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Os odores mais repugnantes, fortes e insólitos que o nosso corpo é capaz de emanar

As bactérias que produzem o chulé são as mesmas apodrecem parcialmente o queijo que comemos.

O corpo humano é um mistério, mesmo que todos tenhamos visto Era uma vez o corpo humano durante a nossa infância. Parte dessa oceânica ignorância deve-se ao filtro do politicamente correcto: os aspectos mais sórdidos e grotescos do nosso corpo silenciam-se, maquilham-se e auto censuram-se (há quem preferisse não continuar a ler este artigo).

Este pudor torna-se muito mais vergonhoso que ter hemorróidas, quando começamos a farejar todos os aromas que podemos emanar. Por isso, para os mais corajosos, respirem fundo, que vamos submergir-nos no misterioso mundo dos perfumes corporais.

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Beijos de esgoto

Normalmente não recorremos a argumentos religiosos, morais ou anatómicos para plantar um beijo na nossa amada (para praticar sodomia,sim), mas as bocas humanas podem chegar a ser aterros sanitários.

Este contra-senso não é tão estranho quanto possa parecer. Ninguém teria nojo de dar um mega linguado a uma top model, mas talvez não tivesse tanta vontade de comer uma sopa onde ela tivesse cuspido, como investigou Paul Rozin, do Departamento de Psicologia da Universidade da Pensilvânia, um dos autores que mais estudou o nojo.

A troca de saliva também pode ser aberrante, se tivermos em conta que a composição química da saliva de cada pessoa é diferente, e que em si, é um pântano de bactérias. Os especialistas, como Erika Silleti, que tem ​o seu próprio laboratório de saliva, na cidade holandesa de Wageningen, diz que um dos odores mais repugnantes que produz o corpo humano é o que produz a saliva incubada, muito pior que o cheiro de axilas ou pés transpirados.

Como explica Mary Roach no seu livro sobre o aparelho digestivo (boca incluída) chamado Glup, nem sequer serve de nada usar um elixir bucal que promete acabar com 99% das bactérias: metade das espécies que crescem na boca não podem cultivar-se num laboratório, e as empresas só podem demonstrar que eliminam as que sim, se produzem. Todos somos vítimas de halitosis matinal que, e se cheira tão mal é porque produz, em parte, o mesmo constitui o particular odor das fezes:

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O hálito da manhã é o ácido sulfúrico libertado pela bactéria que consome as células mortas da língua, depois de passarmos oito horas a respirar pelo nariz.

O canto da Passarinha

Todos sabemos que a vagina está repleta de bactérias, mas a higiene não consiste em eliminá-las todas, apenas as prejudiciais: se ficamos sem flora vaginal podem produzir-se infecções e odores ainda mais nauseabundos, como a chamada vaginitis bacteriana, em cujo aroma podemos encontrar os seguintes compostos: trimetilamina (também conhecido como cheiro a peixe, pouco fresco), putrescina (cheiro a carne putrefacta) e cadaverina (cheiro de cadáveres em decomposição).

Uma vagina limpa não deve ser uma vagina sem cheiro, mas sim sem cheiros extremamente desagradáveis, como os que enumerei antes. Como nos explica Natalie Angier no seu livro Mujer, uma geografia íntima: uma vagina saudável liberta um odor parecido ao do ácido láctico do iogurte.

Pézinhos de requeijão

As bactérias que produzem o chulé são as mesmas apodrecem parcialmente o queijo que comemos. Por isso, em 2006, um investigador holandês ganhou o ​Ig Nobel por um estudo que mostrava que a fêmea do mosquito da malária se sente atraída pelo chulé da mesma maneira que se sente atraída pelo cheiro do queijo de limburger.

O chulé deve-se, principalmente a compostos como o ácido acético, amoníaco, ácido propiónico, ácido isovalérico (ácido 3-metil butanoico) e metanotiol (um composto com um odor parecido ao enxofre que se adiciona ao gás butano, para que podamos detectá-lo facilmente, em caso de fuga).

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Peidos de Identidade

Um dos maiores especialistas mundiais em flatulência é Michael Levitt, gastroenterologista da Universidade de Minnesota. Segundo Levitt, os peidos das mulheres cheiram pior que os peidos dos homens porque contêm uma maior concentração de sulfuro de hidrogénio. No entanto, os homens liberam um maior volume de gás com cada peido, por isso igualam odores. O seu odor, que toda a gente tenta dissimular, dá-se pela concentração de sulfuro de hidrogénio (cheiro a ovos podres), metanotiol (o enxofre dos nossos pés) e o sulfato de dimetil (cheiro adocicado).

Cada peido tem um cheiro ligeiramente diferente. Alan Kligerman, vencedor de um Ig Nobel de Medicina em 1991, diz que os peitos poderiam funcionar como uma impressão digital.

Urina

O odor da nossa urina pode chegar a ser repugnante, se comemos espárgos, couve, couve-flor ou alho. Mas às vezes, a nossa urina cheira tão mal que talvez se trate de uma infecção urinária. A urina, assim como a vagina, pode chegar a cheirar a peixe, e nesse caso estamos perante um transtorno metabólico conhecido como cheiro a peixe, ou na sua versão técnica, trimetilaminuria.

Cheiras a tigre

As pessoas cuja urina cheira a peixe, têm uma transpiração com um cheiro parecido. Nesse caso, talvez não seja o sintoma de uma doença, mas um excesso de suplementos vitamínicos ou de colina, um tipo de vitamina B.

O suor também pode cheirar a urina ou a amoníaco, o que sugere uma doença renal ou hepática. Por isso não é estranho que muitos médicos, em tempos idos (felizmente), cheirassem os seus pacientes antes de diagnosticar-lhes algumas doenças, como nos explica Joan Liebmann-Smith no seu livro Ouve o teu corpo: "Antigamente muitos médicos cheiravam os seus pacientes para detectar doenças. A rubéola cheirava a penas, a difteria tinha um aroma doce, o tifo cheirava a pão quente e a escrófula (a tuberculose das glândulas linfáticas) a cerveja rançosa.

Todo o nosso corpo sua, à excepção dos lábios, as unhas e algumas partes da vagina e do pénis. A maioria das glândulas sudoríparas concentram-se nas axilas e nas palmas das mãos. O odor das axilas é geralmente desagradável, mas podemos disfarçá-lo com um bom banho ou desodorizantes, anti-transpirantes ou perfumes. O mesmo não acontece às pessoas que sofrem de bromidrose ou omidrose, cuja pele libera um odor tão desagradável, que é impossível dissimulá-lo.

O Sergio Parra escreve em ​montes de sítios e é o autor de "300 lugares de verdad que parecen de mentira".

Imagens: P​ixabay