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Existe um Museu do Mad Max 2 no Meio do Deserto Australiano

Bennett trouxe a família inteira para a Austrália, comprou um pedaço de terra no meio do Outback Australiano e construiu um depósito de recordações do filme Mad Max 2. Decidi perguntar diretamente ao Bennett o que diabos ele estava pensando.

Fotos via Mad Max 2 Museum. 

À primeira vista, a ideia de um museu para o filme Mad Max 2 parece tão absurda quanto a de outro para o Clube dos Pilantras 2 ou Homens de Preto 3. Mas, claro, Mad Max 2: A Caçada Continua é muito mais emocionante que Homens de Preto 3 e, estranhamente, mais engraçado que Clube dos Pilantras 2. O Lord Humungus naquele cuecão de couro é hilário. Com um novo filme da série chegando este ano, o projeto quase faz sentido como um investimento de longo prazo para uma franquia adormecida.

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Ainda assim, quem se daria ao trabalho de construir um santuário para uma sequência, mesmo sendo uma das melhores sequências da história do cinema? Um cara chamado Adrian Bennett. Bennett trouxe a família inteira da Inglaterra para a Austrália, comprou um pedaço de terra no meio do Outback Australiano e construiu um depósito de recordações de um filme de 33 anos sobre o fim do mundo. Decidi perguntar diretamente ao Bennett o que diabos ele estava pensando.

VICE: Por que construir um museu dedicado a um filme no meio do nada?
Adrian Bennett: Tive a ideia depois da minha primeira visita, quando vi, para minha surpresa, que não havia nada aqui em homenagem ao Mad Max 2, nem nada de todos os outros filmes gravados aqui. O lugar deveria ser a Hollywood do Outback, mas não havia nada de nenhum dos filmes, qualquer coisa que desse uma indicação de que essas grandes produções foram filmadas aqui. Estamos falando do maior filme que a Austrália já produziu, o filme que sacudiu Hollywood, o filme que colocou a Austrália no mapa. Mas não, nada. Então decidi que era meu destino construir um museu para Mad Max 2.

O site de Silverton, Austrália, lista seu museu como o primeiro e único museu do mundo dedicado ao Mad Max 2. Também deve ser o único do mundo dedicado a uma sequência. Por que apenas Mad Max 2?
O museu é todo Mad Max 2, porque este é o único filme Mad Max gravado aqui, então qualquer coisa dos dois outros filmes não seria relevante na área.

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E Mad Max - Além da Cúpula do Trovão? O consenso é que esse filme é péssimo.
Como filme, Além da Cúpula do Trovão é OK, mas não é realmente um filme Mad Max. A atração dos dois filmes originais se baseava nas perseguições de carro, o que atraia os fãs por causa da enorme cultura automotiva da Austrália e dos EUA, mas depois da morte do produtor Byron Kennedy, em 1983, que era louco por carros, esse apelo se perdeu. Acho que Cúpula do Trovão perdeu um pouco o caminho, mas continua sendo um filme divertido.

O que sua família disse quando você contou que estava se mudando para o deserto australiano para abrir um museu dedicado a um filme dos anos 80?
Em 2004, eu, minha esposa e meus três filhos viemos à Austrália nas férias, principalmente para visitar as locações dos dois primeiros filmes. Passamos a primeira semana passeando pelas locações de Mad Max em West Melbourne, o que foi incrível, mas, para mim, o ponto alto foi visitar Broken Hill e Silverton para ver as locações de Mad Max 2.

Chegamos a Broken Hill, depois fomos a Silverton para ver o pôr do sol no mirante Mundi Mundi, locação da perseguição de abertura e do clímax do filme. Foi de tirar o fôlego. Foi aí que eu soube que tinha que morar aqui, senti como se tivesse chegado em casa.

Então, depois de dois anos, eventualmente nos mudamos para Adelaide, o que era parte das exigências para o visto, mas passei a maior parte do meu tempo livre viajando as seis horas até Broken Hill e Silverton.

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Eu pressionava minha esposa, Linda, para nos mudarmos para Broken Hill ou Silverton, mas já estava sendo difícil para ela, que tinha se mudado para o outro lado do mundo, para longe da família de que ela sentia muita falta, então decidi me conformar e viver feliz a seis horas de distância de lá. Não tenho uma família muito próxima no Reino Unido, então eu não tinha os mesmo sentimentos que a Linda – e mais: eu estava no paraíso Mad Max.

Depois de três anos em Adelaide, Linda mudou de ideia e aceitou se mudar para Silverton depois que uma propriedade de lá ficou disponível. Na época, a população de Silverton era de cerca de 50 pessoas. Hoje são só 35.

A casa que compramos era uma construção de 1887 e precisava de várias reformas, mas vinha com um bom pedaço de terra, perfeito para minha ideia de construir um museu Mad Max.

Quando você conseguiu abrir o museu oficialmente?
Começarmos a trabalhar no museu em 2009. Tivemos que construir a estrutura toda, que tinha 9 metros de largura por 30 de comprimento. Atualmente estendemos isso mais 9 metros para acomodar displays extras. O museu abriu em setembro de 2010 e, com os anos, cresceu até o que é hoje, graças à generosidade de pessoas que nos trouxeram adereços do filme. Ainda estamos crescendo!

Silverton é uma cidade muito pequena no meio do Outback Australiano. Às vezes você acorda e sente que está mesmo dentro do Mad Max? Como é morar num ambiente tão desolado?
Silverton é uma antiga cidade de mineiros que parece ser isolada, mas na verdade fica a 22 quilômetros de Broken Hill, que tem uma população de 18 mil habitantes. Silverton é lindíssima, e você logo entende porque os cineastas são atraídos por esse lugar. Na média, Silverton recebe cerca de 120 mil visitantes por ano, então não temos tempo de ficar entediados.

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Como você se tornou um fissurado por Mad Max?
Dois amigos, que já tinham visto os filmes na noite anterior, ficaram me falando sobre esses filmes de “motoqueiros”. Eu tinha 18 anos na época e estava envolvido em construir e dirigir motocicletas customizadas. Então, depois de um pouco de persuasão, eles me convenceram a assistir aos dois filmes. Eu estava mais interessado em sair de moto atrás de um pub e umas cervejas.

Da abertura de Mad Max até os créditos de encerramento de Mad Max 2, meu queixo ficou no chão. Eu não acreditava no que eu tinha visto, o efeito que os filmes tiveram em mim foi inacreditável. Aqueles eram os filmes mais originais que eu já tinha visto… e a Austrália! Eles não saíam da minha cabeça. Eu não conseguia pensar direito. Eu só conseguia pensar nos dois filmes. Quem tinha produzido? Quem eram os atores?

E o que aconteceu depois?
Em 2000, comprei um Australian Falcon no Texas e consegui fazer ele ser entregue na Inglaterra. Nos 18 meses seguintes, transformei-o num Interceptor, o carro que o Max dirige nos dois filmes. A única réplica na Europa na época. Mas minha verdadeira ambição era visitar as locações dos primeiros dois filmes.

Como você conseguiu todas as coisas que tem em exposição? Acredito que, especialmente no caso do primeiro filme, eles não tinham um sistema de armazenamento de adereços?
Muitas das coisas que temos em exibição são compradas, alugadas ou doadas por pessoas que acabaram com essas peças ou que trabalharam no filme. Alguns itens nós achamos [fuçando] nas locações.

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Quantas peças você têm na coleção?
É difícil dizer, mas estamos quase sem espaço!

Qual a coisa mais rara que você tem?
Dois itens em particular são muito valiosos para mim: o bumerangue e a caixa de música originais do Feral Kid no filme.

Claro, o Mel Gibson era uma parte importante da franquia. O número de visitas sofreu uma queda depois que ele pirou?
Para a maioria dos fãs, Mad Max era mais as manobras, os carros e a ação, não o Mel Gibson. Ele está ótimo no papel, mas ele não carrega os filmes. Mesmo que ele esteja passando por um período ruim na sua vida, isso não afetou o museu e os fãs no filme. Ainda acho que Mel Gibson é um ótimo ator e um diretor talentoso e que ele ainda tem muito a oferecer no futuro no que diz respeito à sua filmografia.

O que você achou quando o papel do Max em Mad Max: Estrada da Fúria foi para Tom Hardy?
Quando ouvi que o Tom Hardy tinha sido escalado para o filme novo fiquei eufórico. Não consigo pensar num ator melhor para dar vida ao reboot. Tom é um ator incrível, a presença dele na tela atrai o espectador. Ele rouba todas as cenas. Ele vai dar um ótimo Max.

Você já viu o trailer de Estrada da Fúria? O que você achou? Você está ansioso para ver o filme ou ainda se sente um pouco cético?
Este filme vai ser incrível. É o filme que o George Miller queria fazer todos esses anos, mas não tinha o orçamento ou a tecnologia. O que temos que perceber é que, apesar deste ser o quarto filme, ele não é realmente uma sequência dos outros três. É um novo Max baseado no Max que já conhecemos e num mundo com o qual já estamos familiarizados, mas atualizado para os tempos de hoje. É assim a que o filme deve ser assistido.

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Há muita preocupação que o filme não tenha a mesma sensação dos outros, mas estamos falando de 30 anos. O cinema mudou dramaticamente desde então. É um filme de grande orçamento, e, se podemos acreditar no trailer, vai ser um passeio e tanto. Eu te digo uma coisa: vou ser o primeiro na fila do cinema no dia da estreia.

Você acha que as visitas ao museu vão aumentar depois do lançamento de Estrada da Fúria?
Sim, acho que as visitas vão aumentar com os lançamentos dos novos filmes. Acho que eles vão introduzir o fenômeno Mad Max a um novo público e gerar interesse pelos três primeiros filmes de novo.

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Tradução: Marina Schnoor