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Tecnologia

Conheça Mira Ruido, o Artista Surrealista de Ficção Científica

Joseba Elorza, mais conhecido como Mira Ruido, adiciona ficção científica às suas colagens.

Mira Ruido é uma combinação de duas palavras em espanhol que significam "olhe" e "ruído", respectivamente (mas isso você já tinha deduzido, né?). Mira Ruido também é o pseudônimo do ilustrador espanhol Joseba Elorza. Conhecido por seu trabalho de colagem influenciado pela ficção científica, que apresenta proporções e paisagens surreais, as ilustrações de Ruido já apareceram em revistas como Esquire e New Scientist, entre uma série de outras publicações.

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Em seu trabalho Astronaut, Ruido imagina o caminhar pelo espaço como um esporte com plateia. Um enorme ser humano flutuando em cima de um tornado em Tornado. E, em Trapped, um homem encontra-se no interior de um casulo geométrico luminoso e claro, com vastas planícies, montanhas e o espaço ao seu redor. É o tipo de trabalho de colagem que desperta a imaginação.

Ruido começou a fazer colagem digital e vídeos quando seu irmão trouxe um MacBook para casa. Ele sempre quis se expressar criativamente, então instalou um software de edição de imagem e começou a fazer algumas coisas. Não satisfeito com suas habilidades de desenho, Ruido se focou na colagem digital para contar histórias. Mais tarde, ele aprendeu a animar suas composições, o que levou a fazer obras por encomenda.

Embora a ficção científica seja uma influência vital, Ruido acredita que outros dois movimentos artísticos anárquicos do início do século 20 contribuíram mais em seu olhar e processo de colagem e animação.

"Eu diria que minhas influências no mundo da arte estão mais ligada ao Surrealismo e ao Dadaísmo, com artistas como René Magritte e Max Ernst, do que com o mundo da ficção científica," Ruido me disse. "No entanto, um filme como 2001: Uma Odisséia no Espaço é muito inspirador".

Junto com Stanley Kubrick e Ridley Scott, Ruido adiciona Katsuhiro Otomo como uma influência. Ele diz que há um "aroma de ficção científica" em suas obras porque o estilo é um grande parceiro das tendências surrealistas. Brincando muito com escala, Ruido faz figuras monstruosas em cidades anãs com paisagens do campo. Em Lost, por exemplo, uma criança enorme é mostrada entre montanhas com um sol gigantesco pendurado em seu ombro direito.

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"Brincar com a escala dos elementos é apenas uma maneira de distribuir o poder dentro da imagem -- é um jogo de forças", disse. "Você pode usá-lo para criticar, para fazer as pessoas rirem ou apenas para destacar o significado da imagem". Tem um toque de Terry Gilliam em suas imagens, especialmente no que diz respeito às proporções, e uma pitada ocasional de humor nas colagens, embora o estilo de Ruido seja mais purista do que a obra característica de Gilliam.

"Eu acho que a ficção científica usa a ciência precisamente para dar autenticidade a uma história particular, um ponto de partida para trabalhar em histórias inimagináveis​​", me disse o artista. "Eu tento fazer o mesmo com o meu trabalho, onde você sempre vai ver elementos conhecidos em situações irreais ou provocantes. Não se trata de criar algo do zero, mas imaginar novos mundos com os pés firmemente plantados no chão".

Como um artista (e um geek, de acordo com a sua namorada), Ruido está sempre atento aos hardwares e softwares mais recentes, tanto para o seu trabalho como para sua vida. Ele não nega que há uma "atitude consumista infeliz" envolvida na aquisição de novas tecnologias, mas ele não parece muito incomodado com isso. Este impulso o leva a visitar diariamente blogs de tecnologia, ciência e de descobertas espaciais como fontes de ideias.

"Apesar de ser absolutamente incapaz de entender muitos conceitos ou de imaginar a imensidão que temos lá fora, tudo o que acontece fora do nosso planeta me atrai", disse. "É incrível saber que não somos nada além de poeira cósmica".

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Recentemente, Ruido foi contatado pela banda Air Review para dirigir o clipe da música "Young". Já que a canção traz temas da infância e do caminho para a maturidade, o artista decidiu fazer esse caminho de forma literal, mostrando a criança correndo em direção a um futuro desconhecido.

"Eu fiquei grato pelo tema ser a infância, porque há muito espaço para a criatividade, para saltar de nossa realidade para mundos diferentes", conta. "Então eu tentei procurar em filmes antigos e fotos de domínio público os elementos necessários para contar a história. E comecei um trabalho mais minucioso e técnico tentando combinar essas imagens da forma mais estética possível".

O resultado é um vídeo em grande parte horizontal que nos leva através de paisagens e cidades imaginárias, povoadas por cabeças gigantes, senhoras dormindo, multidões numerosas, planetas impossivelmente pequenos e veículos que lembram o estilo de Michel Gondry. Em uma cena, uma lua gigantesca viaja em sincronia com a silhueta de um menino correndo por um campo. Mais tarde, um esquadrão de meninos astronautas voa pelo céu noturno. (Ruido usou o Adobe Photoshop e o After Effects para criar a ilusão de colagem animada de três dimensões com movimento).

Para seus próximos projetos, Ruido planeja elaborar algumas artes de capa de discos, assim como dirigir mais vídeos de música. E, em um futuro próximo, fazer um curta-metragem, embora ele não tenha dito que tipo de história o filme seria sobre. A esperança é que ele continue com o toque de ficção científica surrealista, embora todas as outras excursões no campo da imaginação seriam muito bem-vindas.

Tradução por Sarah Germano