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Música

A playlist para acompanhar os festejos do 33.° título

Que não te falte banda sonora para estes momentos.

O Lima espetou dois secos ao Olhanense, o Benfica matou o borrego, Jesus ressuscitou literalmente e uma rotunda de Lisboa apinhou-se de gente vestida de vermelho. O Benfica sagrou-se campeão no domingo de Páscoa, o que podia ser um sonho molhado de Salazar. Alguém pagou para colocar uma camisola vermelha na estátua do Marquês de Pombal e a zona em volta encheu-se de benfiquistas durante toda a noite. Não estive lá, mas aposto que, além dos gritos de

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ésse-éle-bê

, o que se ouviu mais foi o hino do Luís Piçarra, os UHF e, provavelmente, a Fafá de Belém.

Hoje estamos de ressaca, mas finalmente está tudo a postos para recuperar a economia do país. Por isso — e porque não quero que macem o pessoal aí do escritório com os berros do António Manuel Ribeiro ou com o

Vermelho, vermelhaço, vermelhão

— deixo-vos aqui a playlist ideal para o dia de hoje.

Panda Bear - Benfica

Esta é óbvia. Panda Bear, o dos Animal Collective, há já uns anos que se apaixonou por uma portuguesa, por Portugal e, claro, pelo Benfica. No seu álbum a solo de 2011,

Tomboy

, o norte-americano expressou o seu amor pelo clube com um tema que se chama, precisamente, "Benfica", em que canta sobre sobre querer vencer sob um sample de uma multidão a gritar no estádio da Luz — provavelmente deslumbrado pelos cânticos dos No Name Boys, só faltou mesmo a habitual provocação a Pinto da Costa. Esta música é obrigatória para hoje.

Smashing Pumpkins - Thirty Three

Na actuação dos Smashing no Storytellers, da VH1, Billy Corgan explica antes de tocar esta "Thirty Three

"

, de forma bem-humorada, que tinha planos para escrever também uma "Sixty six" e uma "Ninety nine". Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira também não se importariam nada de dobrar o número de títulos do palmarés do Benfica de 33 para 66 ou 99. Este é o tema ideal para chatear aquele tipo lá do escritório que é do Porto e está sempre a comparar o número de títulos do fê-cê-pê e os do Glorioso.

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Vum Vum - Eusébio Miúdo e Senhor

No ano em que desapareceu Eusébio, figura máxima do universo benfiquista, não podia faltar a devida homenagem. Quando morreu o Pantera Negra multiplicaram-se as músicas compostas em seu nome — dos Sheiks ao Conjunto Sem Nome —, mas tocou-se esta poucas vezes. Vum Vum, nome maior da música angolana dos sixties, deu voz a este tema que serviu de banda-sonora ao documentário de 1973,

Eusébio, A Pantera Negra

, do espanhol Juan de Orduna, em que Eusébio faz de…. Eusébio. Felizmente, o Pantera Negra tinha mais jeito para chutar a bola do que para representar e o filme é tão bom que pouca gente se lembra que existe. Mas o tema de Vum Vum tem batida afrobeat, secção de metais e coros femininos suficientes para, como diria Jorge Perestrelo, sacudir a bunda.

Steve Miller Band - Fly Like an Eagle

Esta também é óbvia. Ideal para nos imaginarmos na pele da águia Vitória, minutos antes de iniciar uma partida, a sobrevoar o estádio da Luz lotado com 60 mil alminhas a aplaudir e a gritar por nós, enquanto damos uma ou duas voltinhas pelas bancadas e aterramos sob o símbolo do clube, no centro do relvado, para comer uma bucha. Com um bocadinho de sorte, enquanto estiveres a conduzir para o trabalho, experimenta sintonizar a RFM que o mais provável é apanhares a versão do Seal.

White Stripes - We're going to be friends

Menos de um ano após o Cardozo ter empurrado e insultado o Jorge Jesus e o André Almeida, depois de um início de temporada em que já eram mais os benfiquistas que queriam ver o treinador pelas costas do que à frente dos jogos dos encarnados ou cerca de meio ano após Jan Oblak ter andado desaparecido, armado em Bruma, a querer rescindir contrato, o Benfica celebra o campeonato e, de repente, já somos todos amigos outra vez. Jesus defende Cardozo depois da sua maior seca de golos de águia ao peito, Luisão faz questão de dedicar o título ao presidente e ao treinador e Oblak tornou-se no primeiro guarda-redes estrangeiro campeão no Benfica (juntamento com Artur) e uma das novas coqueluches do reino das águias. São todos tão amiguinhos, não são?

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Xavier de Oliveira - Ser benfiquista

Xavier de Oliveira foi o Fernando Pereira dos anos 60. Fadista amador, foi sobretudo conhecido pelos seus dotes de imitador, recriando Alfredo Marceneiro, Roberto Carlos ou

o grande (ou pequeno?) Nélson Ned

. No entanto, o seu artista favorito era Luís Piçarra, de quem gravou o hino "Ser Benfiquista" num EP de sete polegadas com o selo da Orfeu. Não sei se Xavier de Oliveira era benfiquista, mas na capa do disco fez-se fotografar à frente de um estádio com uma águia que não faço ideia onde seja.

Goran Bregovic - Kalashnikov

Esta temporada o Benfica reforçou-se com uma autêntica armada sérvia. A Matic, que já cá estava (e que saiu entretanto), juntaram-se-lhe as promessas Markovic e Djuricic, Sulejmani, um desconhecido Mitrovic, Fejsa e os irmãos mais novos de Markovic e Matic (que também já foi corrido). O sérvio mais famoso do mundo da música é Emir Kusturica, mas este não seia ninguém sem Goran Bregovic, responsável pela banda-sonora dos seus melhores filmes. Entretanto chatearam-se mas antes disso, Bregovic já tinha estado numa banda mui respeitável da antiga Jugoslávia, os Bijelo Dugme, e agora limita-se a repetir a fórmula de sucesso da música cigana dos balcãs.

Helena Santos - Benfica, Benfica

Para quem costuma andar na Feira da Ladra em busca de vinis, de certeza que está farto de ver discos da Helena Santos. Também conhecida como a miúda de Odivelas, Helena Santos foi uma fadista precoce, que começou a cantar ainda gaiata e que gravou uma remessa de discos. Fados e não só. Versões da Amália, claro, mas também do "Grândola, Vila Morena" ou marchas do Benfica. Neste "Benfica, Benfica" a Interdisco deve ter tentado sacar uns trocos, pondo-a a cantar sobre os golos do Eusébio e posando em frente à águia.

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The Byrds - Jesus is Just Alright

Como não gostar de Jorge Jesus? O obreiro do título do 33.° título do Benfica tem as melhores madeixas do futebol actual, fala português das cavernas, diz que é um catedrático do futebol, substituiu o Matic pelo Manel e tanto goza com o Manuel Machado como com o treinador do Tottenhan quando os está a golear. Jesus, tal como o outro que veio pagar pelos pecados dos Homens, não deixa ninguém indiferente, seja a bem ou a mal. Como diria Fernando Mendes, n'O Preço Certo, "é um espectáculo". Ou como diriam os Byrds nesta versão de 69 de um

standard gospel

, Jesus é fixe.