Image: Wikimedia Commons
Até que a dobra espacial se torne uma realidade, a busca por vida extraterreste em planetas além de nosso sistema solar será feita aqui da Terra. Mas tudo bem: a nave Terra é, sem dúvida, a espaçonave mais maneira de todas, e nós sabemos bastante sobre os exoplanetas desde que começamos a usar o telescópio Kepler. Pautar-se em dados como a distância orbital e tamanho desses planetas são formas – imperfeitas,é claro – de tirar alguns deles da lista de possíveis candidatos à vida.Outra possibilidade é analisar a composição atmosférica do planeta. Se o objetivo é encontrar vida, a lógica diz que devemos procurar o que torna a vida possível, e o que a vida normalmente produz – o oxigênio de nossa atmosfera vem da flora, logo, se esse oxigênio existir em outras atmosferas, deduz-se que ele venha de uma fonte similar. Outras substâncias como o metano e as partículas da poluição industrial também foram sugeridas como indicativas da presença de vida, pois costuma ser produzidos por peidos de animais e fábricas, respectivamente.Os astrônomos podem estudar moléculas presentes nas atmosferas de exoplanetas a partir da Terra, apenas observando a incidência da luz da estrela desse planeta em sua atmosfera, e o caminho dessa luz até a Terra.O problema é que a descoberta de um desses gases pode levar à conclusões errôneas. Enviar uma sonda em uma viagem de centenas de anos-luz só para descobrir se uma atmosfera é composta unicamente de ozônio (O3), ou de metano saído dos vulcões, ou se o planeta é impróprio para a existência de vida seria extremamente decepcionante.Por isso, pesquisadores do Laboratório de Planetários Virtuais, parte do Instituto de Astrobiologia da NASA, têm criado milhares de simulações, ajustando atmosferas e tentando descobrir as condições necessárias para a vida."Nós nos esforçamos muito para achar alguns indícios, mesmo errôneos, da existência de vida nesses planetas, mas só achamos atmosferas compostas inteiramente por oxigênio, ozônio ou metano", disse Shawn Domagal-Goldman, membro do Centro Goddard de Voo Espacial da NASA e um dos principais autores do estudo publicado no Astrophysical Journal."No entanto, nossa pesquisa retifica a ideia de que a existência conjunta de metano e oxigênio, ou de metano e ozônio, são fortes indícios da existência de vida", disse.Crédito: NASAIsso acontece porque o oxigênio e o metano se repelem. Uma atmosfera rica em um desse gases precisa de um abastecimento contínuo do outro gás; na Terra, isso ocorre graças à existência de vida. Dessa forma, se uma atmosfera contêm ambos metano e oxigênio, é provável que esse planeta tenha alguma forma de vida respirando, ou melhor, peidando esses gases em sua atmosfera."É como universitários e pizza", disse Domagal-Goldman, dando início à melhor metáfora da história. "Se houver uma pizza dentro de um rolê universitário, é bem provável que essa pizza tenha acabado de ser entregue, porque os universitários tendem a comer pizzas muito rapidamente. A mesma coisa ocorre com o metano e o oxigênio."Existem muitas variáveis a serem consideradas; não só no estudo do planeta como também no da estrela a qual ele orbita. O oxigênio e o metano podem ser produzidos quando a luz ultravioleta metaboliza o dióxido de carbono, o que significa que o tipo e o nível de luz gerada pela estrela fará uma diferença nesse estudo."Caso exista uma maior incidência de luz ultravioleta nessa atmosfera, as reações fotoquímicas serão mais eficientes", disse Domagal-Goldman. "Para confirmar a existência de vida producente de oxigênio e ozônio, precisamos expandir nosso alcance de comprimento de ondas e incluir taxas de absorção de metano em nossos estudos. Em uma situação ideal, também procuraríamos gases como o dióxido de carbono e o monóxido de carbono [uma molécula composta por um átomo de carbono e um átomo de oxigênio]. Então estamos analisando cuidadosamente os indícios que poderiam nos levar a uma conclusão errônea. A parte boa é que, ao identificá-los, podemos criar uma boa base teórica e evitar os problemas que um falso positivo nos traria."Quanto a essa boa base teórica, eu recomendaria a criação de uma musiquinha para ajudar os cientistas a memorizar algumas ideias. Algo como:Quando você acha Ozônio, O2 ou Metano,Se ele estiver sozinho, pode ser um enganoMas se dois ou três tipos você encontrarTalvez alguma vida exista nesse lugar.Mas isso é só uma sugestão, né.Tradução: Ananda Pieratti
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