De Bar em Bar e de Foto em Foto, 6ª Mostra SP de Fotografia.

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De Bar em Bar e de Foto em Foto, 6ª Mostra SP de Fotografia.

Se embebedar de bar em bar é um padrão dos rolês pela Vila Madalena, em São Paulo. Mas de 11 de junho a 11 de julho, além de tomar um porre, a rapaziada vai poder curtir uma das exposições de fotografia mais interessantes da cidade de São Paulo, a...

Se embebedar de bar em bar é um padrão dos rolês pela Vila Madalena, em São Paulo. Mas de 11 de junho a 11 de julho, além de tomar um porre, a rapaziada vai poder curtir uma das exposições de fotografia mais interessantes da cidade de São Paulo, a 6ª Mostra SP de Fotografia.

Distribuídas pelo bairro, as obras de 81 fotógrafos poderão ser vistas em paredes de galerias, cafés, restaurantes, bares e escritórios de arte, além de muros autorizados.

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Uma das novidades da mostra é o fotógrafo Antônio Emygdio, que documentou, com retratos de uma sensibilidade única, os imigrantes haitianos recém-chegados no bairro do Glicério, em São Paulo.

Troquei uma idéia com o Antônio sobre esse ensaio que será exposto lindamente em enormes lambe-lambes pelos muros do bairro e para quem não vai conseguir colar, um aperitivo das fotos vai aqui.

VICE: Como foi o processo de documentação?
Antônio: Durante a quinta Mostra SP de Fotografia, rolou um workshop com o pessoal da Agência Magnum. Esse workshop foi de uma semana, e tínhamos que desenvolver um trabalho. Minha ideia foi documentar os imigrantes. Por que fotografar imigrantes? Além do tema estar em discussão, eu também já fui imigrante, morei nos EUA e na Alemanha, o que me fez viver um pouco dessa dificuldade.

Fiquei sabendo do Glicério, conversei com o padre Paulo e ele topou. Passei uma semana fotografando.

O Moisés Samam, da Magnum, deu a ideia dos retratos: eu queria mostrar a beleza dessas pessoas e a humanidade delas, mostrar que elas não são só mais uma estatística. Eu queria que, quem está olhando a foto, visse olho no olho, se colocando, de uma certa forma, no lugar deles; mostrar que são pessoas comuns buscando uma melhor qualidade de vida, como todo mundo busca.

Você teve alguma preferência na escolha dos retratados?
Não tive preferência na escolha, fotografei quem estava lá; então, tinha gente que tinha acabado de chegar e tinha gente que estava ali há um tempo, indo todo dia para a igreja esperando um emprego. Não fotografei apenas os haitianos. As fotos dessa exposição são dos haitianos, mas o trabalho envolveu chilenos, africanos…A grande maioria são de haitianos.

Depois de fazer as fotos, enviei os retratos para todos que tinham e-mail e fiz uma cópia impressa das fotos, o que, no final, virou uma pequena exposição na igreja, queria que eles se vissem bonitos, depois eu dei as fotos para quem estava lá.

Quais foram os seus sentimentos, durante esse trabalho, tendo sido imigrante também?
É um misto né? Ao mesmo tempo que eu me coloco no lugar deles e sei parte da dificuldade pelas quais eles estão passando, eu me sentia impotente, pois eu não podia fazer muita coisa para ajudar, então, o fato desse trabalho agora estar sendo exposto e talvez servir como conscientização me da um retorno muito legal pois pode ser uma ajuda para essas pessoas: muitos deles me perguntavam se eu conhecia alguém que podia arrumar um emprego. Poucos me pediram dinheiro; então, mesmo me colocando no lugar deles, eu não podia fazer muita coisa.