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Notas de Um Cara na Líbia XI - Devolva Minhas Balas

Segunda-feira foi um dia relativamente devagar em Benghazi, então alguns amigos e eu decidimos fazer um pouco de treino de tiro.

Segunda-feira foi um dia relativamente devagar em Benghazi, então alguns amigos e eu decidimos fazer um pouco de treino de tiro. Estranhamente, achar balas na Líbia é mais difícil do que achar uma arma. Todo aquele lance comemorativo de atirar para o alto fez com que o preço das balas das AK-47 fossem as alturas por aqui. Quando você as acha, elas custam 2.5 dinares cada. Balas de FM (metralhadora/rifle francês), no entanto, são apenas 1 dinar cada e estão sempre disponíveis. Nos encontramos do lado de fora da casa de um amigo, onde um homem e um sedã branco estava nos esperando para vender uma arma. Ele saiu do carro para mostrar a mercadoria. Um pente circular estava no topo do barril. Ele decidiu nos dar uma demonstração atirando cegamente no bairro vizinho. Todo mundo se abaixou e deu risadinhas. O Fidel lhe deu uma bronca e o cara começou a atirar novamente.

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Depois de comprar nossa arma e munição, fomos até uma fazenda ao sul da cidade. Campos abandonado e fileiras de estufas lotadas ladeavam a estradinha. Aparentemente, os jardineiros da Líbia abandonaram o país – tudo estava descuidado. Na verdade pensei que havia ouvido um cortador-de-grama recentemente, mas eram apenas alguns rebeldes com metralhadoras andando por aí em um buggy de deserto com a nova bandeira na parte de trás.

Nunca usei uma arma quando estava no Afeganistão. Me pareceu algo anti-profissional e juvenil, mas também divertido. Armas são barulhentas. Sempre usava protetores de ouvido assim que entrava em um helicóptero no Afeganistão. Eu os amassei e coloquei dentro do ouvido. Agora quero cheirar e sentir esses instrumentos da morte. Quero atirar em garrafas d’água e vê-las estourar. Quero pixar carros e ver seus vidros quebrarem.

Ficamos rodando as armas entre nós, mas eu não conseguia acertar nada. Meu amigo acertou os alvos quase todas as vezes. Um moleque negro e um outro mais velho com um blazer apareceram do nada e riram das minhas habilidades como atirador. Então acertei uma garrafa e todos aplaudiram. Errei os alvos seguintes e minhas balas atravessaram a parede do outro lado do jardim. Qual é a opinião de um pacifista quanto a atirar como passatempo? Qual é a opinião de um pacifista quanto ao Gaddafi? Amá-lo até a morte? Quem liga. Estava experimentando a alegria de atirar balas no ar. Me fez entender por que os rebeldes amam atirar sem preocupações para o céu. Terminamos com nossas balas, dirigimos de volta ao hotel, e morremos no sofá.