodicidade?
Eu tenho já algumas ideias na cabeça. Vamos ver como vai rolar essa primeira edição, mas pretendemos, sim, promover vários eventos do tipo. Já pensamos em realizá-lo em outras locações e também incluir outros temas para discussão. Acredito que uma periodicidade bimestral seria o ideal. Vamos torcer para dar tudo certo!+ info:Hardcore nas Ruas. 15/11/2014. GrátisPraça Ouvidor Pacheco e Silva, s/nº, Sé (em frente ao Largo São Francisco)13h início do evento
13h30 as 13h55 GUAST!
14h10 as 14h35 DAYS OF SUNDAY
14h40 as 15h20 desmilitarização das polícias (palestra)
15h25 as 15h50 ESCURO
15h55 as 16h35 ocupar é um direito (palestra)
16h40 as 17h05 FUTURO
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Juninho: Eu estou na organização do evento. A Veronica, minha namorada, está me ajudando com os contatos das palestras e fez a arte do cartaz. A ideia é regularizar esse nome para eventos futuros, mas por enquanto é apenas um nome para esse primeiro evento, bem simples. A organização Unisol está dando uma força. Por intermédio do Leo Pinho, que trabalha lá, conseguimos uma verba pros custos básicos do evento. A Unisol é uma instituição da sociedade civil, não tem nenhum apoio privado e não é filiada a nenhum partido. É um grupo que faz trabalhos com cooperativas e está nesse projeto para aumentar a realização de eventos em locais públicos da cidade. Como surgiu a proposta de levar shows de hardcore e palestras/debates para espaços públicos? Vocês se basearam em outras experiências parecidas?
Como eu sempre ajudei na organização da Verdurada, o Leo veio falar comigo para organizarmos algo nas ruas, de graça e sempre com uma visão política. Então esse projeto é baseado nas Verduradas, pois foi um evento que levou uma geração ao contato direto com inúmeros grupos políticos, e pretendemos voltar com essa força.
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A Unisol conseguiu a liberação para utilização da praça diretamente com a Subprefeitura da Sé. A escolha foi tem a ver com as condições oferecidas para a estrutura do palco, tem ponto de energia elétrica, é de fácil acesso e ela foi reformada há pouco tempo.Desmilitarização das polícias não é um tema perigoso de se levar às ruas nos dias que correm? Vocês não temem que haja conflitos por conta disso durante a realização do evento?
Esse tema está sendo bastante discutido no momento, em especial pela brutalidade das polícias desde o ano passado nas manifestações que ocorreram em todo país, em que centenas de pessoas ficaram gravemente feridas. A mesma violência também atingiu as ocupações do centro da cidade, como na famosa reintegração de posse na São João, deixando claro que as periferias da cidade sempre sofreram esse tipo de repressão. Então essa violência não é novidade, mas chegou às partes mais ricas da cidade e tiveram mais destaque. Não acredito que seja perigoso, ainda mais porque o evento não é uma manifestação, não haverá conflito, e sim apenas um debate com microfone. Existem várias pesquisas feitas nos últimos meses afirmando que a desmilitarização também é do interesse de muitos policiais, portanto esperamos que seja positiva e esclarecedora.A ideia é promover vários eventos do tipo? Vocês já pensaram em novas locações e temas para discutir? O Hardcore nas Ruas terá uma periodicidade?
Eu tenho já algumas ideias na cabeça. Vamos ver como vai rolar essa primeira edição, mas pretendemos, sim, promover vários eventos do tipo. Já pensamos em realizá-lo em outras locações e também incluir outros temas para discussão. Acredito que uma periodicidade bimestral seria o ideal. Vamos torcer para dar tudo certo!+ info:Hardcore nas Ruas. 15/11/2014. GrátisPraça Ouvidor Pacheco e Silva, s/nº, Sé (em frente ao Largo São Francisco)13h início do evento
13h30 as 13h55 GUAST!
14h10 as 14h35 DAYS OF SUNDAY
14h40 as 15h20 desmilitarização das polícias (palestra)
15h25 as 15h50 ESCURO
15h55 as 16h35 ocupar é um direito (palestra)
16h40 as 17h05 FUTURO