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Edição Síria

Resenhas

Neste mês, resolvemos escrever sobre os melhores e piores discos de música síria.

Você deve estar se perguntando: “Aonde foram parar as resenhas ranzinzas, mas curiosamente precisas da VICE? Eu queria ler sobre o último lançamento da minha banda favorita de _____-wave!”. Bom, este mês decidimos mudar um pouco por causa da nossa edição especial da Síria. Você vai encontrar a seguir resenhas de música síria (a maioria) escritas por ocidentais de origem síria — ou, no caso do Shalib Danyals, por alguém que já morou um tempão no país. A música do Oriente Médio ainda não extrapolou suas fronteiras — como aconteceu com o J-pop, o K-pop ou o Yanni, por exemplo. Mesmo assim, você já deve ter tido contato com pequenas doses da música de lá em algum momento, mesmo sem saber disso.

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O que acontece num país em guerra é que os noticiários falam quase que exclusivamente sobre violência, sofrimento e destruição. Por isso, achamos relevante mostrar um pouco do que os sírios andam ouvindo. É claro que a situação política instável muda muito as coisas e vira fonte de uma inspiração meio incômoda. Alguns artistas sírios manifestaram a tormenta dos últimos meses em suas músicas, enquanto outros ignoram a situação completamente, provavelmente porque insistir no assunto pode facilmente levar um músico para a prisão ou até à morte.

Até onde pudemos conferir a “cena” musical de lá, as tendências não são tão diferentes assim de seus correspondentes ocidentais. Músicas chiclete e grudentas dominam o pedaço. Alguns cantores que ficaram famosos pela versão árabe da franquia Ídolos (a de lá se chama Arab Idol, claro) estão no topo das paradas. Na Síria e em outros Estados árabes, o hip hop está se tornando pouco a pouco, mas de maneira sólida, um gênero legítimo. Desde o começo das revoltas, músicas de protesto começaram a ganhar popularidade. E, claro, músicas que incorporam sons e instrumentos tradicionais também têm um grande contingente de fãs. A maioria da música árabe tende a ser baseada nesse tipo de mistura sonora, e é isso que faz dela única. Mesmo a mais pegajosa das músicas pop costuma incluir uma pitada do ritmo dabke ou as vibrações de um oud (instrumento de cordas tradicional de lá) em meio a uma profusão de sintetizadores e vocais devidamente passados no Auto-Tune.

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É claro que devido à atual desordem política, não tem muita coisa sendo lançada. E pelo andar da carruagem da indústria da música… Digamos que não foi tão fácil restringir as resenhas a lançamentos recentes. Ainda assim, encontramos opções que passam pelo pop repetitivo, pelo techno-dance áspero e até por música folclórica de dor de cotovelo.

Então, vá lá e dê uma chance para alguns desses discos. Mantenha a mente aberta… Talvez quando surgir o próximo hit do Jay-Z você vai poder dizer que sabe de onde vem aquele sample. Divirta-se.

NADA HERBLY