Fotos nostálgicas da periferia de Belo Horizonte
Foto: Afonso Pimenta

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Fotos nostálgicas da periferia de Belo Horizonte

O projeto 'Retratistas do Morro' resgata imagens das décadas de 70 e 80 da maior favela de Minas Gerais.

Existe muita saudade nas fotografias de bailes blacks, casamentos e festinhas de aniversário que aconteceram entre os anos 70 e 80 no Aglomerado da Serra, a maior favela de Belo Horizonte, Minas Gerais. À primeira vista, esses eventos ordinários podem passar batido aos olhos – são pessoas anônimas vivendo suas vidas como em todas as fotos antigas que vemos. Mas o preciosismo das cores, das roupas, dos cabelos e do ambiente periférico e simples impulsionam Retratistas do Morro a ser mais do que um projeto de fotolivro qualquer buscando por financiamento coletivo.

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Foto: Afonso Pimenta

A iniciativa partiu do artista e pesquisador mineiro Guilherme Cunha, 36, que se encantou com os mais de 50 monóculos de uma antiga moradora da comunidade. Dentro daquelas lunetinhas nostálgicas estavam o que Dona Ana Martins, 74, chama de seus “tesouros”: imagens dos familiares e dos amigos.

Ao se deparar com essas fotos, Guilherme entendeu que a produção analógica intensa da época não integrava a história da cidade de Belo Horizonte – o registro daquela comunidade era um mundo ignorado e inviabilizado.

Foto: Afonso Pimenta

Na sequência, ele conheceu também as fotografias de João Mendes, 66, e Afonso Pimenta, 63, que documentaram as famílias e as celebrações do Aglomerado da Serra intensamente durante a vida profissional. “O trabalho deles não foi realizado com a pretensão de se tornar um marco histórico, definidor para o estudo das metrópoles e suas complexidades, porém o conjunto da obra que produziram tomou esse caráter”, diz o pesquisador.

Foto: João Mendes

João Mendes começou a fotografar um pouco antes de completar 14 anos. Por falta de profissionais na cidade em que vivia antes de se mudar para BH, acabou se tornando o fotógrafo da perícia policial na época. “Ele conta que os policiais iam buscá-lo na sala de aula para fotografar as cenas dos casos mais urgentes”, menciona Guilherme.

Depois, já na capital, se firmou como fotógrafo de casamentos, batizados e formaturas. Aos 22 anos abriu a loja Foto Mendes, onde se especializou em fazer retratos 3x4 de estúdio – e que até hoje funciona na cidade.

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Foto: Afonso Pimenta

Já Afonso Pimenta afirmou à VICE que ser fotógrafo naqueles tempos exigia certa insistência. “Era difícil porque nem máquina a gente tinha. Arrumávamos umas maquininhas fraquinhas e só trabalhávamos com película mesmo. E era preto e branco. Depois, em 1972, começou a avalanche do colorido”, disse.

Guilherme, que se dedica ao projeto há anos, acredita que contar a história desses moradores em imagens é transparecer as mudanças que ocorreram ao longo do tempo no cenário social, político, econômico e cultural no Aglomerado da Serra, assim como em várias outras favelas pelo Brasil.

Foto: Afonso Pimenta

“Estou trabalhando com o Retratistas do Morro desde 2015; eles, há mais de 50 anos. O mérito da espera para a produção do livro é todo deles”, pontua o artista-pesquisador, que almeja alcançar a meta de R$ 55 mil até 19 de dezembro deste ano para conseguir lançar o fotolivro.

Para apoiar e saber mais sobre o projeto Retratistas do Morro, vá até o site do financiamento coletivo.

Mais fotos de Afonso Pimenta e João Mendes abaixo.

Foto: Afonso Pimenta

Foto: Afonso Pimenta

Foto: João Mendes

Foto: Afonso Pimenta

Foto: João Mendes

Foto: João Mendes

Foto: Afonso Pimenta

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