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Música

Discos: Yagya

Um desejo imenso de dub techno.

Sleepygirls

Delsin

É indisfarçável a tendência que tem levado, ao longo dos últimos anos, uma generosa quantidade de produtores a arriscarem a sua sorte no terreno da dub techno. Surgidos dos mais diferentes países e labels, estes homens são atraídos até à dub techno, da mesma maneira que os miúdos até ao salame, numa festa de aniversário, onde as guloseimas são muitas, mas uma delas é realmente inevitável. O islandês

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Aðalsteinn Guðmundsson (não se atrevam a dizê-lo alto, porque podem ferir alguém) não é propriamente um novato nestas andanças e Sleepygirls corresponde ao seu quinto álbum enquanto Yagya. Se existe algo de marcante no facto deste ser o disco número cinco, a ocasião torna-se ainda mais especial, já que se trata da estreia de Yagya na Delsin, casa holandesa que raramente falha nas suas opções.

Influenciado ou não pelo efeito Delsin,

Sleepygirls

 não precisa de mais que três ou quatro faixas para, em primeiro lugar, provar que é um dos melhores discos de Yagya e, um pouco mais à frente, deixar-nos com a certeza de que estamos a levar um irresistível banho de techno cheia de delay e eco. Não sei ao certo como funcionam as coisas em vossa casa, mas um rapaz islandês que inicia o seu disco com umas guitarras à Cliff Martinez — da fase

Traffic

 — conquista-me o coração logo aí.

Sleepygirls

 aproveita bem o balanço de um excelente arranque e a partir daí vai-nos envolvendo no mesmo tipo de conforto intimista dos Everything But The Girl (mestres nessa arte por acaso). Para isso também contribui a presença irregular de algumas vozes femininas, que cantam em japonês e assim evitam que possamos entender frases como “You want the stars, but I just want the music” (refrão especialmente ingénuo de

The Inescapable Decay of My Heart

, o anterior álbum do mesmo Yagya). Tal como aquele senhor da publicidade, estou ma-ma-maravilhado.