FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Discos: Filho da Mãe

Melodias de aflição e serenidade.

Cabeça
Edição de autor
2013 São quase quatro da manhã e, depois de uma noite em Lisboa, vou já num qualquer quilómetro avançado da A21 a caminho de casa. No leitor de CD’s do meu carro roda o novo Cabeça de Filho da Mãe. Ao fundo, ergue-se o convento de Mafra, projectado pela sua iluminação, enquanto se ouve a faixa dez do disco, “Um Monge às Costas”, a bom volume nas colunas deste Volkswagen. Se este tema do alter-ego de Rui Carvalho se enquadra perfeitamente neste cenário (e, porque não, nesta introdução pretensiosa que o descreve), justo será dizer que qualquer uma das onze outras canções que o acompanha mereceriam de forma idêntica paisagens grandiosas como pano de fundo. Munido apenas de uma guitarra acústica e ao longo de 12 canções instrumentais, Filho da Mãe faz mais do que algumas bandas poderão ambicionar em discografias inteiras. Ora nos leva por suaves arpeggios que invocam os estados de espíritos mais relaxados, ora nos guia entre labirintos sonoros de ritmos desconcertantes, urgentes e vorazes. Se já em 2011 com Palácio Filho da Mãe nos dava a conhecer o seu constante duelo com a guitarra, neste final de ano, Cabeça traz-nos um confronto mais preciso e apurado, de onde nos são dadas belas melodias de aflição e serenidade com uma força irresistível.