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A manif de sábado foi uma coisa bonita de se ver

E amanhã vemo-nos em Belém.

Fotografia por Miguel C. Faltava meia hora para o arranque do desfile em Lisboa e todos pareciam a postos — mais tarde perceberão que não foi bem assim. Da Rua Engenheiro Vieira da Silva até à Praça José Fontana, havia manifestantes de todos os quadrantes políticos e eram muitos os flyers que, até à partida da manifestação, circularam, pretendendo captar malta para os seus movimentos (Auditoria Cidadã, Movimento Sem Emprego, Bloco de Esquerda). O metro estava à pinha e a rua também. O pelotão de manifestantes adensou-se de tal forma que entupiu a rua por completo e as vendedoras de gelados devem ter percebido rapidamente que o dia seria escasso: manifestante que se preze não tem por hábito lamber um gelado na sua luta contra as gorduras do capitalismo. O trajecto até à Praça de Espanha foi feito naturalmente, à excepção de um percalço. Alguns manifestantes atiraram alguns tomates e garrafas ao edifício onde o FMI opera. Coisa pouca. Chegados à Praça de Espanha, pudemos ver como a ajuda de um partido é importante na organização deste tipo de coisas. O palco era demasiado pequeno para tanta gente e poucos foram os que ouviram o que foi dito neste dia histórico em que estiveram 500 mil manifestantes nas ruas de Lisboa. Se estão atentos aos conteúdos políticos da VICE, sabem o que é o MAS. Fazendo jus a esta entrevista, o MAS esteve em força na manifestação e levou um carro de onde fazia muito barulho e de onde alguns manifestantes gritaram indignação. Por alguns momentos, aliás, pudemos sentir a battle entre o palco da organização e o carro do MAS. A manifestação deveria ter ficado por aí, mas não ficou. O MAS queria que a manif se prolongasse e não foi preciso muito para a ideia passar a facto. Deram uma volta à Praça de Espanha e ouviu-se: “Vamos para a Assembleia [da República] que é lá que eles estão!” Na verdade, não estavam porque era sábado, mas a cena simbólica compreende-se. Muitos dos manifestantes aderiram. E por que não o fariam? Do Saldanha à Praça de Espanha é um passinho e o povo queria mais. A polícia não estava era à espera do improviso e precisou de reforços para cortar as ruas. Já na AR, houve festa. Alguns ainda se estarão a perguntar quem é o senhor de cabelo branco que discursou em cima de um carro. Posso assegurar-vos de que quem saltou para cima do carro e tentou falar para os manifestantes foi o Gil Garcia, coordenador político do MAS — lembram-se? Convém não se esquecerem para eventos futuros. Na primeira linha, em frente ao cordão policial, houve alguma confusão. Alguns empurrões, petardos, garrafas a voar. Nada de novo. Às 22h30, mesmo antes de me ir embora, ainda vi pessoal a jantar (coisa que eu também deveria ter feito) sentado no passeio, com um prato no colo. Ao longe ouvia-se que “daqui ninguém arreda pé”, mas para mim já era tarde. Amanhã vemo-nos em Belém.