Refugiados nos Contaram como É a Vida Depois de Chegar à Alemanha

FYI.

This story is over 5 years old.

Noticias

Refugiados nos Contaram como É a Vida Depois de Chegar à Alemanha

Inúmeras pessoas que arriscaram suas vidas e deixaram tudo para trás continuam sofrendo um pesadelo kafkiano, se arrastando através do sistema complexo e errático da burocracia alemã para ganhar asilo. E elas ainda podem ser deportadas.

Todas as fotos pelo autor.

"Eu achava que a Alemanha era o paraíso. Todo mundo achava que, assim que você chegasse em Berlim, tudo ficaria bem", diz Ahmed Kannan. O imigrante sírio de 19 anos é um dos quase 1,5 milhão de refugiados que devem entrar na Alemanha até o final do ano. Apesar de se sentir sortudo por ter conseguido chegar a Berlim – cerca de 3 mil pessoas morreram cruzando o Mediterrâneo apenas neste ano –, Ahmed pergunta a si mesmo a mesma coisa que muitos outros imigrantes no país: e agora?

Publicidade

A crise de imigração na União Europeia tem sido uma das questões globais mais problemáticas de 2015, com milhões de pessoas deixando países assolados pela guerra, como Síria, Afeganistão e Kosovo, milhares morrendo na fuga para um lugar seguro e países, como a Alemanha e a Áustria, tentando achar uma solução para lidar com o influxo de deslocados.

Entretanto, enquanto os líderes políticos deliberam sobre quem pode entrar e como realizar esse processo, inúmeras pessoas que arriscaram suas vidas e deixaram tudo para trás a fim de tentar chegar a Berlim continuam sofrendo um pesadelo kafkiano, se arrastando através do sistema complexo e errático da burocracia alemã para ganhar asilo. E elas ainda podem ser deportadas.

As histórias dos refugiados nunca são iguais, e ninguém compartilha a mesma experiência de purgatório na espera para começar uma nova vida na Europa. Isso leva dias para alguns e meses para outros.

Cada pessoa começa passando pelo Landesamtfür Gesundheitund Soziales (LaGeSo), o Escritório Estadual de Saúde e Assuntos Sociais. O LaGeSo lida com questões dos refugiados como moradia, seguro-saúde e vale-transporte. A organização também informa quando os refugiados podem oficialmente pedir asilo e residência alemã através do Bundesamtfür Migration und Flüchtlinge, o Escritório Federal de Migração e Refugiados – um status necessário para conseguir uma casa e um trabalho. Se essa sequência de escritórios parece confusa para você, imagine para um refugiado traumatizado que não fala alemão ou inglês. Essencialmente, o LaGeSo é o primeiro de muitos postos de controle burocráticos onde os refugiados precisam chegar para poder ficar legalmente no país.

Publicidade

Em frente à sede do LaGeSo, os refugiados recebem uma senha e ficam em filas do começo da manhã até bem depois que o sol se põe, esperando serem registrados para ter acesso a acomodações ligeiramente melhores em acampamentos superlotados nos subúrbios de Berlim. Mas uma senha pode levar semanas para ser chamada, o que obriga os refugiados a esperar em frente ao LaGeSo por horas sem fim, enquanto o dia vai ficando mais e mais frio. Chegando aos acampamentos, eles precisam ficar ali até que a LaGeSo os ajude a pedir residência no Escritório Federal de Migração e Residência – o que pode acrescentar meses ao deslocamento dos imigrantes.

Só que mesmo esperar é estressante. O número de pessoas chamadas varia a cada dia, e, se você sair da fila por cinco minutos, pode perder a chance de se mudar para os acampamentos do subúrbio. Além disso, a mistura de barreiras linguísticas, preconceitos raciais e estresse extremo entre imigrantes, funcionários do governo e voluntários é uma bomba-relógio de angústia emocional e confusão.

O LaGeSo não abre aos finais de semana; então, em vez de esperar na fila para o registro ser processado e, com sorte, conseguir se mudar para acomodações melhores, os refugiados frequentemente ficam sem opções. Para compensar a falta de infraestrutura do governo, cidadãos comuns de Berlim começaram várias organizações de base para fornecer alojamentos mais confiáveis, comida e outras doações para os necessitados.

Publicidade

Enquanto eles esperam ansiosamente para entrar oficialmente em Berlim, o fotógrafo Alexander Coggin e os tradutores Qudsija Ansary e Yasmine Jamal falaram com alguns imigrantes atolados em vários estágios do processo de pedido de asilo. Alguns passaram pelo LaGeSo e estão vivendo em campos de refugiados, outros estão há dias em frente ao prédio do governo, esperando sua senha ser chamada para entrar nos acampamentos, enquanto alguns poucos já passaram pelo purgatório e estão começando suas novas vidas. Essas são as histórias que eles nos contaram sobre suas jornadas até Berlim, e isto é o que aconteceu com eles desde que chegaram aqui.

Sarah Kohestani (direita), 38 anos, Afeganistão

Dias em Berlim: 14

"Saindo do Afeganistão, tivemos um acidente. Estávamos viajando num caminhão com 40 pessoas, e minha perna queimou no motor do caminhão. Eu estava sentada no motor, e ele foi esquentando e esquentando, mas eu não podia me mexer porque a caçamba estava superlotada; logo, minha perna queimou por quase duas horas. Isso foi na fronteira entre Irã e Turquia; assim, não tínhamos a opção de um médico no resto da jornada. Eu não conseguia andar, e minha ferida foi ficando maior e maior, mas ninguém se importou. Todos me disseram para ir imediatamente à Alemanha, porque haveria muitos médicos, porém ninguém me ajudou, e estamos aqui há duas semanas. Não recebemos nem remédios. Só quero um lugar onde eu possa realmente dormir e ver um médico."

Publicidade

Aws, 30 anos, de Homs, Síria, e Steven, 24, Aleppo, Síria

Dias em Berlim: 30

"Quando chegamos a Berlim, procuramos um lugar para dormir, mas fomos mantidos num acampamento que tinha mais de 60 pessoas num salão. Ficamos lá três noites, e não havia comida suficiente. Voltamos ao LaGeSo e conhecemos uma garota alemã. Eu disse a ela que estava com meu namorado e que não queríamos voltar para o acampamento porque eles podiam notar [que somos gays], e isso é perigoso. Ela me apresentou a outra garota que nos arranjou um lugar perto do LaGeSo. Contamos a ela sobre ameaças que recebemos uma vez por andar de mãos dadas durante a jornada até Berlim e dissemos que ainda estávamos com medo. Ela nos ajudou a achar um lugar e nos deu dinheiro para sapatos. Ela também nos ajudou a comprar passagens de ônibus e verificou nossos documentos.

Agora, estamos vivendo com um cara em seu apartamento. Pessoas LGBT estão nos ajudando. Eles se sentem responsáveis por nós. Ainda estamos esperando o LaGeSo chamar nosso número. Depois que formos residentes, gostaríamos de nos casar. É um país livre, e agora podemos nos beijar e sermos abertamente gays na frente de outras pessoas. Gostaríamos de trabalhar e aprender – não viemos aqui para receber dinheiro do governo. Queríamos estar num país livre, porque não podemos ser nós mesmos num país árabe."

Joud, 24 anos, de Damasco, Síria

Dias em Berlim: 30

"Eu estava no time sírio de futebol e decidi sair do país quando minha namorada foi assassinada. Saí da Síria a pé, o que levou 22 dias. Acabei viajando da Turquia para a Grécia num bote pequeno, com 37 outras pessoas. As ondas eram tão fortes que a água acabou levando uma criança. Ele tinha dois, talvez três anos. E o barco não parou. Se tivesse parado, 37 pessoas teriam morrido. Então, pulei na água e agarrei a criança. Vi uma ilha chamada Samos e nadei uma hora com a criança nos meus braços. Eu estava usando jeans, e estava muito difícil nadar. O mar estava muito gelado, e pensei que a criança tinha morrido porque tinha bebido muita água. Quando cheguei à praia, comecei a apertar o peito da criança, a água saiu e ela continuou tossindo. Tirei minha camisa e o enrolei nela para tentar aquecê-lo. Percebi que não havia nada na ilha. Comi o que achei nas árvores. Peguei água do mar, molhei minhas roupas e as deixei secando no sol para o sal evaporar e podermos beber a água. Depois que estávamos bem, carreguei a criança e comecei a cruzar a ilha. Subi nove montanhas, seguindo a trilha de animais. Quando finalmente cheguei à delegacia de polícia do outro lado da ilha, eles me levaram para o hospital e encontramos os pais da criança. Fui a Atenas e depois andei até a Macedônia, Sérvia e Hungria. No caminho para a Hungria, peguei um caminhão de contrabandistas. Havia muitas pessoas apertadas na caçamba, mas sentei na frente com o motorista. A polícia nos parou, e o motorista colocou uma faca no meu pescoço e seu celular no meu bolso. Quando a polícia se aproximou, ele jogou a faca fora. Eles viram meu celular e pensaram que eu era o contrabandista, porque havia vários números de pessoas da Sérvia. Eles me prenderam por uma semana e me bateram, até me chicotearam quando eu estava amarrado. Acabei pagando 50 euros para que eles me soltassem, e eles me deram documentos húngaros. Eu fui a Budapeste e fiquei num hotel.

Publicidade

No dia seguinte, quando eu estava indo embora, abri a porta e a polícia estava lá. Fiquei feliz em mostrar meus documentos, porém eles disseram que eles tinham expirado. Os documentos que recebi expiraram depois de um dia! Eles me prenderam de novo por dois dias. Quando me deixaram ir, fui à Áustria. Assim, achei um contrabandista para me levar para a Alemanha. Quando chegamos, a polícia prendeu o contrabandista, que era italiano, e nos levou para uma delegacia. O policial alemão era bom e diferente. Ele até nos disse "Vocês estão na Alemanha, estão salvos". Perdi muitas coisas no caminho, mas vou começar de novo. Posso fazer isso. Mesmo se for difícil. Nada é impossível. Depois de tudo, vou começar cursos de alemão e tentar terminar meu mestrado em Finanças. Posso fazer isso."

Ali Ahmad, 37 anos, do Afeganistão

Dias em Berlim: 10

"Saí do Afeganistão 28 dias atrás. Vim com um contrabandista: primeiro, de caiaque; depois, num barco maior; e, depois, a pé. Não sei exatamente quando cheguei à UE. Estou em Berlim há 10 dias. Tenho parentes que moram aqui; logo, estou ficando com eles. Vim com minha esposa e dois filhos. Pagamos oito mil dólares ao contrabandista por mim, oito mil dólares pela minha esposa e quatro mil para cada um dos meus filhos. Também tivemos de pagar pela comida porque o contrabandista não nos alimentava. Trouxemos alguma comida, mas não era o suficiente para 28 dias de viagem. Eu poderia ficar sem comer, mas meus filhos, não; assim, os alimentamos primeiro. Venho ao LaGeSo todo dia e fico na fila das 8 às 19 horas. Se eu sair por cinco minutos, tenho medo de que chamem meu número e eu perca a chance de ter o processo emitido pelo governo."

Publicidade

Kathem e Wjidan Selim e seus filhos (Muemel, 15 anos; Ahmed, 13; Abrar e Anwar, de 8) de Basra, Iraque

Dias em Berlim: aproximadamente 60

Kathem Selim: "Eu trabalhava numa clínica e num hospital como enfermeiro no Iraque. Antes de sairmos do país, um grupo militar veio até a clínica e pediu para que seus homens fossem tratados de seus ferimentos sem que reportássemos às autoridades. Fiquei com medo; logo, disse não. Se eles fossem um grupo oficial, podiam ir até um hospital normal. Eles me bateram na cabeça, me espancaram e tive de largar o trabalho na clínica por causa de ameaças. Duas semanas depois, eles sequestraram minha filha. Eles a levaram da frente de casa. Tentamos encontrá-la com algumas de suas amigas, mas não conseguimos. Três horas depois, recebi uma ligação de um número bloqueado. Um homem disse que estava com a minha filha e que queria US$ 5 mil para soltá-la. Não tínhamos o dinheiro.

Implorei que ele não a machucasse, porque ela era só uma criança! Ele falou que, como eu não queria tratar aquele grupo, eles a levaram. Minha esposa estava grávida e abortou por causa do choque. Minha filha ficou desaparecida por três dias. Em seguida, eles me ligaram e disseram que eu ia encontrar o corpo dela na minha porta. Eles acharam que ela estava morta, porém estava apenas inconsciente e com o corpo queimado. Eles também enfiaram coisas nela. Ela mal estava respirando, mas conseguimos ressuscitá-la. Tive medo de levá-la ao hospital, achando que eles poderiam nos encontrar lá. Levei-a para a casa do meu cunhado e a tratei lá. Ela levou seis meses para se recuperar e ficou cega por um tempo por causa do trauma.

Publicidade

Isso fui um ano atrás. Ficamos com muito medo de permanecer na área; por isso, nos mudamos várias vezes dentro do Iraque. Acabamos pagando US$ 20 mil para que nossa família fosse trazida para a Alemanha. Não sabíamos aonde ir; então, decidimos vir para a capital. Nos entregamos para a polícia quando chegamos a Berlim. Desde então, nos registramos no LaGeSo, embora não recebamos dinheiro, identidades alemãs ou assistência médica ainda. Temos a data marcada para o processamento, mas isso é sempre adiado. Temos de voltar ao LaGeSo amanhã.

Queremos estabilidade e segurança para nossos filhos. Queremos que nossos filhos tenham uma educação e um futuro. Eu gostaria de trabalhar com a profissão médica e ajudar as pessoas de novo. Quero agradecer à Alemanha. Eles merecem muito respeito pela humanidade que estão mostrando nessa crise. A Alemanha tem um governo respeitoso, vindo de um povo respeitoso."

Siwar Rasho, 19 anos, de Alepo, Síria

Dias em Berlim: aproximadamente 60

"Sou de Alepo e acabei de fazer 19 anos. Saí do país porque havia pressão para eu me juntar ao exército [as Forças Armadas Sírias de Assad], e eu não queria fazer isso. Fui à Turquia e tentei arrumar um trabalho, mas era difícil porque os sírios são explorados na Turquia. Eu não tinha dinheiro para pegar o barco até a Grécia; e, quando você não tem dinheiro, eles oferecem que você seja o piloto do bote. Me deram drogas para eu não ter medo de pilotar. Eram pílulas – não sei o que exatamente. O bote tinha um motor pequeno, e havia 48 passageiros. Deveriam ser só 20 pessoas. Cada pessoa tinha pagado US$ 1.200 para cruzar o mar. Saímos à meia-noite, e eles me disseram para seguir a luz da lua, [falaram] que, depois de quatro horas, eu veria duas ilhas. Uma ilha teria uma luz vermelha, e outra não teria luz. Eles disseram para ir à ilha com a luz vermelha. Não tivemos problemas com o bote no caminho.

Publicidade

Quando chegamos à ilha, ficamos num acampamento; depois, recebemos um cartão para um barco que nos levaria para Atenas. Chegamos à capital grega e andamos até a Macedônia por trilhas. Continuamos viajando e acabamos chegando à Hungria, onde fomos pegos e mandados para um acampamento. Alguns dias depois, eles nos levaram para tirar nossas impressões digitais. Eles batiam em todo mundo, incluindo mulheres, que se recusasse a tirar as impressões digitais. Quando chegou minha vez, peguei a máquina de impressões digitais e a joguei da mesa. Eles me espancaram e bateram em mais dez amigos. Ficamos presos por dez dias. Não nos deram comida ou água. Eles tiraram nossas impressões e nos deixaram ir, porém eu não tinha nenhum dinheiro.

Peguei trens na Áustria, em Munique e em Berlim: eu ficava escondido no banheiro o tempo todo. Fui pego entre Munique e Berlim e levei uma multa de 450 euros. Ainda não paguei. Também tenho uma conta médica porque fui picado por uma abelha e meu braço inchou. Fui para o hospital e agora tenho de pagar a conta. Levei um mês e meio para ter o asilo garantido em Berlim. Quero trabalhar de novo. Eu também ia gostar de começar um grupo de rap. Depois, [quero] me casar e ter uma vida."

Inana Alassar, 20 anos, Síria

Dias em Berlim: aproximadamente 60

"Estou aqui há quase dois meses e sou da Síria. Levei 25 dias para chegar aqui. Berlim sempre foi o lugar para onde eu queria vir. Meu primo está aqui há seis anos e tem sua própria casa; assim, eu sabia que teria um lugar para ficar enquanto esperava pelo asilo. No entanto, chegar ao país é um processo nojento. Um processo que acaba com os nervos e a paciência. Foi uma loucura, e você se sente como se estivesse perdida e sem chão. É loucura, pois você sente que sua vida foi pausada, sabe? É horrível. Agora, estou ficando com uma senhora de 49 anos que me ofereceu um quarto vago em seu apartamento. Minha mãe está ficando com meu primo, e minha irmã conseguiu moradia através da LaGeSo bem rápido porque é menor de idade.

Publicidade

Quando cheguei aqui, foi a primeira vez na vida que me senti abençoada porque sou lésbica. É ilegal ser gay na Síria. Você é preso. Você se sente perdido e deprimido o tempo todo, como se você fosse amaldiçoado por ser gay. Era quase como ser enterrada viva, e a paranoia faz você estar sempre olhando por cima do ombro, o que se torna sufocante.

Aqui, me sinto muito abençoada. É demais, porque é quase como um sonho, quase bom demais para ser verdade. Poder ser quem eu sou é maravilhoso. Depois que tudo isso acabar, eu gostaria de estudar canto, me tornar uma cantora profissional e ter meu próprio apartamento, quem sabe com alguém. Estou realmente ansiosa pela parte de encontrar alguém."

Ahmed Almasri, 24 anos, de Alepo, Síria

Dias em Berlim: 60

"Dormi uma semana no prédio da LaGeSo, onde os refugiados são registrados antes de pedir asilo. Eles me deram um voucher para um hotel; logo, fiquei lá por um tempo, mas tinha de ser menos de 50 euros por noite, porque o custo seria reembolsado pelo governo alemão. Saí procurando outro hotel por conta própria, porém todos os lugares disseram não. Eles dizem não porque o hotel só é reembolsado depois de dois anos – se for um dia. Todos os lugares disseram não. Eu falei ao pessoal do LaGeSo que não havia lugar para ficar, e eles disseram que isso era problema meu: eu tinha o voucher, e agora era minha responsabilidade achar um hotel. Fora do LaGeSo, há contrabandistas que sabem os hotéis que aceitam refugiados: eles te levam lá por uma taxa de 20 ou 30 euros por pessoa.

Continuei dormindo na frente do LaGeSo, e o número de pessoas lá foi aumentando. A mídia começou a prestar atenção, e, quando os jornalistas começaram a tirar fotos, eles finalmente levaram mais pessoas para os acampamentos de ônibus. Agora, quero trazer os membros da minha família para cá. Só que minha família na Síria precisa de passaportes. A LaGeSo tem árabes ajudando com os documentos, mas eles atrasam o processo. Eu preferia que os alemães cuidassem dos documentos porque haveria menos discriminação."

Ahmed Kanaan, 19 anos, de Kobanî, Síria

Dias em Berlim: 60

"Todo mundo achava que, assim que você chegasse à Alemanha, tudo ficaria bem e as coisas aconteceriam muito rápido. Achamos que as coisas estariam prontas para nós. Achei que seria o paraíso: que você recebia um apartamento, 360 euros por mês e depois tinha permissão para trabalhar. Nada disso aconteceu. Eu só queria terminar o ensino médio."

Veja mais do trabalho do Alexander no site dele.

Tradução do inglês por Marina Schnoor.

Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.