racismo

Marega. Não há quem devolva os racistas ao bunker de Hitler?

Jogador africano abandona o relvado por causa de insultos xenófobos. Os autores deste acto abominável têm de ser exemplarmente castigados.
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Infelizmente, o universo nazi ainda faz sentido na cabeça de muitos energúmenos. (Imagem do filme A Queda - Hitler e o Fim do Terceiro Reich/2004. Cortesia Constantin Film)

Podia ter sido com o Florentino do Benfica, com o Bolasie do Sporting ou com o Wallace do Braga. Com o José Semedo do Setúbal, com o Ofori do Famalicão ou com um dos atletas negros (ou não caucasianos) do Portimonense.

Os actos de racismo que têm acontecido em partidas de futebol na Europa - entre clubes ou selecções - tornaram-se numa realidade impactante num Estádio português. A vítima chama-se Moussa Marega - avançado do FC Porto - , os perpetradores correspondem a uma minoria de adeptos (!?) do Vitória de Guimarães.

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Era inevitável. Depois de alguns focos de turbulência xenófoba que envolveram claques de equipas portuguesas (lembro-me do Braga ser sancionado num jogo europeu e do líder dos Super Dragões chamar “macaco” a um atacante dos Young Boys e do Rio Ave pagar uma multa irrisória após as ofensas dos seus apoiantes a Renato Sanches), este passado domingo, 16 de Fevereiro, o caldo entornou-se de vez.), este passado domingo, 16 de Fevereiro, o caldo entornou-se de vez.

A vinte minutos do fim do Guimarães - Porto, Marega saiu inconsolável do relvado por não aguentar os apupos e cânticos racistas oriundos de indivíduos execráveis. Contra a opinião dos colegas de profissão e da equipa técnica, que fizeram os possíveis para que ignorasse o ambiente em seu redor, o maliano “passou-se” e recolheu ao balneário.

Provavelmente, o staff portista deveria ter sido solidário com o jogador africano e abandonado as quatro linhas, o árbitro suspendido o encontro e, já em conferência de imprensa, o lamentável discurso do presidente vimarenense, Miguel Pinto Lisboa, no qual dividiu o ónus da culpa entre o público e Marega (por ter respondido com provocações), deveria ter sido evitado. Que todos os protagonistas desta - ou de outra modalidade - aprendam com o sucedido.

Da parte dos políticos e das instituições desportivas não bastam tweets, posts e comunicados a condenar o tristíssimo evento. As medidas têm de ser fortes e exemplares. Ou vamos ficar à espera das instâncias europeias - como a UEFA - para que os castigos de mão pesada sejam efectivamente reais?

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Será melhor acabar com as claques e, assim, dar menos força aos muitos selvagens que se aproveitam da dinâmica de grupo (com casos de extrema violência física que já mataram, vários festivais de tochas e os contínuos gritos de verborreia)? Ou devíamos “enfardar” Red Bull no incompetente secretário de Estado da Juventude e do Desporto para ver se anda de pestana aberta? Alô, João Paulo Rebelo! We got a new big problem! Por favor, acabe com o blá blá sem qualquer efeito e de remediar em vez de prevenir, de reagir em vez de agir. Acorde e pelo caminho traga consigo o ministro da Administração Interna, para travar esta luta contra gente que tem demasiado poder e, em diversos clubes, a ridícula (e suprema) protecção dos dirigentes. Para o bem e para o mal, o futebol é o retrato da sociedade, um micro-cosmos onde não se pode ignorar diversos lixos, entre os quais o do racismo. Que comece a varridela.


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