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Música

Canções que salvam vidas: Rui Maia

"Fractured Music" é o primeiro disco em nome próprio de Rui Maia - ele dos X-Wife e Mirror People. Techno com alma, para pistas de dança com pouca luz. "Everything is Changing" está aí para vos salvar... numa madrugada qualquer.

Está a chover que se desunha. Está um calor infernal. É sexta-feira e estás em pulgas para a rambóia logo à noite e para fritares a molécula. Por outro lado, é sexta-feira, estás em pulgas para a rambóia logo à noite e para fritares a molécula, mas não tens guito. Não te apetece ir trabalhar. Não te apetece estudar. Vais é dar uma volta pela cidade. Espera, está a chover. Pronto, vais ver o mar, que está um calor diabólico. Alto, que isto está cheio de turistas e não dá para ir a lado nenhum. Nunca mais chega a Primavera! Primavera é que não, que é só alergias.

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Um gajo nunca está contente. Se não é do cu é das calças. O que vale é que, como toda a gente sabe, há canções que salvam vidas (os Smiths cravaram-no a letras de ouro no cancioneiro pop para toda a eternidade). Semanalmente, e para que a tua vida ganhe um novo sentido e encontres a salvação possível, deixamos por aqui um desses bocadinhos de lírica e melodia (ou ruído e grunhidos selvagens, conforme a disposição) que têm a capacidade de, em pouco mais de três minutos, te salvarem. Se não a vida, pelo menos o dia.

Decididamente isto não é música para manhãs. A não ser que estejas num after suado e fumarento e a tua cabeça nem sequer esteja no teu corpo. Percebes, não percebes? É música de madrugadas entre quatro paredes e conversas de olhares. Não consegues falar, obviamente. Mas sentes. E não há como não sentires o baixo de Everything is Changing a estremecer-te as articulações. Techno de meados dos 90, primo direito dos New Order de Substance, irmão separado à nascença da Ibiza multicolorida, frenética e decadente do início do século XXI. E, ainda assim, uma canção.

Fractured Music é o primeiro disco em nome próprio de Rui Maia - homem dos botões, sintetizadores e maquinarias afins, tanto nos X-Wife do rock dançante desbragado, como no seu projecto Mirror People, do disco elegante e hedonista (indie-disco há quem lhe chame). É feito de música techno, acid-house e carregada de uma série de outras influências e ritmos vindos de um mesmo sítio: a pista de dança de clubes lavados em suor alheio. Escuros, de quando em vez trespassados pela luz branca dos strobes. Só isto. Nada de espectáculos de luzes animalescos e fontes dançantes. Simplicidade e eficácia. A salvação a ligar de 1996, para dizer que está pronta para te resgatar do tédio em 2016.

Vídeo realizado por Vasco Mendes.