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Entretenimento

A partilha de ficheiros já é uma religião na Suécia

Ámen, livre partilha de dados.

Não estamos a brincar. A partilha de ficheiros foi oficialmente reconhecida como religião na Suécia. A fé mais recente do planeta chama-se Kopimismo e adora o acto sagrado de copiar e partilhar informação — os seus símbolos são CTRL+C e CTRL+V. O evangelho está a espalhar-se rapidamente: mais de quatro mil membros num ano. Parece que estão lançadas as sementes de um ressurgimento religioso na Suécia, um dos países mais laicos do mundo. Quem sabe, talvez o Kopimismo tenha mesmo pernas para andar. Liguei ao seu fundador, Isak Gerson, para uma conversa rápida. VICE: Parabéns pelo sucesso em registar oficialmente o Kopimismo como religião na Suécia! Que significado tem esta decisão para quem partilha ficheiros?
Isak Gerson: Ser aceite como religião não muda, em termos legais, grande coisa para quem partilha ficheiros — continua a ser ilegal. Para nós, a liberdade de copiar não é uma coisa meramente política. É muito mais profundo do que isso. Estás a falar sério?
Sim. Merecemos o mesmo tipo de respeito que as outras fés. Como é que a partilha de ficheiros é importante ao ponto de se justificar uma prática religiosa?
Porque copiar é a base de todo o processo mental humano. Todas as nossas ideias e inspirações nascem de diálogos que estabelecemos com outras pessoas e respectivas culturas. Li no teu site que és cristão. De que maneira é que o Kopimismo estabelece pontes com outras formas mais tradicionais de fé?
A partilha de ficheiros, em si, não tem grandes semelhanças, mas a crença na cópia e na partilha como actos sagrados sim. É isso que nos aproxima das outras religiões. É possível ser-se cristão e kopimista?
Não há qualquer contradição. Aliás, a cópia e a partilha são uma parte importante do cristianismo. Como é que convenceste a lei sueca de que a partilha de ficheiros é uma prática religiosa legítima?
Esta foi a nossa terceira tentativa, mas desta vez tínhamos apenas algumas formalidades como entrave. Entraves esses que resolvemos dialogando com as diferentes agências legais, financeiras e administrativas suecas. Ilustração por Jenny Hirons E como é que vocês rezam? Têm missas e assim?
Não temos um espaço de culto físico, encontramo-nos na internet. Acho que o mais próximo de missa que temos é quando estamos todos num espaço ou servidor a copiar e a partilhar cenas uns com os outros. Essas sessões acabam sempre com um apelo a que os presentes copiem e partilhem tudo com outras pessoas. Quem ou o quê é o vosso Deus?
Não temos Deus. E tu és o Jesus do Kopimismo?
Não, sou apenas o seu líder temporário. Qual é a vossa versão de “Ámen”?
“Copia e partilha”. É assim que terminamos todas as conversas. E o copyright é o diabo?
O copyright em si, não. Mas as pessoas que o criaram são diabólicas. Bem como aquelas que lutam para o manter vivo, claro. Que esperanças depositas no futuro?
Espero que a partilha de ficheiros continue a aumentar e que cada vez mais pessoas tenham acesso à internet. Em relação ao Kopimismo estou optimista. Já temos vários milhares de membros e isto está apenas a começar.