A diversidade no universo “indie”
Foto por Ágata Xavier

FYI.

This story is over 5 years old.

festivais

A diversidade no universo “indie”

Um guia para saberes o que podes ver, ouvir e sentir no sexto NOS Primavera Sound, que arranca para a semana no Porto.

"É ir, cantar, saltar e desfrutar ao máximo!". Esta nossa máxima – passe o pleonasmo – verbaliza o sentimento de milhares de festivaleiros que, de 8 a 10 de Junho, vão estar no Parque da Cidade, no Porto, para mais uma edição do NOS Primavera Sound.

Aproveitamos para descodificar cada letra do N.O.S. P.R.I.M.A.V.E.R.A. S.O.U.N.D., dar algumas indicações para o que podes ver em palco e uma ou outra dica extra musical. Antes de avançarmos, e porque estão confirmadas resmas de "estranjas" por metro quadrado, aconselhamos o seguinte: Have fun, be fun, enjoy this fun!

Publicidade

"N"ão te esqueças do agasalho prá noitinha

Escrever num post it: "Levar ténis janotas e roupa leve, de preferência com bolsos, para dançar à vontade sem me preocupar com o telemóvel e afins". Em complemento: adiciona um casaquito para te protegeres das frescas da noite/madrugada.

"O" unknown que te conquista ao primeiro acorde

Nesta celebração criada em Barcelona [onde está já em marcha até domingo], são inúmeras as pessoas dispostas a serem surpreendidas por artistas que nunca (ou)viram. No nosso caso, desconhecíamos a existência de Jay Jeremy (pop com ironia indie), Mano Le Tough (house e quejandos), Nikki Lane (country apadrinhado por Auerbach, dos Black Keys), Núria Graham (folk ameno) e Operators (de Dan Boeckner, dos Wolf Parade).

"S" de Swans, Sleaford, Skepta e Sampha.

Se tivéssemos que escolher a letra do abecedário com chances de estar em alta, o S é a nossa favorita. Há rock experimental e sinuoso dos Swans; o punk com letras perspicazes dos Sleaford Mods; o grime indomável de Skepta; e a mente SOULidificada de Sampha. A equipa fica completa com as divagações do universo luso, por Samuel Úria, o rock "grungelhado" dos Shellac, e os "irmãos" dos Belle and Sebastian, Arab Strap.

"P"alcos. São quatro. Como fazer a melhor escolha?

Há três maneiras de te safares quando há concertos a decorrer à mesma hora.

  • Marca antecipadamente num gadget o que pretendes ver e esquece o que acontece noutros lados. Afinal de contas, a tua decisão aconteceu enquanto estavas sóbrio.
  • No momento de escolher, dependendo das tuas companhias, vai pela actuação que te faz sentir em casa, leia-se, entre os teus.
  • Vai onde te leva a cerveja, o vodka ou os "sinais de fumo".

Publicidade

(No primeiro dia, são poucos os convocados, por isso, no worries).

"R"un and jump with this jewel

Imperdível, mesmo que os termos rap e hip hop pouco te digam. Os Run The Jewels são os vizinhos que não nos importávamos de ter para trocar humores e sarcasmos. Ouve Love Again (ver video abaixo) e não te fiques pelo meio. É que ainda vais ficar a pensar que somos porcos, maus e machistas.

"I"ndie rockers e os ténis à procura de serem gastos e sujos

Se calhar, tens de averiguar se a sola dos teus shoes estão preparadas para tanto suor rockeiro prometido por Royal Trux (os "pais" dos The Kills); Cymbals Eat Guitars (o acne com ar de gente grande); King Gizzard & The Lizard Wizard (combatentes do Estado Psicadélico); Against Me (oxigénio punk com pouca pinta); The Growlers ("meninos bonitos" de Julian Casablancas); Japandroids (que venha o moche); Wand (combatentes do Estado P. pt 2; ver videoclip abaixo); Death Grips (vem aí o concerto mais marado?); Pond ("primos" afastados dos Tame Impala); e Make-Up (no site do NPS lê-se acertadamente "escavacadora incendiária de garage e soul").

"M"úsica neste festival significa…

(debita o texto em menos de 25 segundos e receberás um prémio no final) Liberdade. Espairecer no divã da intimidade. Extravasar no meio de uma multidão. Beijar debaixo do arvoredo. Nadar no som de uma guitarra. Ver as cores das nuvens e beber. Correr para os braços do teclado. Pintar o sorriso de uma desconhecida. Cambalear de felicidade. Snifar o pulsar do parque. Aplaudir a incrível atmosfera. Desacelerar a própria existência. E sonhar. Muito. (pronto, vai lá comer a francesinha… Estamos a falar de comida, seu maroooooooto!)

"A"ngel Olsen, a namorada que nos enfeitiça com assertividade

Bem-vindo a uma década marcada pelas guitarras no feminino. PJ Harvey, Anna Calvi, Courtney Barnett, Frankie Cosmos, Lady Lamb, Mitski (também no cardápio), Sharon Van Etten e Alex Lahey, são as nossas preferidas e com elas vem a girlfriend da objectividade, Angel Olsen. O álbum My Woman (2016) está aí para prová-lo. É calar e abanar os lábios - ver teledisco abaixo.

Publicidade

"V"amos cantarolar à bruta?

Ok, isto não é propriamente daqueles festivais onde a cada minuto sai uma que roda efusivamente na rádio, mas há sempre quem conheça de cor e salteado algumas canções. Mesmo não precisando de ser à bruta, apostamos em oito faixas que vão merecer os efusivos "yeeeeah" da ocasião. Apocalypse (ouvir no video abaixo), dos Cigarettes After Sex; We are your friends, dos Justice (vs Simian); I'm in love, dos Teenage Fan Club; Nuclear Fusion, dos King Gizzard & The Lizard Wizard; Teimoso, de Samuel Úria; Forgiven/Forgotten, de Angel Olsen; I can´t make you love me, de Bon Iver; e BHS, dos Sleaford Mods.

"E"lectrónicas mil. É fechar os olhos and just feel

É refrescante quando a música que os tolos dizem ser somente "tum tum tum" é escalada com o respeito merecido. Há "monstros" como Aphex Twin e Richie Hawtin; nomes com pouco sal, casos de Tycho e Bicep; o entusiasmante devaneio de Flying Lotus; o homem que faz do palco, um delicioso sofá sonoro – Nicolas Jaar; a festa total dos Justice; a pop com vista para o glamour dos Metronomy; e uma nova eloquência aos nossos ouvidos – Mano Le Tough (no video abaixo, podes vê-lo numa sessão Boiler Room). Já agora, lembras-te, no primeiro tópico, de termos avisado para teres bolsos suficientes? Pois bem, tens sempre outras soluções para guardar o telemóvel, como podes ver através da rapariga loira a dançar no canto esquerdo do ecrã (avançar até ao minuto sete).

Publicidade

"R"oçar e seduzir com Miguel

Apelidam-no de "rei" do r&b e, seguramente, a sedução vai estar no ar quando Miguel Jontel (e não joint) Pimentel entrar em palco. Com raízes afro-mexicanas, ele tem na meditação trascendental uma forma de compensar o stress. Se quiseres, podes começar a treinar o teu próprio flirt em formato ioga. Antes, toma o café da praxe – ver videoclip abaixo.

"A" brasileira que faz sambar a gente alternativa.

Elza Soares tem uma história de vida pessoal do "carago". Não vale a pena entrar em detalhes – para isso há a Wikipédia – e o que interessa é comemorar a obra musical da artista carioca. Podia dizer-se que seria mais indicada para encabeçar o "mundo" de Sines, no entanto, a frontalidade e grandiosidade das letras (checkar no video abaixo), leva-nos a crer que merecia entrar em qualquer acontecimento de massas onde a música seja o principal leitmotiv. Uma diva, à sua maneira.

"S"ó há quatro excepções from Portugal

E quase dá para um jogo de futebol de salão. São eles, Rodrigo Leão com Scott Matthew, Samuel Úria, First Breath After Coma e Evols. O primeiro é um histórico com Madredeus e Sétima Legião no seu background; o segundo ginga pelas estórias do quotidiano; os outros dois…Quem são mesmo? (se pretendes um "torneio inteirinho" com a portugalidade, tens o Bons Sons, em Agosto)

"O" gelo quebrado é sinal de mais um WhatsApp acrescentado

É tempo de contactos, trocas e baldrocas. É usual, normal, mas levantamos uma questão: qual é a melhor maneira de meter conversa com alguém desconhecido e, posteriormente, adicioná-lo numa rede social? Deixamos uma ideia que, se a memória não nos atraiçoa, ouvimos no show televisivo comandado por Conan O'Brien.

Interlocutor 1 - "Desculpa, sabias que o urso polar vai ter dificuldades em viver por causa das mudanças climáticas?"

Publicidade

Interlocutor 2 - "Não…Why you are telling me that?"

Interlocutor 1- "Era só para quebrar o gelo…"

Sabemos que é uma entrada "seca", mas serve de pretexto para planeares as tuas abordagens, ou, senão, go with the flow.

"U"mas actuações para serenar a malta

Como tomar um sedativo não rima com cenas álcoolicas, se te sentires com testosterona acima do normal, ou com demasiada ansiedade, relaxa ao som de: Weyes Blood (cool seguidora de Joan Baez - ouvir Be Free no video abaixo); Bon Iver (o gajo que vai ter muitas pretendentes derretidas à sua frente); Cigarettes after Sex (candidatos a autores do tema do ano – scrollar para cima e ver tópico "Vamos cantarolar à bruta"); Hamilton Leithauser (frontman dos The Walkmen a solo); Teenage Fanclub (será que vão tocar a cover de Madonna, Like a Virgin?); Whitney (produto indie ligeiramente sobrevalorizado); e Julien Baker (se te apetecer dormir uma siesta).

"N"em toda a música country é foleira

Fazer algo por dor de corno, pode não dar bons resultados. No caso de Nikki Lane, o seu namorado abandonou-a em Nova Iorque para gravar um disco noutras paragens. É o que se entende por "Honey, vou ali comprar cigarros e já volto". Para ocupar a sua necessidade "boyfriendiana", a moçoila inspirou-se no sucedido e partiu para outra namorada (a música). Se pensas que este country com toque "arockalhado" é piroso, ainda te surpreendes e ganhas o jackpot ZZ Top - ver video abaixo.

"D"e dia, não fiques a dormir… e conta com o dia 7

Essencial: procura pela revista Time Out Porto e curte a beleza da Invicta. Agora, outra noitada: na quarta-feira, 7 de Junho, há uma espécie de "recepção aos festivaleiros" com alguns espaços da noite portuense a receber as actuações, entre outros, de Black Madonna, Shura e Moscoman. Toma nota dos locais pré-NOS Primavera Sound: Café Au Lait, Hard Club, Passos Manuel, Plano B, e Maus Hábitos.

Os passes gerais da sexta edição estão esgotados e o bilhete, para cada dia, custa 55 euros. Para mais informações sobre este evento, que tem preocupações ambientais (com cinzeiros portáteis, copos reutilizáveis e outras iniciativas "verdes"), consulta o site oficial.