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Times de Futebol de Amputados Estão Surgindo por Toda a Europa

Em junho de 2013, a primeira partida de futebol de amputados entre Holanda e Bélgica aconteceu na Antuérpia. Era para ser um amistoso, mas o jogo acabou sendo exatamente o contrário quando um jogador derrubou o outro ao agarrar sua única perna.

Em junho de 2013, a primeira partida de futebol de amputados entre Holanda e Bélgica aconteceu na Antuérpia. Era para ser um amistoso, mas o jogo acabou sendo exatamente o contrário quando um jogador derrubou o outro ao agarrar sua única perna. Como você pode ver no vídeo acima, a falta rapidamente virou uma briga entre 20 pessoas, com jogadores e torcedores trocando socos, pontapés e muletadas.

O vídeo se espalhou pela internet, mas parece que o interesse coletivo pelo assunto foi só até aí. Um ano se passou e a mídia não expressou mais interesse pelo futebol de amputados, então, resolvi conversar com Michael Jacobs, o treinador do time belga, para saber mais sobre as vantagens e desvantagens de jogar futebol com um membro faltando.

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VICE: Você ainda tem as duas pernas. Como você se tornou o treinador de um time de jogadores com uma perna só?
Michael Jacobs: Eu jogava futebol na Bélgica, mas nunca cheguei à Premier League – apesar de ter jogado na primeira divisão. Tive que parar aos 25 anos, nessa época eu já tinha passado por sete cirurgias no joelho. Então, eu me tornei treinador de times infantis, o que eu gostava muito de fazer. Dois anos atrás, comecei um time de futebol para amputados. Achei que poderia usar a experiência que adquiri treinando crianças nesse campo.

Todas as fotos cortesia de Amp Soccer Belgium.

Por que um time para amputados?
Trabalho num centro de ortopedia técnica – desenvolvemos próteses e palmilhas removíveis. Um colega viajou a trabalho para Varsóvia e viu um time polonês de amputados jogar. Então, começamos a brincar com a ideia de começar nosso próprio time do tipo na Bélgica.

Um time nacional de jogadores com uma perna só me parece algo complicado de montar.
Foi difícil mesmo encontrar jogadores, assim como patrocinadores e um lugar para jogar.

E como foi isso?
Isso tem que crescer, sabe? Temos que mostrar ao mundo que o futebol para pessoas com deficiência pode ser glorioso. As pessoas que acabaram formando meu time não tinham grande interesse por esportes antes. Mas oferecemos a eles uma chance de realmente fazer diferença como parte do time nacional. Meus jogadores se tornaram um grupo de pessoas com a mesma mentalidade com o passar dos anos.

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E o que aconteceu com o time de vocês depois do incidente infeliz do ano passado?
Participamos de um torneio internacional na Irlanda – foi como um pequeno Campeonato Europeu com seis times. Foi a oportunidade perfeita para nos testarmos e ver como nos saíamos contra outros times de amputados, como Polônia, Inglaterra, Alemanha e Holanda.

E como foi lá?
Ficamos em terceiro lugar nos playoffs contra a Holanda, por 1 a 0!

Você parece orgulhoso.
Sim! Depois disso, queríamos mais, então jogamos outro amistoso contra a Holanda (de novo) na abertura dos Disability Games, um torneio global para pessoas com deficiência. É como as Paraolimpíadas, mas um pouco menor e todo mundo pode participar.

O que mais você gostaria que seu time alcançasse?
Queremos muito participar do Campeonato Mundial no México este ano. Eles não exigem qualificações para o torneio – você só precisa se inscrever – mas precisamos saber se vamos conseguir bancar a viagem. São 25 times de futebol nacionais de amputados no mundo, mas só alguns conseguem pagar a viagem até o México.

No geral, parece que você e o seu time estão indo muito bem.
Pode apostar!

Tradução: Marina Schnoor