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Tecnologia

​A maioria dos criadores de jogos acredita na realidade virtual, mas não está a trabalhar para ela

2016 será um grande ano para a realidade virtual.
Imagem: Sergey Galyonkin/Flickr

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Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Motherboard.

Tenho de arranjar um slogan para explicar o meu principal problema com a realidade virtual, porque é um tema que vai andar aí com força em 2016. Talvez algo do género, "É tudo sobre o conteúdo, estúpido!", ou se calhar apenas "Conteúdo, conteúdo, conteúdo!".

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A versão para o consumidor do Oculus Rift chega ao mercado em Março. O Vive é lançado em Abril. A Playstation VR é lançada na primeira metade do ano. Podemos comparar preços, níveis de conforto, campos de visão e resoluções do display até nos fartarmos, mas nada disto importa se não huver nada de realmente fixe para jogarmos em realidade virtual - algo que justifique a sua existência. Uma "killer app", se tiver de ser.

Quanto mais os developers de jogos trabalham em realidade virtual, melhores são as hipóteses de que aquele jogo fabuloso apareça. Um estudo recente levado a cabo pela Game Developers Conference, o maior e mais antigo evento para profissionais a nível mundial, mostra que há um interesse e uma fé crescentes na comunidade em torno da realidade virtual, mas que a quantidade de gente de facto a trabalhar nesta área é bastante baixa.

Dos dois mil profissionais da indústria de jogos norte-americana que participaram no estudo, 16 por cento disseram que estavam actualmente a trabalhar num jogo para plataformas de realidade virtual. É mais do que os 7 por cento do ano passado, o que é um salto considerável, e talvez o maior salto de qualquer plataforma. 15 por cento disseram que o próximo jogo que fizerem sairá também para realidade virtual, comparado com os apenas 6 por cento do ano passado.

Por outro lado, se estás a pensar em qual das plataformas deves investir, eis para onde os developers estão a inclinar-se:

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  • 20 por cento disseram que o seu próximo jogo vai sair no Oculus Rift
  • 9 por cento prevêem que o seu próximo jogo seja para a Playstation VR
  • 9 por cento para o HTC Vive
  • 12 por cento ainda estão a decidir

E aqui vai outro sinal encorajador: 75 por cento dos entrevistados concordam que a VR/AR é um negócio sustentável a longo prazo.

Agora vamos baixar um bocadinho o nível de optimismo. A primeira coisa a ter em atenção é que as perguntas do estudo foram feitas directamente a participantes da Game Developers Conference e não a estúdios ou a equipas num todo. Quão drasticamente mudariam estes números se, por exemplo, toda a gente que está a trabalhar agora em "EVE: Valkyrie", no próximo ano não trabalhe num jogo de realidade virtual? É pouco claro.

A realidade virtual envolve-te por completo num mundo digital, retirando-te da vida real.

Em relação aos 75 por cento de gajos que acreditam na cena do negócio sustentável, é preciso notar que abrange não só a realidade virtual, mas também a realidade aumentada. Apesar de ambas partilharem muita tecnologia, muito provavelmente terão implementações radicalmente diferentes. A realidade virtual envolve-te por completo num mundo digital, retirando-te da vida real. A realidade aumentada, por outro lado, adiciona uma camada virtual ao teu mundo real. Esta última é menos virada para o entretenimento ou para uma tentativa de substituir os jogos ou filmes tradicionais, e mais direccionada para substituir o teu smartphone. Está longe de estar pronta para o mercado de massas, mas tem uma audiência potencial muito mais ampla.

Finalmente, apesar de existir um interesse crescente, 44,27 por cento dos developers disseram que actualmente não estão envolvidos em nenhum projecto de desenvolvimento para realidade virtual, e 24,60 por cento disseram que nem sequer estão interessados no assunto. Um em quatro developers também acredita que a adopção da realidade virtual e da realidade aumentada nunca chegará aos calcanhares das consolas de jogos actuais.

A melhor forma de fazê-los mudar de ideias e conseguir que mais developers se metam ao barulho é formar um mercado de pessoas que possuam aparelhos de realidade virtual. A melhor forma de vender aparelhos de realidade virtual é desenvolver uma "killer app". A melhor forma de encontrar uma "killer app" é meter mais developers ao barulho e este é o estado de "pescadinha de rabo na boca" em que se encontra a realidade virtual.