FYI.

This story is over 5 years old.

Noticias

As alterações climáticas estão a tornar-se a maior ameaça para a saúde humana

As alterações do clima afectam directa e indirectamente a vida das pessoas. Não só ao nível da saúde, mas também através do aumento de fluxos migratórios e consequente instabilidade social.
Fotografia: Sanjeev Gupta/EPA

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma VICE News.

Uma falha nas previsões das consequências das alterações climáticas poderá ser uma causa para o atraso no desenvolvimento de medidas de saúde pública durante os próximos aproximadamente 50 anos, de acordo com um relatório publicado pela revista britânica The Lancet. No entanto, os autores da investigação salientam que um corte na utilização do petróleo poderá, só por si, ser uma óptima medida para melhorar a saúde pública mundial no século XXI.

Publicidade

As alterações climáticas são uma ameaça directa para a saúde humana, através, por exemplo, do stress causado pelas altas temperaturas, cheias, períodos de seca e tempestades, bem como ameaças indirectas, como a instabilidade na produção de alimentos, propagação de doenças, desalojamentos, poluição do ar e doenças mentais.

"As alterações do clima têm a capacidade de reverter os avanços na saúde conseguidos em décadas recentes - e não apenas através de efeitos directos provocados pelas mudanças e consequente instabilidade do clima, mas indirectamente, isto é, o aumento de fluxos migratórios e instabilidade social", salienta no estudo, Anthony Costello, director do Instituto para a Saúde Global da University College of London e co-investigador. "A nossa análise mostra, claramente, que, se derrotarmos as mudanças climáticas, podemos realmente melhorar a saúde. E isto seria uma enorme oportunidade, que beneficiaria a saúde pública para as gerações vindouras".

Enquanto as nações mais pobres e menos desenvolvidas continuam a sofrer em grande escala com as alterações do clima, este relatório refere também que nenhum país ficará imune ao impacto do aquecimento global e que o aumento da temperatura do Planeta - que se verifica actualmente - "poderá ser incompatível com a organização das comunidades a nível global". Em 2012, a poluição do ar causou 3.7 milhões de mortes em todo o Mundo, de acordo com a World Health Organization. Quase 90 por cento destas mortes ocorreram em países com baixos índices de rendimentos.

Nos Estados Unidos, o aumento das secas no Oeste originou longos e mais activos períodos de fogos florestais, cujo fumo piora a qualidade do ar, causando graves repercussões a nível da saúde, mesmo a centenas de milhares de quilómetros de distância da deflagração, segundo dados do American Lung Association (ALA).

"Os estragos causados pelo agravamento da poluição atmosférica, prejudica substancialmente as pessoas que já sofrem com doenças pulmonares crónicas - ou cardíacas -, as crianças, bem como outros adultos que trabalham ao ar livre", clarifica o conselheiro científico sénior da ALA, Norman Edelman. "O relatório do The Lancet foca-se, essencialmente, em problemas globais; contudo, é bastante evidente que nos EUA as mudanças climáticas já afectam a qualidade do ar".

A administração Obama reforçou a ideia transmitida pelo relatório da revista britânica, com a publicação do seu próprio estudo, evidenciando os benefícios económicos e de saúde através da prevenção das alterações climáticas. Ou seja, é sempre melhor agir agora do que mais tarde. Prevê-se que, no final do século, a redução da emissão de gases poderá resultar numa diminuição de cerca de 57 mil mortes anuais causadas pela má qualidade do ar. "Quanto mais cedo agirmos, melhor será a vida nos EUA e a qualidade da saúde das futuras gerações de americanos", disse a administradora da US Environmental Protection Agency, Gina McCarthy.