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Fotos

Ela vai morrer

E tu também.

O novo trabalho de Agnes Thor, fotógrafa sueca a residir em Nova Iorque, foca-se num assunto que toda a gente discute quando tem 13 anos, mas que, passado alguns anos, ninguém quer pensar. Não, não estou a falar de punhetas — falo, antes, da morte. Fui falar com a Agnes sobre a La  Mort La Vie, a sua ambiciosa exploração da morte e sobre as suas ideias para a juventude eterna. VICE: Olá Agnes. Conta-me tudo sobre esse teu fascínio mórbido.
Agnes Thor: A morte está na minha cabeça há tanto tempo, que nem consigo precisar. A ideia para este projecto surgiu em 2010, quando um amigo faleceu, repentinamente, num acidente. Isso fez-me perceber que era uma morta e senti que poderia ter sido eu [a morrer]. Reflecti imenso sobre a minha própria vida depois disso e o projecto começou a crescer a partir daí. Como é que os teus sentimentos sobre a morte se alteraram?
Senti uma adrenalina de bem-estar. Senti que tudo era possível e que tinha de viver a minha vida ao máximo, constantemente. Mas depois a rotina mete-se no meio. As cenas diárias, como tratar da roupa e cozinhar… É tão fácil esquecer que, um dia, tudo isto vai acabar. Pensas muito sobre morrer?
Nem por isso. Dantes pensava mais. Um dos títulos que escolhi para este projecto chamava-se “Medo da morte”. Mas agora, tenho muito mais medo de me magoar, ou algo do género. Por que é que tiraste uma foto de uma lápide com o teu nome?
Na verdade, esse era o túmulo da minha tetra-avó. Temos o mesmo nome. Foi estranho ver o meu próprio nome numa lápide, apesar de a data ser diferente: ela morreu em 1929. O resto do projecto é mais generalista, por isso tirei esta fotografia para conferir um toque pessoal ao trabalho. Deve ser difícil apresentar um trabalho tão grandioso…
Não creio que que o tópico seja penoso de retratar. Mas percebi que era desafiante criar imagens que não são, simplesmente, réplicas de peças clássicas. Escolher quais as parte da morte devem ser trabalhadas tem sido difícil em tantas maneiras, que, durante algum tempo, fiquei parada. Mas, quanto mais pesquiso, mais encontro. O que é que torna a morte tão fascinante para ti?
Descobri que a nossa representação simbólica da morte está quase a desaparecer. Pensemos na caveira, por exemplo. Antigamente, era um símbolo forte, usado em arte e em túmulos. Hoje em dia, os miúdos usam-no em t-shirts cor-de-rosa estampadas, já não tem tanto impacto, ou significado. A morte tem-se tornado mais real. Vemo-la, diariamente, em filmes e nas notícias. A melhor coisa que li sobre a temática foi num livro do Philppe Ariès.Ele tentou tornar o assunto algo tangível. Como é que imaginas a tua própria morte?
Acho que curtia ser cremada. Mas também me agrada a ideia de ter um túmulo, com algo divertido lá gravado.